Conhecem-se agora novos desenvolvimentos no caso da menina brasileira de 9 anos foi violada pelo padrasto e engravidou de gémeos. A menina abortou por motivos de risco para a sua vida, e o arcebispo do Recife esteve no centro de uma polémica ao excomungar a menina e os médicos que fizeram o aborto. A jornalista do Expresso, Rosa Pedroso Lima, entrevistou Fátima Maia, responsável pela clínica onde a menina fez o aborto, e é uma das nove excomungadas pelo bispo José Sobrinho.
Para Fátima Maia, a menina, que tem 1,36 metros, pesa 30 kg e estava grávida de 15 semanas, "estava muito abalada, bastante assustada". A menina, que vive numa região muito pobre do interior do Pernambuco, sem condições sanitárias. A médica diz que apenas cumpriu a lei, e que a clínica que dirige é referenciada para interrupções da gravidez que resultem de uma violação ou representem perigo para a vida da mãe. Fátima Maia diz ainda que o arcebispo tentou intervir, ligando para o reitor da Universidade de Pernambuco (onde a clínica se encontra inserida), mas o procedimento tinha sido iniciado e era irreversível. É católica, ficou triste com a reacção do clérico, mas não se sente arrependida, e diz que não sentiu ainda nenhuma consequência da excomunhão.
O Arcebispo José Sobrinho defende-se das críticas. Para aquele representante da Igreja Católica, é tudo culpa de um grupo de feministas. "Esta menina que engravidou depois de violação apenas com nove anos vivia numa outra diocese, de Pesqueira, no interior do estado de Pernambuco. Foi acompanhada sobretudo pelo pároco da sua pequena localidade, chamada Alagoinhas. Por estar grávida, foi transportada aqui para a capital, Recife, e internada no hospital. Aí a direcção do hospital estava a fazer tudo para salvar a vida da mãe e dos dois bebes. E esse hospital declarou que não iria praticar o aborto. Então, quando estávamos a acompanhar o caso, fomos informados que um grupo de mulheres chamadas feministas chegaram de surpresa a esse hospital e convenceram a mãe da menina a tranferi-la para outro hospital onde seria feito aborto".
José Sobrinho diz que não excomungou ninguém, mas sim a Igreja: "Simplesmente mencionei o que está escrito no código de direito canónico. O artigo 1398 diz o seguinte: quem comete o aborto incorre automaticamente na excomunhão. Não fui eu que excomunguei. Foi a lei da Igreja". Diz ainda que a menina não foi excomungada, pois as leis canónicas "só se aplicam a adultos". Diz que recebeu "muitas mensagens de apoio" (é verdade, pode conferir um carta ridícula
aqui), e que a igreja não condena ninguém para a eternidade. "Quero é despertar consciências, esperando que se arrependam. Não existe pecado sem perdão para aqueles que se arrependem. No mundo há 50 milhões de abortos, no Brasil um milhão. Não podemos ficar no silêncio. O mundo inteiro continua a condenar o holocausto que matou seis milhões de judeus, Eu digo: existe um holocausto silencioso que é o aborto e a Igreja não pode ficar silêncio", acrescentou.
Entretanto sabe-se também que o violador, um homem de 23 anos, terá tentado suicidar-se na prisão, cortando os pulsos. Considerando que dentro das prisões brasileiras há uma espécie de código de honra, entre os presos, que não perdoa o crime de violação, sobretudo quando praticado contra crianças, ficará sempre a dúvida se o padrasto da menina tentou mesmo suicidar-se ou se foi atacado por outro presidiário, o seu colega de cela. Resta saber, também, se vai continuar vivo até ao julgamento. A sua segurança vai ser reforçada, para que consiga responder ao porquê deste crime hediondo.
10 comentários:
"O artigo 1398 diz o seguinte: quem comete o aborto incorre automaticamente na excomunhão" (sic).
