Morreu Eusébio da Silva Ferreira, conhecido apenas por Eusébio, "O" Eusébio. Qualquer pessoa que se chame Eusébio lembra este Eusébio. O "pantera negra", o maior jogador português de todos os tempos. Sim, claro, temos o Cristiano Ronaldo, o esmagador de recordes, mas Eusébio foi o maior do seu tempo, do tempo em que não se ganhavam milhares de euros durante os minutos em que se ficava sentado na retrete, tomava-se o banho e fazia-se a barba. Eusébio é do tempo em que jogar à bola era para os duros, não para os meninos. A bola era dura como uma bala de canhão, os adversários distribuíam "fruta" como se não houvesse amanhã, e imaginem só, nos tempos áureos de Eusébio nem se podiam fazer substituições. Levaste biqueirada? Dói muito e queres ir descansar? Aguenta que ainda falta mais meia hora.
Eusébio fez quase toda a sua carreira no Benfica, clube que desprezo especialmente. Os seus números, os seus títulos, tudo o que lhe diz respeito tem ligação com o Benfica, mas só aquela imagem do Eusébio a chorar quando Portugal foi eliminado das meias-finais do mundial de Inglaterra em 66 dá para lhe perdoar tudo e mais alguma coisa. Eusébio nasceu na antiga província ultramarine de Moçambique, mas era português dos quatro costados, e 100% benfiquista. A primeira destas qualidades deixa-me orgulhoso, a segunda eu perdoo-lhe. Perdoo-lhe tudo, e até estive no Estádio da Luz, território inimigo, quando o "Pantera negra" comemorou o seu 50º aniversário, onde reuniu algumas velhas glórias do seu tempo, e se seguida o plantel do Benfica daquele tempo jogou contra o Manchester United, naquela que foi a estreia de Eric Cantona pelos "red devils".
Eusébio era um homem humilde, com um coração enorme, que era tudo para os seus amigos e não sentia rancor por aqueles que o desprezavam ou subvalorizavam. Não tinha os "tiques" de vedeta, apesar de ser considerado um dos 10 melhores futebolistas de todos os tempos. Não vendia a sua imagem, e não fosse o seu papel como embaixador do Benfica, e teria passado dificuldades na sua vida. Mas e depois? Se o Benfica, um clube que reclama aquela dimensão toda precisa de um embaixador, esse terá que ser com toda a certeza Eusébio.
Eusébio passou por Macau duas vezes, a última delas em 1995, onde mais uma vez demonstrou toda a sua simplicidade de um homem de que era muito fácil gostar. O seu rosto carregado, a sua expressão simples, de alguém que abraçaria fosse quem fosse que dele se aproximasse e dissesse: "você é o maior, Eusébio" - e não era mentira, ele era mesmo o maior. Hoje ele deixou-nos, partiu para o lado de lá, e deixa-nos a sorrir, cheios de saudade, e não nos resta mais senão recordá-lo, ao legado que deixou, da pantera que na verde selva dos relvados furava as balizas do adversário com o seu pé canhão, e desmontava as defesas com a sua brilhante técnica. E ele nem fazia isso por mal. Nasceu e morreu com ele.
1 comentário:
Lindo como comparas o Eusébio ao Ronaldo e usas o dinheiro para justificar a superioridade do primeiro, mesma que seja um jogador tao pouco complexo quando comparado com o CR. Mas claro, temos de fazer o Eusébio parecer um DEUS já que ele joi pelo GRANDE benfica.
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