A capa que fez o público feminino do "boss" entrar em delírio.
Falar dos anos 80 e de Bruce Springsteen é falar de "Born in the USA", o disco mais conhecido e mais vendido do cantor norte-americano que todos conhecemos como "the boss". Springsteen nasceu em 1949 em New Jersey, gravou o seu primeiro trabalho discográfico de longa duração em 1973, e gozou de algum sucesso durante os anos setenta, tornando-se conhecido a nível internacional com "Born to Run", de 1975, e tendo atingido o seu auge com o duplo LP "The River", em 1980, sempre na companhia dos seus músicos de sempre, a E Street Band. Em 1982 grava um trabalho a solo, "Nebraska", mais intimista e muito sombrio, que a crítica considerou "só para fãs incondicionais", mas em Janeiro desse ano já tinha começado a trabalhar no seu "magnum opus", que só sairia mais de dois anos depois, no Verão de 1984. "Born in the USA" foi o seu sétimo álbum, vendeu 30 milhões de cópias em todo o mundo, apreciado por miúdos e graúdos, homens e mulheres, gente de todas as origens, credos e condição social. Nunca mais Bruce Springsteen repetiria um êxito desta natureza. Nem de perto, nem de longe.
"Born in the USA" foi posto à venda nos Estados Unidos a 4 de Junho de 1984, um trabalho épico de Springsteen e da E Street Band que demorou 15 meses a gravar, produzir e misturar nos estúdios da Power Station e da Hit Factory, em Nova Iorque. O resultado foram 12 temas, todos da autoria do próprio artista, sete dos quais seriam lançados na vers0←o single. O primeiro saíria um mês antes do próprio LP, em Maio, e foi "Dancing in the Dark", que daria logo a entender que ao contrário de "Nebraska", este seria uma trabalho mais acessível ao grande público. No video que promoveu o single vemos um "boss" limpinho, barbeado e em grande forma física, na pujança dos seus 35 anos, em palco com a sua banda, a cantar para uma jovem plateia. A certo ponto convida uma fã para subir ao palco e dançar com ele, e passados alguns anos essa fã viria a tornar-se ela própria uma celebridade: trata-se de Courtney Cox, que viria a ser uma das protagonistas da série "Friends", na altura com apenas 20 anos.
As vendas do disco foram apenas "cálidas" no início, mas viriam a disparar em finais de 1984 e inícios de 85, tornando-se mesmo o maior sucesso de vendas desse ano. Muito por culpa do terceiro single, aquele que dá o nome ao álbum, e que saltou direitinho para o top-10 da Billboard após o seu lançamento, em 30 de Outubro de 1984. "Born in the USA" tornou-se uma espécie de hino alternativo da América, graças à energia que Springsteen colocava no refrão, que os seus compatriotas entoavam com o peito cheio de orgulho. O que muitos nem devem ter notado, no meio de tanto furor patriótico, é que a letra é bastante crítica da sociedade norte-americana, e do ideal do "sonho americano". O seu autor não deve ter ficado saber muito bem se a mensagem passou, mas deve ter agradecido a preferência, em todo o caso.
"Born in the USA" é um disco em que todas as faixas são de grande qualidade, e fáceis de entrar no ouvido, aquilo que se chama de "radio-friendly". Apesar da temática das letras incidir sobretudo sobre o dia-a-dia da vida Americana, não é difícil encontrar algo com que os não-americanos se identifiquem, contando que saibam inglês. E mesmo os que não sabem podem contentar-se apenas com a melodia, que é "rock" do mais puro e do mais bem feito que há. Dos restantes singles destaco este "My Hometown", ou em português "A minha terra-natal". Foi o último single a sair, já em Outubro de 1985, e é também a faixa que encerra o álbum. Em grande estilo, diga-se, pois trata-se de uma sentida homenagem à nossa terra-natal, às terras de toda a gente por esse mundo fora.
O "boss" e a sua "patroa", Patti Scialfa.
No que toca aos anos 80, isto é basicamente tudo o que há para dizer sobre Bruce Springsteeen. O trabalho que se seguiu, "Tunnel of Love", em 1987, marca o regresso de Springsteen a um tom mais taciturno, uma desilusão para os que aguardavam a mesma qualidade e o mesmo entusiasmo deste épico trabalho do cantor. Mesmo depois disso a sua carreira nunca atingiu este pique, nem ficou lá perto, e mesmo a canção que lhe valeu o Oscar em 1994, "Streets of Philadeplhia", dificilmente caberia neste disco. Actualmente com 64 anos, Bruce Springsteen deve recordar com saudades estes tempos. Imagino-o a suspirar ao lado da sua mulher e parceira da E Street Band, Patti Scialfa, e desabafar: "Patti..lembras-te do Born in the USA? Aquilo é que era". E era mesmo, ó boss. Por onde tem andado essa inspiração, afinal?
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