Madonna hoje, com 55 anos, uma carreira a uma vida que davam uma telenovela.
Madonna Louise Ciccione nasceu em Bay City, no Michigan, corria o ano de 1958. Muita gente que pensa que "Madonna" é apenas o nome artístico daquela que é considerada um dos maiores nomes da música pop do século XX e agora deste século, fique a saber então que o seu nome é mesmo Madonna, tal como o da sua mãe, uma canadiana do Quebec. O seu pai Silvio Anthony Ciccione, era italo-americano, um católico devoto, e como tal a pequena Madonna recebeu uma educação de forte pendor religioso. O seu carácter rebelde, de "bad girl" inconformada sempre com vontade de chamar a si o protagonismo que conhecemos hoje tem origem na sua infância e juventude problemáticas. A sua mãe partiu quando Madonna tinha 5 anos, vítima de cancro da mama, e três anos depois o pai casava com a criada da família. A jovem Madonna passou a maior parte desse período e até à adolescência com a avó materna, em quem procurava a figura da mãe que tão cedo a deixara. Do pai passou a guardar um ressentimento que se manteve até à idade adulta.
Madonna aos 11 anos.
Na escola era uma excelente aluna, ao ponto de conseguir uma bolsa para estudar dança na Universidade do Michigan. Não chegou a concluír o curso, pois em 1978 partiu para Nova Iorque, onde trabalhou primeiro como empregada de mesa no Dunkin' Donuts, ao mesmo tempo que fazia biscates numa troupe de dança moderna. Uma noite ao voltar a casa Madonna foi arrastada para um beco por dois homens, que lhe encostaram uma faca ao pescoço e a obrigaram a fazer sexo oral. A cantora considera esse o ponto de viragem da formação da sua personalidade, em que ficaram expostas as suas fraquezas, e passoua a encarar a vida de forma mais agressiva e determinada. Fez parte da "world tour" do cantor "disco" francês Patrick Hernandez como dançarina, em 1979, e aí envolveu-se com o músico Dan Gilroy, com quem viria a formar os Breakfast Club, onde assumia as funções de vocalista, e ainda tocava guitarra e bateria. Depois disso passou pela banda Emmy, até que chamou a atenção do proprietário da Sire Records, que assinou com ela um contrato.
O primeiro single saíu em Outubro de 1982, intitulado "Everybody", que viria a ser um êxito de discoteca, seguido de "Burning Up", em Março do ano seguinte. Os dois singles seriam incluídos no seu álbum de estreia, que levou o nome de "Madonna", que sairia em Julho de 1983. O disco produziu mais três singles, dois deles em Setembro: "Holiday", que marcou a estreia da cantora no top-100 da Billboard, e "Lucky Star", que seria top-5. Quando saiu em Abril de 1984 o quinto single, "Borderline", Madonna era já uma estrela, com uma legião de fãs respeitável; os rapazes ficavam encantados com a sua energia o originalidade, as raparigas imitavam o seu "look", com as famosas luvas de renda sem dedos e os brincos de cruz.
A Madonna-mania tomou conta da América nesse ano de 1984, vai para 30 anos, e para consolidar o seu estatuto de vedeta, Madonna lançou o seu segundo álbum "Like a Virgin", cujo single homónimo é ainda hoje o tema mais emblemático da artista. "Like a Virgin", o single, arrasou os tops de vendas em todo o mundo, e só nos Estados Unidos vendeu quase dois milhões de cópias. De "Like a Virgin", o álbum, sairam ainda os singles "Material Girl", "Angel", "Dress you Up" e "Into the Groove". Era impossível ficar indiferente a Madonna, e pelo ano de 1985 a família real da "pop" estava composta: Michael Jackson era o rei, e Madonna a rainha - não que coabitassem, necessariamte, e que se saiba, isso nunca aconteceu.
Madonna em Macau com Sean Penn, na filmagem de "Shanghai Surprise".
