Benigno Aquino III, vulgo "Noynoy", é o novo presidente da República das Filipinas, um país que tem uma proximidade geográfica, histórica, e porque não, sentimental com Macau. São milhares os filipinos residentes no território, e a diáspora filipina em todo o mundo cifra-se na casa dos milhões. Noynoy, de 50 anos (não 70, como foi erradamente referido na Rádio Macau) é filho da ex-presidente Corazon Aquino e de Ninoy Aquino, opositor do regime de Ferdinando Marcos (não Fidel Marcos, como também...bem, esqueçam), e irmão da estrela de televisão Kris Aquino, uma celebridade. Ex-senador, é um homem com um pedigree invejável.
A cada seis anos renova-se a esperança para os 90 milhões de filipinos que habitam no arquipélago: aconteceu com Corazon Aquino, mãe do presidente recém-eleito, em 1986, com Fidel Ramos em 92, com Jose Estrada em 98 e depois com Gloria Arroyo. A esperança que se combata um mal que mina o país até ao caroço, a corrupção. É curiosa a forma familiar como os filipinos tratam os seus presidentes; Corazon Aquino era "Kory", Estrada era "Erap" (pare, ou "amigo", de trás para a frente) e Arroyo era simplesmente Gloria, e Benigno é "Noynoy". Talvez devido ao facto da esperança depositada nos governantes da nação ser a mesma que depositam no dono da mercearia da esquina: pouca ou nenhuma.
Nos anos anteriores ao regime déspota de Marcos, os filipinos viviam com alguma prosperidade. Basta lembrar que nos anos 50 o peso, a moeda do país, estava cotada nas duas unidades por dólar. Hoje está no ratio de 1/45. Os quadros mais qualificados abandonam o país à mínima oportunidade, o desemprego, a pobreza e a fome são endémicas, o crime galopante. Para que se tenha uma ideia, uma professora nas Filipinas ganha menos que uma empregada doméstica em Macau ou Hong Kong.
Estive em Manila em 1998 durante a eleição de Estrada, e foi o único momento em que temi realmente pela minha segurança. Perdi a conta aos agentes da autoridade (e não só) que precisei de corromper... involuntariamente. Ou pagava, ou ficava ali. É preciso não esquecer o enorme potencial daquele país, rico em recursos naturais e com uma vontade enorme de sair do buraco onde se encontra. Os próximos seis anos serão determinantes para saber se as Filipinas serão um país com futuro neste século, ou se continuarão em saldos.
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