terça-feira, 8 de abril de 2014

Os sons dos 80: Janet Jackson


Janet Jackson nasceu em 1966 em Gary, Indiana, numa família de artistas - e todos sabemos quem são. Os Jackson, que eram dez irmãos, funcionavam como uma espécie de circo, cujo principal acto eram os Jackson 5, onde pontificado, lá está, o malogrado Michael Jackson. Janet estrou-se no negócio de família no "show" de variedades "The Jacksons", quando tinha dez anos, e depois de passar por mais algumas séries de televisão, na maioria "sitcoms" e séries juvenis, optou pela carreira de cantora, e ainda uma adolescente de 16 anos, gravou o seu primeiro álbum.


O homónimo "Janet Jackson" saíu em 1982, com etiqueta da A&M. Apesar da produção ambiciosa (como acontecia aliás com todos os trabalhos da família Jackson), a estreia foi relativamente discreta, com o LP a não passar do nº 66 da tabela da Billboard, e sem nenhum dos cinco singles extraídos do album a figurar do topo da lista - ou da lista, de todo. O segundo album foi "Dream Street", de 1984, e apesar de contar com Giorgio Moroder nos créditos da produção, atingiu apenas um modesto nº 147 da Billboard. Como registo de um dos primeiros trabalhos de Janet Jackson, fica aqui um vídeo do single "Don't Stand Another Chance", gravado numa gala da série de televisão "Fame". O tema conta com a produção e participação do "mano" Michael.


Janet Jackson tinha uma carreira musical muito à conta do apelido que ostentava, mas faltava-lhe progredir pelos próprios meios, à custa do seu talento. Em Janeiro de 1986 a menina a quem a crítica atribuía a etiqueta de "bubblegum soul" - "soul" de pastilha elástica - surpreende tudo e todos com o single "What Have You Done For Me Lately", que chegou a nº 4 da Billboard, a nº 3 no Reino Unido e a nº 1 nos Países Baixos, além de ter sido top-10 na maioria dos países onde foi editado. Era uma Janet Jackson mais madura, mais agressiva, que cantava, encantava e dançava - e muito bem. Começou também a revelar a sua faceta "sexy", se bem que as semelhanças em termos de aparência com o irmão Michael eram um tanto ou quanto inibidoras de uma apreciação mais...independente, digamos.


No mês seguinte saía o terceiro album de originais, "Control", que foi um dos maiores sucessos de 1986, e é hoje considerado um dos mais influenciais da música contemporânea da década de 80. Aclamado pela crítica, venceu vários prémios da Billboard, e um Grammy na edição de 1987 para melhor produção de um álbum não-clássico, e foi nomeado para disco do ano. Foi nº 1 da Billboard, chegou a nº 8 no Reino Unido e vendeu 14 milhões de cópias em todo o mundo. O segundo single, "Nasty", venceu o prémio da MTV para melhor coreografia, e em termos de vendas também não de se deu mal, chegando ao nº 3 na Billboard e ao top-20 do Reino Unido.


Janet Jackson tinha-se tornado em mais um fenómeno da "pop", saído da fábrica dos Jackson, no estado do Indiana. A indústria discográfica reconhecia nela um potencial comercial elevadíssimo junto de um sector demográfico específico: as jovens negras norte-americanas. E Janet não era só dança e emeergia; sabia também apelar ao corações, como ficou provado neste single "Let's Wait Awhile", também do disco "Control". O single surpreendeu com o nº 2 da Billboard e o nº 3 no Reino Unido, e passava uma mensagem interessante, apelando aos casais que se conhecessem melhor antes de, bem, "expressarem fisicamente" o seu amor. De recordar que os Jackson eram (e são) Testemunhas de Jeová, mesmo que isso raras ou nenhumas vezes se note na temática da música dos elementos da família.


Depois do sucesso de "Control", que deixou a cantora entretida a vender singles e a fazer digresses durante mais de dois anos, saíu em 1989 o quarto registo de originais, "Janet Jackson's Rhythm Nation 1814". Quem pensava que era quase impossível repetir o sucesso do disco anterior, enganou-se redondamente, pois foi o seu segundo trabalho de longa duração a chegar a nº 1 da Billboard, foi nº 4 no Reino Unido e produziu 4 singles que foram também nº 1 nos Estados Unidos, de um total de sete. Entre estes, "Rhythm Nation" - que por acaso não foi além do nº 2 - venceu o prémio MTV e o Grammy para melhor video em 1990. Depois do sucesso de mais este álbum, seguiu-se uma longa e gloriosa tournée mundial, que afirmaram Janet Jackson como um "icon" da pop mundial, rivalizando mesmo a certo ponto com o irmão Michael. É seguro dizer-se que Janet foi a segunda melhor produção dos dez Jackson.


Depois disso, foi o que se sabe: Janet Jackson construíu uma carreira sólida, angariou uma legião fiel de fãs, e até 2008 gravou mais seis álbums de originais, participou de um dueto com Michael Jackson, "Scream", e esteve envolvida numa polémica curiosa em 2004, quando o guarda-roupa a traíu durante o "show" do intervalo da final do SuperBowl, que lhe revelou um dos seios. Participou ainda de alguns filmes, com destaque para "The Nutty Professor II: The Klumps", em que contracenou no papel principal feminino, ao lado de Eddie Murphy. Um dos momentos altos foi o single "Again ", do filme "Poetic Justice", de 1993, em que também teve honras de papel principal. O filme não era grande coisa, mas a canção, que foi mais um nº1 da Billboard e foi nomeada para um Globo de Ouro e um Oscar, é lindíssima. E com "Again" acabamos este pequeno resumo da carreira de Janet Jackson, e com chave de ouro.

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