Confesso que quando ouvi a notícia que dava conta de “um filme português de ficção científica”, ia tendo uma traquicardia. Imaginei OVNIs a aterrar em Sacavém, uma cena de vinte minutos com as portas a abrirem-se ao som do “Madredeus Electrónico” ou de Amália Rodrigues com o tema "O Senhor Extraterrestre", muito fumo, e lá saíam uns homenzinhos verdes que falando português chamavam os sacavenenses de “terráqueos”, e pediam-lhes que os levassem “ao seu líder”. Lá tinha o Cavaco que voltar mais cedo da apanha da Alfarroba em Boliquime. Depois de uma hora de comunicação ao país por parte do nosso PR e mais meia-hora de diálogos ocos, disparava-se um tirinho de laser: “zás!”, e fim do filme.
Depois de procurar a “traila” no YouTube, respirei de alívio. Trata-se de “RPG – Role Playing Game”, e apesar de ser escrito, produzido e realizado por portugueses (Tino Navarro e David Rebordão), é falado em inglês e conta com uma maioria de actores estrangeiros, o mais conhecido deles o veterano Rutger Hauer, e alguns (poucos) portugueses, com destaque para Soraia Chaves. O argumento faz lembrar assim de repente os filmes da série “The Matrix”, e conta com efeitos especiais mais ou menos decentes (pelo pouco que se vê da “traila”), tem cenas de violência, terror e pelo menos um beijo lésbico! Nada que se encontre num filme português digno desse nome, e além disso as pessoas correm, saltam, caem e movem-se com uma cadência muito superior à de um caracol alentejano. Olhando mais atentamente para o “cast”, encontro o Pedro Granger, e atendendo que o filme fala de um jogo, com botões, luzinhas e tudo, pode ser que ele não resista e diga: “Você é o elo mais fraco…adeus!”. Ficção científica sim, português…
vero, ma non troppo. Durmo mais descansado.
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