sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Os blogues dos outros


Largo Pequim com notícias de Angola, o acontecimento do momento.
Penso de novo que devia ter uma balança em casa para saber quanto pesam as malas. E volto a repetir que pessoas com o meu peso deviam ter direito a um quilo ou mais de excesso de bagagem sem pagar. Mas eles não me entendem... e tenho vontade de me pôr eu no tapete rolante e dizer - Ora, pese-me lá, ponha a etiqueta e depois embarque-me!


Maria João Belchior, China em Reportagem

Muntazer Al-Zaidi atirou dois sapatos a Bush. O mundo apreciou a técnica de arremesso, sempre disposto a aplaudir manifestações anti-americanas. De tal forma que a Associação Waatassimu decidiu atribuir a "Ordem da Coragem" ao jornalista iraquiano. Trata-se de um prémio atribuído pela associação de caridade presidida por Aicha Kadhafi, filha de Muammar al-Kadafi. Antes do arremesso, o jornalista terá gritado “não à violação dos Direitos Humanos”. Ora, trata-se de uma inovadora forma de defender tais direitos. Tempos houve em que se pensava que a caneta era mais poderosa que a espada. A partir de agora nada vence uma boa sapatada. Jornalista que é jornalista faz uso da alpercata. Aicha, de rosto coberto, foi entrevistada enquanto fazia compras no centro de Bagdade – para aliviar o stress. Revelou-se uma acérrima defensora da caridade e dos direitos humanos. O pai deve estar orgulhoso por saber que há quem lhe siga as pisadas humanitárias.

VICI, MACA(U)quices

Ontem, quando fui comprar um série de livros para futuras leituras, deu para ver bem a verdadeira roubalheira que são os preços praticados na Livraria Portuguesa. Por exemplo, um livro que em Macau custava 370 patacas, custou-me 23 euros! Deu inclusive para ouvir uma senhora requisitar o “Cem anos de Solidão” do José Garcia Marquez.

El Comandante, Hotel Macau

Já tenho pouca pachorra para ler Vasco Pulido Valente. As suas crónicas no 'Público' têm perdido qualidade contrariando a máxima do vinho do Porto "quanto mais velho, melhor". Hoje, o escritor-comentador televisivo lembrou-se de disparatar, a propósito da intervenção de Manuel Alegre no 'Forum das Esquerdas'.
Para Pulido Valente tudo se resume ao dinheiro. Se não há dinheiro, não há palhaços. Parece mentira como um analista do quotidiano político pode resumir a tentativa de qualquer cidadão em alertar para o decadente estado da Nação, para as injustiças, para o desemprego, para a prepotência e arrogância governamentais, para as alternativas, em algo de irresolúvel porque, pergunta VPV, onde é que Manuel Alegre vai buscar dinheiro, "muito dinheiro", para "criar um novo partido, para funcionários, para sedes, para viagens, para material de campanha e por aí fora". E onde é que os outros foram buscar, VPV? E onde é que VPV vai buscar o dinheiro para ter acesso a disparatar tanto?...


João Severino, Pau Para Toda a Obra

Na sua coluna de hoje no Público, Vasco Pulido Valente desvaloriza Manuel Alegre e dedica várias linhas à questão do financiamento do eventual partido/movimento/outra coisa qualquer. Escreve VPV que «É uma ilusão supor que bastam umas centenas de curiosos com um computador». Sucede que, se alguma coisa aprendemos com a recente campanha de Obama, foi a capacidade de umas centenas de apoiantes com computador fazerem acções de campanha de enorme eficácia e, em especial, reunirem grandes somas através de pequenos donativos. A Alegre e aos seus apoiantes a questão dos fundos de campanha só se coloca se não souberem utilizar o potencial da Web x.0 e de redes sociais como o Facebook (onde aliás o Bloco de Esquerda é o único partido a ter uma presença consistente). Vamos supor que Alegre está neste momento longe do tão falado milhão de votos e lhe restam «apenas» 10% desse número como base de partida. E que cada um dos que pertencem a esses 10%, ou seja 100.000, entrega um donativo de 10€ à campanha. Sem grande esforço, salvo o de construir uma estratégia digital mobilizadora, ficam reunidos 1 milhão de euros. O que chega e sobra para um site, blogues e accções no próprio Facebook, no You Tube e outras redes, com um potencial de difusão das mensagens enorme tendo em conta o que imagino seja o perfil do eleitorado de Manuel Alegre. Claro que são necessários os meios tradicionais de propaganda política, bem como o pagamento das deslocações e o «por aí fora» de que fala VPV. Mas o seu peso e alcance é cada vez menor. Se algum obstáculo existe ao eventual partido/movimento, não é certamente aquele que o cronista aponta.

