quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Mariza volta a Macau


Ficámos a saber que a cantora Mariza vai regressar a Macau, desta vez para o 10º aniversário do Centro Cultural. Confesso que não sou um grande adepto de fado, e muito menos de Mariza. A cantora moçambicana é a maior representante do cançonetismo nacional no estrangeiro, e considerada a sucessora de Amália Rodrigues. A primeira afirmação, sendo verdade, é uma pena. A segunda é uma blasfémia.

Mariza não representa o fado. Mariza desmistifica o fado, trá-lo ao grande público, desvirtuando-o, dando-lhe características que ele não tem. Mariza é uma espécie de “world music”, semi-fado desconstruído, minimalista, e duvido que sejam muitos os aficionados do fado genuíno que sejam fãs da Mariza. É como a cozinha chamada “de fusão”, que nos trouxe o bacalhau recheado de presunto ou os medalhões de vitela com molho de menta. Come-se, mas não é bem a mesma coisa que umas Iscas com elas ou uns carapaus de escabeche.

A voz é fantástica, sem dúvida, mas ficava melhor a cantar outra coisa qualquer. Não me agradam os tiques de diva da senhora, a sua aparência pop, o seu sentimentalismo de plástico com uma mentalidade puramente comercial, os seus gestos mecanizados de quem finge que está a sentir aquilo que diz. Este fado mastigado e adaptado ao gosto do grande público tem alguns intérpretes mais interessantes, como os Donna Maria ou a Deolinda, com resultados menos milionários.

Mariza está para o fado como Felipe La Féria está para o teatro de revista. La Féria visitou a revista, que estava moribunda, acabou de a matar e andou a exibi-la como aqueles rapazes naquele filme dos 80’s “Weekend at Bernie’s”. Apaneleirou a revista, rodeando-se ora de excelentes actores (João Ávila, Carlos Quintas ou Mariema), ora de personagens completamente inapeláveis (João Baião, Joaquim Monchique, Vanda Stuart) e foi entronizado. Glórias fáceis de quem tem um olho em terra de cegos.

6 comentários:

Francis disse...

Muito bem definido.

Anónimo disse...

Esse tipo de conversa também ouviu esse grande génio da musica chamado Astor Piazzola.
Que o homem abastardou o tango, introduziu outros elementos mais "jazzísticos" ou mais eruditos, que aquilo não é o tango genuino e popular saído dos becos e prostíbulos mais típicos de Buenos Aires, etc., etc....

Tudo isso é capaz de ser verdade, mas... e depois?
Será que isso fez com que o Piazzola fosse mau músico?
E salvo as devidas proporções será que a maneira como a Mariza canta o fado faz dela uma má cantora e uma má intérprete?
E será que a comida de fusão é assim tão intragável?

E será que é assim tão pecaminoso dar uma nova " roupagem" e outra creatividade a manifestações culturais tradicionais?

ele há gente muito purista e conservadora...

VICI disse...

Leocardo, com o devido respeito, discordo completamente desta posta.

Ao contrário do que você afirma, eu gosto de fado. Mais do fado plangente de coimbra, do que do fado lisboeta (que, ao contrário do que se diz, sabe ser bem alegre e divertido). Marisa é diferente dos outros. É uma excelente intérprete. É inovadora, sem deixar de respeitar a grande tradição do fado. E só não irei vê-la se entretanto, como é costume, os bilhetes se esfumarem estranhamente...

Abraço.

P.S.: E é uma grande "laurentina" moçambicana... ;)

Anónimo disse...

Então o Leocardo percebe, quando se trata da Rua Sésamo, que os miúdos de hoje não são iguais aos de há 20 anos e depois quando fala de fado queria que ficasse tudo na mesma? Os apreciadores de fado são por acaso os mesmos de há cinquenta anos? Mariza não desvirtuou o fado, recriou-o. Muito mal estaria o fado se fosse o mesmo de há 50 anos.

Anónimo disse...

O Leo diz que "não gosta de fado e muito menos da Mariza". Quem não gosta de fado nunca pode gostar da Mariza. Eu por acaso gosto da Mariza e não sou grande apreciador de fado. De tudo o que disse compreendo e aceito que diga que a Mariza é diferente. Cumprimentos e parabéns pelo blogue.

Anónimo disse...

Como é habitual,o autor deste pasquim electrónico continua a atrair visitantes pelo absurdo constante e pelo constante espirrar de asneiras (cuidado que isso pode ser Gripe B) e, além de tudo isso pelos vistos parece gostar de 2 coisas apenas: de nada; e de coisa nenhuma.

Esse facto, deixe-me que lhe diga, também é habitual em gente assim, amarga e decadente que vê no mundo algo tenebroso e na felicidades dos outros a sua angústia.

Deixe lá, não pense mais nisso, continue a tomar o ATARAX regularmente e verá que um dia o Sporting ainda será Campeão, irá descobrir a sua verdadeira sexualidade e poderá trocar o nome para Tatiana Vanessa e tudo voltará a brilhar para si.

Beijinhos e Abraços de um leitor assiduo.