Porquê, RTP?

Uma imagem para a História?

Ainda falando de concursos e música, fiquei a saber recentemente que Portugal não vai participar este ano no Festival da Eurovisão, que se realiza em Maio na Suécia. Uma decisão sensata, pensarão alguns, e eu próprio não considero que o Festival perde qualidade por aí além sem a participação portuguesa. A razão que sustenta esta decisão é que me deixa perplexo: “motivos económicos”. Além de Portugal, também a Bósnia e a Turquia anunciaram que não vão participar este ano, e pela mesma razão. Curiosamente a Grécia, que também anda “à rasca” de finanças, não considera isso impeditivo, e vai levar a sua representante a Malmö. Valham-nos os gregos, que não misturam as coisas.

Até preferia que a razão oficial fosse mesmo a mais óbvia: não vamos ganhar de qualquer forma, portanto mais vale a pena desistir e não mais fazer figuras tristes. Só que a RTP considera que uma forma sensata de economizar uns cobres é não participar desta competição europeia, pela primeira vez em quase 50 anos. Parece que sai muito caro comprar meia dúzia de bilhetes de avião e pagar três dias num hotel na Suécia. Não sei o que pensam os antigos vencedores do Festival RTP desta decisão, os Tordos, as Simones, os Paulos de Carvalhos e todos esses que fizeram história, mas já devem estar habituados a viver num país de gente triste e encolhem os ombros perante mais esta decisão infeliz.

O problema é que a partir daqui tudo o que a RTP fizer pode ser analisado desta forma: vale mais a pena do que mandar o nosso representante à Eurovisão? Pode ser que muita gente considere o Festival uma coisa “foleira” ou “démodé”, mas não fica atrás de muita porcaria que não justifica o seu orçamento.

Não faz sentido que um canal público de televisão, que é suposto estar a fazer serviço público, prescinda do Festival da Eurovisão por falta de verba mas pague salários astronómicos à Catarina Furtado e ao José Rodrigues dos Santos (na ordem dos 20 mil euros por mês, dizem). Porque é que não começam por aí a fazer os necessários cortes, nos salários milionários de alguns dos seus funcionários? Ah mas não pode ser, senão aí eles iam a correr para a concorrência, que a vida está cara e ninguém faz isto por amor à camisola. RTP, quem te viu e quem “TV”!