quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Um bigode, doa a quem doer


Malik Amir Mohammad Khan Afridi, um vendedor de tapetes de Peshawar, no Paquistão, orgulha-se do seu farto bigode, que mede 76 cm de uma extremidade à outra. Afridi, um avô de 48 anos de idade, dedica meia hora por dia a cuidar do seu bigode, e não olha a despesas para se certificar que usa apenas os melhores produtos para o manter esbelto e saudável, incluíndo um creme capilar importado da Alemanha. Um bigode deste calibre é desde tempos remotos sinónimo de virilidade no continente sub-indiano, mas para o Islão é um excedentário reprovável, e Afridi tem sofrido horrores por causa daquilo que considera ser "a sua identidade". Peshawar fica próximo da fronteira com o problemático Afeganistão, onde pontificam os infames Talibã. Mas foram os Lashkar-e-Islam, grupo outrora rival dos estudantes do Corão celebrizados pela sua interpretação literária da doutrina islâmica e actualmente seus aliados que trouxeram problemas a Afridi. O Lashkar-e-Islam raptou-o em 2009, e depois de não conseguirem que este pagasse 500 dólares por mês para manter o bigode, obrigaram a raspá-lo. Afridi acedeu, mesmo que contrariado, mas não perdeu o ânimo e voltou a deixar crescer o bigode de que tanto se orgulha, agora mais imponente que nunca. A opinião de familiares, amigos e vizinhos dividem-se, mas ninguém se parece importer muito com a extravagância de Afridi, que consideram um homem bom e alegre. Afridi não renuncia ao direito de manter o bigode, e diz que abandona o país se for necessário. Uma história de amor entre um homem e o seu bigode, que resiste apesar da oposição de fanáticos islamitas que os pretendem separar. Dava quase para tema de uma novella brasileira.

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