segunda-feira, 7 de abril de 2014

Prego ao contrário


Ainda a meio-gás, tentando "acertar agulhas", deixo-vos hoje com o artigo da última quinta-feira do jornal Hoje Macau. Já agora prometo que o desta semana é genial - modéstia à parte - uma espécie de "regresso à forma". Tenham uma boa semana de trabalho!

I

Festival Rota das Letras, um autêntico oásis neste deserto cultural que é Macau. É ainda uma boa oportunidade para debater a situação do uso da língua portuguesa na RAEM, onde é uma das línguas oficiais, como é por demais sabido. O que se tem visto neste sentido é muita parra e pouca uva; exigimos que se cumpra o que foi estabelecido pela Lei Básica, mas mais por capricho do que por outra coisa. Durante os meus primeiros anos em Macau estranhei o facto de no Cineteatro de Macau, na altura o único cinema digno desse nome no território, não ter legendagem em português, ainda para mais num período em que ainda estávamos sob administração portuguesa. Porquê? Porque o número de utentes em português “não o justificava”. O mesmo acontece actualmente com as Páginas Amarelas, mais conhecidas por “Yellow Pages” (e simpaticamente traduzidas para “amarelas páginas”), que não têm uma versão em português, com o atendimento no tal banco onde supostamente se devia falar português, na polícia, nos serviços públicos, em toda a parte, “desenrascamo-nos” em inglês para “facilitar” as coisas. Do que serve exigir que exista, se não lhe damos uso? É como um elefante branco, que se olha e para nada serve, ou como um prego ao contrário – em vez de segurar as tábuas, arriscamo-nos a pisar nele, e magoar um pé.

II

A reportagem da CCTV chinesa sobre as excursões a custo zero em Macau foi (talvez) a machadada final nesse verdadeiro “negócio da China à antiga”, ou seja, quando ainda não era convidativo fazer negócios na China. É interessante como ainda há quem acredite em almoços grátis, e acabe por sair a dizer cobras e lagartos de Macau, transmitindo depois para o continente uma má imagem do território. Já não nos restam assim tantos motivos de interesse em Macau, o que mais nos faltava era publicidade negativa. A Direcção dos Serviços de Turismo diz “estar atenta” aos casos de excursões onde se vende gato por lebre, mas também dava jeito se passassem à acção.

III

Como os leitores do Bairro do Oriente, o blogue, se devem ter apercebido, tem-me sobrado muito tempo para actualizações, ou para os artigos de excelsa qualidade, sempre atentos à realidade local, regional e internacional (modéstia à parte) pelo qual se tem pautado. Isto deve-se a uma série de eventos cuja rápida sucessão me têm deixado sem tempo para prestar a devida atenção aos prezados e fiéis leitores. Eventos esses que são do tipo transcendental, daqueles que mudam para sempre uma vida. A seu tempo ficarão ao corrente do que se passa, e gostaria já agora de anunciar que estou a trabalhar num projecto paralelo, que com a benção de quem de direito tiver a ousadia de o publicar, verá em breve a luz do dia. Obrigado, desculpem, e até breve. Fiquem atentos!

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