Além da música, Madonna tinha uma carreira paralela como actriz. Foi aclamada pela crítica em "Desperadamente Procurando Susana" em 1985, pela mesma altura que casou com o actor Sean Penn. Com o marido fez "Shanghai Surprise", parcialmente rodado em Macau, onde ficou célebre o incidente entre Sean Penn e o jornalista Leonel Borralho, com o actor, na altura embriagado, a deixar o então correspondente do "Hong Kong Standard" pendurado pelas pernas da janela do Hotel Internacional. Penn viria a ser acusado de tentative de homicídio pela polícia de Macau, e viria a escapar da justiça viajando para Hong Kong "debaixo dos panos". Um incidente que viria a ser relatado na biografia autorizada do actor: ""Sean Penn: His Life and Times", publicada em 2004.
"Shanghai Surprise" seria arrasado pela crítica, e Madonna voltou a fazer aquilo que melhor sabe: cantar. Em 1986 lança o álbum "True Blue", numa altura em que levou muito a sério uma comparação que lhe foi feita a Marilyn Monroe. O disco foi um sucesso, e produziu mais um naipe de singles que andaram pelos "tops", como o tema homónimo do álbum, "Papa don't Preach", "Open Your Heart", "La Isla Bonita", e este "Live to Tell", que foi banda sonora do filme "At Close Range", que contava com Sean Penn num dos papéis principais. Em 1987 Madonna voltou ao grande ecrã com a comédia "Who's that Girl", de que foi também autora do principal tema musical. Mais uma vez a crítica não ficou convencida.
Em 1988 Madonna tinha abandonado a imagem de menina-bonita da "pop" e adoptado uma pose mais provocatória, e em "Open Your Heart" celebrizou os famosos "soutien" em cone, e avançava a passos largos para uma postura de "sex-symbol", na vertente de "dirty girl". O casamento com Sean Penn terminaria em 1989, debaixo de acusações de que o actor a agredia, e nesse mesmo ano Madonna choca com "Like a Prayer", o seu novo LP que foi promovido com o single do mesmo nome. O single "Like a Prayer", onde Madonna exibe a sua vocação para o divino, resultado da sua educação crista, foi acompanhado de um video-clip polémico, onde a cantora mistura a temática da religião e do racismo. No video Madonna recorre à imagem de S. Martin de Porres, o primeiro santo negro da Igreja Católica, filho de um latifundiário espanhol e uma escrava negra do Perú, e patrono dos mestiços. O uso da simbologia e de alguns dogmas religiosos, como a estigmata, provocaram a ira dos mais conservadores, e o tema foi mesmo condenado pelo Vaticano como blasfémia. Vários grupos religiosos queimaram discos e outro material promocional da cantora, e boicotaram a marca de cola Pepsi, que usou "Like a Prayer" numa campanha publicitária. Claro que tudo isto levou Madonna aos mais altos píncaros da popularidade.
Madonna entrou nos anos 90 com o estatuto de diva da pop, de uma das maiores referências da música ligeira, conhecida no mundo inteiro e arredores. Soube sempre inovar, renovar o seu reportório, acompanhar as tendências e até aproveitar os deslizes. Exemplo disso foi aquando da divulgação de fotografias nuas e em poses eróticas com vários homens que fez quando era mais jovem, que usou em seu proveito, publicando o livro "Sex", seguido do álbum "Erotica", em 1992, e participando em filmes de pornografia "softcore" até alguns anos depois. De seguida recuperou a sua imaculada imagem encarnando Eva Perón no musical "Evita", que lhe valeu a simpatia da crítica cinematográfica, há muito de costas voltadas com a versátil artista. Teve uma filha, Lourdes, com um dos seus guarda-costas, casou mais tarde com o realizador britânico Guy Ritchie, e continua a fazer, dizer e ser quem quer, sem papas na língua e immune às críticas. Inspiração para muitos jovens artistas, obtém a aprovação de três gerações diferentes de fãs. Com 300 milhões de discos vendidos, o que lhe valeram o reocnhecimento do Guiness Book como "artista solo feminina que mais discos vendeu", Madonna é a maior sobrevivente dos anos 80, e leva já quatro décadas diferentes somando sucesso atrás de sucesso. Quer se goste ou não dela, muito, pouco ou mais ou menos, há que se lhe tirar o chapéu.
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