Pois é, são as leis da Igreja. Eu posso criticá-las (e critico!) porque também critico as leis civis que são ridículas. Espero é que aqueles que justificam qualquer ridícula pena (como a do jornalista iraquiano dos sapatos) com a "sagrada" lei civil se abstenham de vir para aqui criticar as leis da Igreja, que ainda por cima se diz terem sido ditadas pelo próprio Deus. Defendam agora a lei da Igreja, porque está escrita, tal como defendem leis civis escritas e aprovadas por idiotas que tais. Já que não conseguem ser mais nada, sejam ao menos coerentes uma vez na vida.
P.S.: Como grande parte dos que aqui comentam não primam pela inteligência e muito menos pelo livre arbítrio (i.e. liberdade de decisão própria), achei por bem deixar claro neste post scriptum que não só discordo das leis da Igreja, como me estou mesmo a borrifar para elas. Com essas posso eu bem.
Falou e disse, o ciber-anarca super-inteligente.
Aconselho-o a imigrar para as montanhas dos Himalais, para o interior profundo da Australia ou para a Amazónia e tornar-se um eremita.
Aí você vive por si, sem ser em sociedade e portanto pode reger-se pelas suas proprias "leis", sem precisar dessa coisa abjecta e ridícula chamada lei civil.
E que seja muito feliz.
Porque doutra maneira voce não tem outro remedio senão gramar a lei civil.
E já sabe que se prevaricar e for apanhado, leva no toutiço.
E mai' nada:)
Ó Anónimo das 18.41: Esqueceu-se de criticar a excomunhão. Porquê? Não quis ser apanhado na contradição?
A excumunhão não me aquece nem me arrefece.
Isso é um problema meramente espiritual dos católicos, e eu não sou católico.
As pessoas, católicas ou não, estão submetidas á lei civil, e não á lei canónica.
Estou a ver que você o que precisa é de umas noções básicas de Direito.
Você confunde tudo.
Você precisa é de perceber que o mundo é muito mais do que um livrinho de leis civis. O Direito não é a única disciplina que existe, apesar de ainda não ter reparado. Os católicos, como cidadãos, estão sujeitos à lei civil. Como católicos, também estão sujeitos à canónica. Tal como na civil, podem ser punidos se forem contra a lei canónica. A excomunhão é uma dessas punições, e se há tanta gente a insurgir-se contra a decisão da Igreja neste caso, é porque há quem lhe dê importância. Tudo é questionável, até as suas "sagradas" e "perfeitas" leis civis. Leia outras coisas, e não só livrinhos de regras, para ver se consegue ser um bocadinho mais crítico e menos quadrado.
as leis civis não são perfeitas nem sagradas.
por isso é que mudam.
o seu problema é só um: voce não gosta do bush, e portanto não gosta que o labrego atirador de sapatos tenha sido condenado.
a diferença e que eu tambem não gosto do bush, mas acho que quem ataca um chefe de estado tem de ser punido.
e não é porque a vida dum chefe de estado é mais importante do que a de outra pessoa.
as pessoas que ocupam certos cargos gozam de protecçao internacional, e aí a lei é igual em praticamante qualquer lugar do mundo.
quanto ao problema da excumunhao eu repito: nao me diz respeito e quem tem alguma coisa contra que proteste junto da igreja.
Eu sou aquele que na tropa, no dia do juramento de bandeira, era o único que não ia com o passo trocado. Lá por as leis serem feitas por politiqueiros de passo trocado, não quer dizer que eu tenha de (des)acertar o meu pelo deles.
Pois é.
Quando as leis não lhe agradam ou não servem os seus interesses particulares, os politicos e os legisladores andam de passo trocado.
Mesmo tratando-se de leis de aplicação quase universal.
Você é o supra-sumo da inteligência e os outros são todos uma cambada de burros.
A pessoas como você não há nada a fazer nem a argumentar.
"Você é o supra-sumo da inteligência e os outros são todos uma cambada de burros." (sic)
Até que enfim que concordamos em alguma coisa.
Diga isso mil vezes por dia a frente do espelho que um dia isso talvez se torne realidade.
Não perca a esperança.
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