quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Não sou de cá...vim ver a bola



Kenny G, nome artístico de Kenneth Bruce Gorelick, tem 58 anos e ainda acredita no Pai Natal. O instrumentista que nos levou à beira da náusea nos anos 90 com a sua gaita esteve em Hong Kong estes dias em trânsito para Hainan, onde vai ser uma das cabeças de cartaz do torneio internacional de golfe. E uma vez na RAEHK, onde foi ele procurar fãs? Entre os manifestantes do movimento "Occupy Central", onde mais? Os amantes das liberdades e da democracia "made in USA" procuram os seus pares, e além de dar uns autógrafos o gaiteiro ainda aproveitou para tirar umas fotos junto com a malta, e em menos de um nada as imagens apareceram no Twitter, para todo o mundo ver que bonita é a amizade entre os justos. Olha Kenny G, se me estiveres a ouvir, presta atenção: desde o tempo em que vendias muitos discos com música de elevador a gente demasiado preguiçosa para ouvir música decente e espertalhões que punham a tua música quando planeavam dar uma queca (não tinha letra, portanto não distraía), inventaram coisas como o Facebook, o Twitter, o Instagram e mais uma porrada de coisas que reproduzem um peido teu antes de acabares de o dar. Pois, pois, andas aí agarrado à gaita, admiro a tua firmeza de carácter, mas depois não chores. É que agora a China, que como tu sabes é um regime totalitário (sabes porque ouviste falar, viver lá é outra coisa) não achou piada nenhuma à gracinha, e agora ficas a pensar se vale a pena confirmar a reserva do hotel. Quer dizer, que ingenuidade a minha; o receio é que chegues ao "lobby" e digam que "não conhecem nenhum Kenny G", ou que "nunca ouviram falar". E olha que mesmo que não te digam nada, até uma hora antes do concerto podem riscar-te da lista, e ninguém se vai lembrar que o teu nome estava no programa. Mas deixa lá, olha, e espero que eles tenham misericórdia de ti, e como és "kwai-lou", pode ser que te dêm um desconto. Por outro lado...



Estes é que não têm desculpa. Quer dizer, os da imagem têm, um bocadinho, pois da esquerda para a direita temos Denise Ho, Anthony Wong e Chapman To. Os dois primeiros são "gay", o que neste caso não só não justifica nada como ainda piora a situação, e o terceiro foi diagnosticado como obsessivo-compulsivo, o que trocado por miúdos, quer dizer que é maluquinho, e de vez em quando "passa-se". São estes artistas, um grupo de actores e cantores da RAEHK onde estão incluídos ainda alguns nomes mais conceituados, casos de Andy Lau e Chow Yun-Fat, que estão agora com trampa até ao pescoço, depois da Liga da Juventude Chinesa, orgão do Partido Comunista, apelou ao boicote do seu trabalho, desde os filmes, discos e até aos seus blogues, ou seja, ficarão completamente "apagados", tudo porque manifestaram o seu apoio pelo movimento pró-democrata em Hong Kong. O apelo recebeu a aprovação de 200 mil cibernautas, e isto traduz-se em muitos milhões de consumidores, os tipos que compram os discos e vêem os filmes que estes gajos fazem, e por isso as respectivas indústrias dependem do mercado do continente para...sei lá, pagar as contas? Comer, viver? Independentemente dos dígitos nas contas bancárias, que neste tipo de coisas determina o tamanho dos "tomates" de cada um, destes "heróis", dificilmente conseguirão entrar noutro filme ou gravar um ai num CD, e mais valia terem ficado quietos. Afinal querem cantar e representar, ou fingir que pensam pela própria cabecinha? Isto é o que se chama apostar no cavalo errado. Não me levem a mal, a sério, já estou farto de ter esta discussão: não estou a favor do regime, que é responsável por deixar tudo isto acontecer, nem posso ficar do lado de quem pensa que pode usar as massas como "peões" para atingir um fim, e ainda por cima aproveitando-se da sua ingenuidade. Até numa revoluçãozinha como a nossa, o 25 de Abril de 1974, o povo só saíu à rua depois de ter a certeza que não havia um regime com força para os aniquilar. E agora...a China?

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