Comprei finalmente "Macau - O Livro dos Nomes", o último trabalho do jornalista Carlos Morais José, lançado pela COD no final do ano passado. Tentei comprar o livro antes do Natal, para oferecer de presente, mas parece que o Carlos procrastinou a entrega e pronto, só ontem tive tempo de adquiri-lo. Li o livro em dez minutos, como que o devorando primeiro, e agora vou saboreando aleatoriamente cada capítulo, como que a tentar descobrir o que quer o autor dizer com os seus delírios orientais, aos quais se pode juntar uma banda sonora de Rao Kyao, e temos uma experiência inesquecível.
Escrito em prosa poética, "Macau - O Livro dos Nomes" conta uma pequena história (de amor, sobretudo) dedicada a cada um dos lugares de Macau que o autor achou mais interessantes. O livro não tem imagens, é bastante portátil (pouco maior que um CD) e custa a simpática quantia de cem patacas. É quanto custa um
brandy aí em algum clube nocturno.
Outra vantagem do livro é ser, tchan-tchan, bilingue! Nas páginas da esquerda temos o texto original de CMJ, e na direita a competente tradução (isto a minha sinóloga de serviço ainda está a analisar) de Yao Feng e Sun Yi. A ambição não é muita, pois o livro tem a tiragem de 500 exemplares, o que me parece manifestamente pouco. Se toda a gente gostar, como eu, ia esgotar em duas horas.
O meu capítulo favorito é "Avenida Ouvidor Arriaga", de que uma passagem transcrevo, com a devida vénia, uma passagem fascinante: "As palavras faziam sentido, talvez por seres tu e não outro, talvez por ser eu e não outra". Claro que isto não fica bem fora de contexto, mas garanto que são palavras que vos vão deixar a meditar. O mais fantástico é como consegue o autor imaginar tudo aquilo na Avenida do Ouvidor Arriaga, uma via pública do território que não tem nada de atraente, mas isto é o "Macau - O Livro dos Nomes", e o que vale é o nome.
Outro capítulo fascinante é o "Jardim das Artes", que depois de uma intensa comatose que envolve ruínas, cemitérios e mortos, termina com um "Vai, vai ao Jardim das Artes...", como quem avisa de um perigo de morte e ao mesmo tempo convida ao suicídio. É deveras interessante como o autor consegue dar uma nota de interesse a locais cinzentões e deprimentes como o NAPE, a Rua do Campo ou o Centro Comercial Novo Yaohan. Outros momentos felizes do livro são "Sé", "Talho" ou "Fortaleza do Monte", num livro que vale a pena ler e reler, guardar, oferecer, ter por aí em consultórios de dentistas para ler, porque vale mesmo a pena.
Carlos Morais José está de parabéns por ter conseguido idealizar e concretizar uma ideia destas. Outras obras originais de CMJ, como "Porto Interior", "Coluna da Saudade" ou "Caze - um caso de ópio", são canapés comparados com este "Macau - O Livro dos Nomes", sem dúvida o seu
magnum opus. No final ainda ficamos a saber que o livro (não me canso de dizer, muito jeitoso) foi imprimido na Tipografia Sim Ma, na provícia de Guangdong, na China.
10 comentários:
Ainda não vi o livro à venda mas faz tempo que não passo na Livraria Portuguesa. O CMJ é uma donzela da palavra mas há alturas em que podia perder mais tempo com o pasquim dele que ultimamente anda uma valente merda. A sorte é que a concorrência não anda melhor.
AA
Eu acho que o Leonardo está gozar com o livro e não a elogiá-lo. Isto faz do AA burro.
Estou a elogiar o livro, sim. E agora quem é burro?
Cumprimentos.
Ó Leocardo, eu vi esse livro na Livraria Portuguesa bem antes do Natal. Você é que procrastinou a compra do dito.
"Bem antes do Natal". O livro saíu uma semana antes do Natal, e fui à Livraria Portuguesa nos cinco dias seguintes, e não havia. Entretanto meteu-se o balanço, a livraria fechou, e por isso a compra do livro foi procrastinada para ontem.
Cumprimentos.
Então você é burro, Leocardo, pois os exemplos que tira são de uma imbecilidade total. Se fosse uma crítica feita desta maneira, com uma fina ironia, seria uma opção inteligente, mas você não chega lá. De certeza que o Carlos Morais José, que é um homem muito inteligente, dar-me-á razão.
Gostei muito do livro, alias, nao esperava menos, como admirador confesso da sua obra. Tenho pena, porém, que produza tão pouco. CMJ perde-se nas "historias" desta cidade, embriagado pelas luzes e fogo de artificio que o rodeia. Seria bom que não seguisse tanto a faceta não produtiva do Garret. Tem tudo para ser um autor de relevo na literatura portuguesa, não só em Macau, mas no mundo das letras. Mas é preciso mais !
mas este gajo ao menos mora em Macau?
O livro do CMJ é como o papel higiénico, thoroughly absorving
o pasquim dele anda uma bela merda o tanas, dr. AA. Monte de merda é o pasquim JTM e PF. este último entao dava pra limpar bem o rabinho
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