Outro caso da justiça Americana, este com contornos menos chocantes, mas que nem por isso deixa de ser curioso. Daniel Chong, um jovem de 25 anos de ascendência chinesa, foi detido o ano passado durante uma rusga policial na posse de marijuana, e acabaria por ser “esquecido” numa cela pelas autoridades. Quando finalmente se lembraram dele, encontraram-no faminto, desidratado, coberto pelas próprias fezes e com sintomas de insuficiência renal. Chong diz ter sido obrigado a beber a própria urina para poder sobreviver, e que durante o cativeiro foi assombrado por pesadelos e alucinações. Agora quantos dias esteve o pobre suspeito olvidado pelas autoridades numa cela, que o levaram a esta humilhante degradação? Quatro dias! Isso mesmo, apenas quatro dias, 96 horas, menos tempo que o montanhista Aaron Ralston passou num desfiladeiro com o braço preso debaixo de uma rocha, e este não só não se borrou todo, como ainda teve o discernimento de se auto-amputar e escapar. Enquanto isso este rapaz na imagem, caso tivesse ficado detido sem que ninguém soubesse por mais de uma semana, e quando o fossem soltar só encontrariam as ossadas. Se um dia fizer uma escala de doze horas num aeroporto à espera da sua ligação, precisará que o arrastem inconsciente até ao terminal. Não se pode dizer muito de Daniel Chong em termos de resistência física e psicológica, mas os quatro dias mais longos da sua vida valeram-lhe a simpatia dos tribunais, que lhe atribuiram uma indemnização de 4,1 milhões de dólares – mais que um milhão de dólares por cada dia de “inferno”. O rapaz até se pode dar por muito satisfeito, pois caso acontecesse algo semelhante no país dos seus ancestrais, a China, e a música seria outra. Recebia um pedido de desculpas, no máximo, e se reclamasse mais que uma vez habilitava-se a uma temporada num campo de reeducação pelo trabalho, acusado de “destabilizar a ordem social”. Que Deus abençoe a América!
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