O caso da jovem violada em Nova Deli no último dia 16 de Dezembro continua a dar água pela barba, neste caso pela barba de um certo guru. Este senhor na imagem é Baba Asharam, um líder espiritual hindu que causou controvérsia ao declarar que a culpa do incidente "não é apenas dos violadores, mas também da jovem vítima". Este homem de 71 anos a quem chamam "Baba" ou "Bapu", que significa "pai", diz que a tragédia poderia ter sido evitada "se a jovem se tivesse jogado aos pés dos violadores e citado o nome de Deus". De qual Deus não sabemos, mas o místico que tem um aspecto de quem ñão vê água há algum tempo diz que as responsabilidades devem ser repartidas.
Os comentários mereceram a censura de vários quadrante da sociedade indiana - haja ainda algum bom senso - e as declarações desta criatura peluda e insalúbre retiraram-no do anonimato. Quem sabe se era isto mesmo que ele queria? Os seus delírios não teriam muito importância não fosse o facto deste guru ter uma respeitável legião de seguidores, e sabendo o que a casa gasta, muitos concordarão com as inanidade que proferiu. São as tais especificidades da religião hindu que referi no outro dia.
O caso que chocou a Índia e o mundo conhece novos desenvolvimentos todos os dias. Sabe-se agora que os seis violadores teriam insultado a vítima e o seu namorado durante grande parte da viagem de autocarro onde tudo aconteceu. Comentários do tipo "o que andas a fazer na rua a esta hora" ou "andas mesmo a pedi-las" fizeram parte dos impropérios que levaram à consumação do crime. É de estranhar a passividade do motorista do autocarro perante esta situação, o que nos leva a concluír que considerou a situação "normal". Se calhar concorda com o "Baba" e acha que a miúda não foi "suficientemente humilde".
O que não falta por aí são este tipo de homens de cavernas que atribuem a culpa ou parte dela às mulheres que são vítimas de violação. Ora porque usavam roupas provocantes, tiveram atitudes "pouco dignas", ou simplesmente porque estavam sozinhas num local perigoso - o que nem era o caso. São uns machões dos quatro costados, que justificam a selvajaria com o facto da vítima ter deixado a sua honra "à mão de semear". Gente doente, esta que se consegue excitar com um acto de violência, ou que procura justificar o injustificável.
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