Justiças

1) Algo de horrível aconteceu naquela noite de 30 de Setembro de 2007 ao jovem Luís Amorim, um estudante da Escola Portuguesa de Macau. Se ainda restavam dúvidas, a nova autópsia realizada pelo Instituto de Medicina Legal de Portugal descarta a tese de suicídio. Uma teoria ridícula, feita em cima do joelho pelas "autoridades" do território, insultuosa para a memória do jovem e pior do que isso, que dói à família do pobre Luís. A ideia de que um jovem na força da juventude, com um futuro brilhante pela frente se tivesse atirado da ponte Nobre de Carvalho sem que ninguém tivesse dado por nada, sem nota, indícios ou testemunhas, é simplesmente impossível. Não tem cabimento nenhum. As provas foram todas lavadas, apagadas, ocultadas, antes que se pudesse dar início a uma investigação digna desse nome. Foi tudo tratado, despachado e arquivado como se se tratasse de um mero roubo de uma bicicleta. Tratou-se de encobrimento? De quem oo do quê? Não se pode deixar de especular. O que aconteceu naquela noite? Um acidente? Homicídio? Quem é o responsável? O que fez o Luís para merecer tal sorte? O que viu? O que se passou afinal? Dúvidas que urgem esclarecer. O MP de Macau assobia para o lado. como se tivesse algo a perder em que saiba a verdade. Something very fishy going on in here, passo o estrangeirismo. A verdade não vai trazer o Luís de volta, mas a sua família merece que se faça justiça, que essa verdade seja descoberta. O sentimento de impunidade suja, e deixa uma mancha indelével na nossa justiça.

2) O deputado Pereira Coutinho insurgiu-se contra a política de contratação de trabalhadores não-residentes levada a cabo pelo Governo no que diz respeito aos guardas prisionais no Estabelecimento Prisional de Macau, em Coloane. O deputado aponta ainda o dedo às desigualdades em termos de regalias entre os guardas locais e os recrutados ao exterior, com benefício destes últimos. Ora aqui convém não brincar com coisas sérias. Na minha opinião, o EPM devia contar apenas com guardas estrangeiros, sejam eles nepaleses, vietnamitas ou de outra nacionalidade qualquer. Uma prisão, ainda mais a de Macau, não é local indicado para que se contem espingardas nesta guerrilha entre residentes e não residentes. Existem pressões diversas, desde subornos, ameaças às famílias do guardas, chantagem, mil e uma incidências próprias de uma prisão onde estão reclusos perigosos, membros de seitas, criminosos a sério, com contactos no exterior. Com guardas nepaleses (bastante competentes, por sinal) e vietnamitas, não há ali tai-lous ou lou-sais, e a barreira da lingua funciona como factor de segurança. São todos tratados da mesma forma. É assim que deve ser.