quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Manuel João, o pintor


Foi com alguma surpresa que dei pelo grande Manuel João Vieira a apresentar um programa de cultura na RTPi. “Clássicos” fala de artistas plásticos portugueses, e passa entre as 10 e 11 horas da manhã (hora de Macau). Não sei qual é a frequência do programa, que julgo ter sido gravado há pelo menos dois meses, mas vi dois no último fim-de-semana, dedicados a José Malhoa (o pintor, não o pai da Ana Malhoa) e Amadeu de Sousa Cardoso.

Muita gente não sabe, mas além de ser “frontman” dos Ena Pá 2000, Irmãos Catita e Corações de Atum, a sua faceta mais conhecida, MJV é também artista plástico (filho do pintor João Rodrigues Vieira), foi um dos reprecurssores do movimento homeostético em Portugal, no início dos anos 80, e é professor na Escola de Belas Artes e Design das Caldas da Rainha. Como apresentador (também é actor, ocasionalmente) MJV não é grande coisa, mas é sempre agradável vê-lo e ouvi-lo.

Por muito que leve a sério esta empreitada, é quase impossível não rir, ou pelo menos sorrir, na sua presença. Isso é bem patente na expressão de desconforto das pessoas que entrevista no programa, normalmente conservadores de museus de arte, que parecem estar à espera que o músico “borre a pintura” e diga pelo menos um disparate.

É uma pessoa habituada a deixar-nos bem dispostos, e quando está ali de fato e óculos a apresentar um programa de arte com o ar mais sério do mundo, quase desejamos que perca a compostura e cometa uma das suas extravagâncias. Mas apesar do ar “teso” de peixe fora de água, Manuel João cumpre a tarefa de levar este “Clássicos” a bom porto, e no final improvisa um tema musical dedicado ao artista de que se falou. E é um desses momentos que partilho aqui, o “Fado Malhoa”.

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