João Villalobos, Corta-Fitas

Manuel Alegre ouvir Sócrates dizer que o PS é um partido “popular e moderado” e, apesar de assegurar que sabia o que o líder do seu partido pretendia dizer, lá sacou das suas banalidades ideológicas para afirmar o seu protesto. Confesso que cada vez me identifico menos com aquilo que por aí se vai dizendo que é ser de esquerda, agora que a direita anda pelas ruas da amargura, multiplicam-se as “correntes” de esquerda, são o PCP e os ex-militantes d PCP, é a constelação de correntes abrigadas no Bloco de Esquerda, destes os antigos dirigentes do extinto PCP(R) aos trotskistas, é Paulo Pedroso e Vera Jardim, é Manuel Alegre e os seus companheiros da “cidadania”, só para referir as opiniões mais visíveis. Há esquerdas para todos os gostos, desde a popular e moderada de Sócrates até à moderna de Louça, passando pela de Manuel Alegres que ninguém sabe muito bem o que é ou quer ser. Mas que propostas vêm de todas estas esquerdas que só mesmo Manuela Alegre poderia sonhar poder unir? O PCP propõe a ditadura do proletariado, ainda que pela via eleitoral, o Bloco de Esquerda não propõe nada porque sendo moderno não pode propor o mesmo que o PCP, Manuel Alegre não sabe bem o que há-de propor, Sócrates propõe que a esquerda seja uma escolha do melhor da direita. Se não fosse o facto de a direita ainda estar pior do que a esquerda até diria que me apetece ser de direita.

Jumento, O Jumento

Sabe tão bem ser foodista. Especialmente por alturas do Natal, com frio, numa cabana, em frente à lareira, hummm… (com frio e frente à lareira?! enfim, talvez se tenha acabado a lenha). Ou de manhã, depois de um sono tranquilo e revigorante, começar o dia a celebrar o foodismo na cama. Ou em cima da mesa da cozinha, a manteiga e a margarina ali mesmo à mão (questão de gosto, resultados cada vez mais parecidos). Ou de pé, encostado à janela ou debruçado na varanda, acenando para os vizinhos. São coisas do caraças, capazes de deixar um gajo (pelo menos, o gajo) satisfeito durante 24 horas. O foodismo nunca falha, prazer que se repete vezes sem conta como se fosse a primeira vez, nalguns casos aumentando de intensidade e refinamento com a idade. Aliás, quão menor a vergonha, maior o proveito que os foodistas obtêm do exercício desta ancestral arte dos sentidos. Já para não falar naquelas ocasiões festivas em que se juntam os familiares, os amigos, até estranhos (sim, pode ser belo ir para o foodismo com uma pessoa estranha – ou mais do que uma, assim duas ou três, vá lá, quatro, prontos – dessa forma estabelecendo laços de súbita e mágica intimidade). São momentos inesquecíveis; esses em que grupos inteiros se entregam à pulsão foodista entre risos e algazarra geral.

Valupi, Aspirina B

Isto da alta finança é uma coisa complicada. Não é por isso fácil explicar os escândalos financeiros aos portugueses. Felizmente os portugueses estão familizarizados com um esquema semelhante ao esquema Madoff. O esquema Madoff era assim como a Segurança Social portuguesa. Os clientes de Madoff eram assim como o jovem de 23 anos que começa a descontar para a segurança social. Os clientes de Madoff faziam um depósito. Isso é parecido com os cerca de 33% que cada trabalhador desconta para a segurança social por mês. Madoff prometia aos clientes uma rentabilidade de cerca de 10% ao ano. O Estado português promete ao jovem de 23 uma reforma valorizada relativamente ao salário actual a pagar daqui a 42 anos. Madoff usava os depósitos dos novos clientes para pagar juros aos antigos. O Estado português usa as contribuições dos novos contribuintes para pagar reformas aos mais antigos. É tudo. Portanto, os dois esquemas são muito semelhantes. Há apenas uma diferença. Bernard Madoff vai preso. Os políticos portugueses que criaram a Segurança Social fizeram leis que tornam o seu esquema perfeitamente legal. Espero ter ajudado Jorge Palinhos a compreender um bocadinho melhor o que é isso do liberalismo económico.

João Miranda, Blasfémias

Faço zapping à procura do jogo dos lampiões induzido pelo bruaaá que escuto do café em baixo da minha casa. Em vão. Só depois me lembrei: dá só no canal Benfica do MEO, que foi a solução encontrada pelo clube para promover alguma discrição e privacidade aos malogros da equipa de futebol.

João Távora, Risco Contínuo

Um casal com mais de 40 anos de casamento, acaba de se deitar. A certa altura, ele passa-lhe a mão pela cabeça, pelos ombros, pelos seios. Ela surpreendida, pois há muito que ele não percorria esses sítios, sentia-se bem, excitada, enquanto ele continuava, passando a mão de uma para a outra das coxas e ela, mais e mais excitada, desejando ardentemente e gozando, ansiosa, o momento supremo. Então ele pára e volta à habitual posição, indiferente, distante, desinteressado.
Ela, suspira, frustrada, e pergunta:
- Porque paraste ?!
- Porque já encontrei o comando da televisão.


Francis, O Dono da Loja

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