Comemoram-se agora duas efemérides: as bodas de ouro de um acontecimento que fez sonhar os americanos, e as bodas de prata de outro que foi um pesadelo para os portugueses, nomeadamente os alfacinhas. Faz 50 anos esta quarta-feira que o reverendo Martin Luther King Jr. proferiu um discurso que entrou na história contemporânea dos Estados Unidos e da humanidade, com a data a ser assinalada no último Sábado. Foi a 28 de Agosto de 1963 durante uma marcha pelos direitos civis em Washington que King apelou à unidade de todos os americanos, brancos e negros, e ao uso da desobediência civil pacífica em deterimento da violência como solução para as questões da segregação racial. Foi a resposta americana a Gandhi, que fazia escola do outro lado do mundo, no subcontinente indiano. A frase que ficou para a memória futura e vai passando de geração em geração foi "I Have a Dream" - "Tenho um sonho", naquele que foi considerado o melhor discurso na História dos Estados Unidos num inquérito efectuado em 1999. O sonho do Dr. Luther King viria a ser em parte realizado, mas a sua morte prematura em 1968, pelas mãos dos que não concordam com a via do pacifismo para resolver os problemas, não o deixou ver uma América mais próximo do seu sonho.
Ontem recordou-se em Lisboa o incêndio do Chiado, por altura da passagem do seu 25º aniversário. Foi na madrugada de 25 de Agosto que os bombeiros da capital portuguesa foram alertados para um fogo que lavrava nos armazéns do Grandela, e cuja dimensão acabaria por destruír uma parte importante da zona comercial da baixa alfacinha, e ainda custou a vida a quatro soldados da paz. A causa do sinistro que obrigou a uma reconstrução completa e demorada do Chiado nunca foi apurada, mas suspeita-se de mão criminosa. Podia ser Verão, estávamos em Agosto, mas era noite cerrada. Estava de férias na Praia da Vieira, Marinha Grande, quando recebi esta triste notícia, um dia antes de regressar à capital. Recordo-me com saudade dos tempos em que ia com o pai a Lisboa, e no regresso passava pela Grandela e comprava um jogo, daqueles que se jogavam com tabuleiro e dados, quando nem sonhávamos ainda com Playstations e outras que tais. Só tenho pena de ser demasiado jovem na altura para me recordar com detalhe do Chiado que o fogo desfigurou passaram ontem 25 anos. Foi com um sorriso que vi as imagens antigas no Telejornal da RTPi, que por momentos me fizeram esquecer a angústia da imagem das labaredas que destruíram um dos lugares de referência da minha cidade natal, e que custaram o emprego a mais de duas mil pessoas.
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