quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mais valia terem visto o filme


Ele há ocasiões em que se tenta validar uma acção nossa recorrendo à hipocrisia dos outros, mas se quando isto resulta produz resultados fabulosos, quando falha pode transformar-se num enorme embaraço. Foi o que aconteceu com mais uma propaganda do regime chinês, que não deixando bem claras as intenções, tinha como objectiva expôr a prática da pena de morte nos Estados Unidos, um dos países mais críticos da forma liberal como a China aplica a pena capital. O problema é que para ilustrar esta ideia, os propagandistas chineses utilizaram imagens retiradas não de uma execução a sério, mas de um filme pornográfico. O filme em questão chama-se "Lethal Injection", ou em português "Injecção Letal". Para os mais malandrecos é fácil conotar a palavra "injecção" com uma interpretação mais brejeira, mas para os cinzentões de Pequim só pode significar mesmo uma inoculação. Coitados.

O filme cujas fotografias foram divulgadas num sítio militar afiliado com o Governo Central insere-se dentro do sub-género pornográfico do fetiche; basicamente ninguém more, e apesar da componente dramática inicial, a "condenada" da fita acaba com os buracos tapados por vigoros mangalhos, que no final a lambusam com a sua alva e tépida langonha, e apesar de tudo isto sobrevive. Mas aí está, os gajos do regime encontraram nisto um motivo para puxar as orelhas aos americanos, e quiseram denunciar a forma cruel como põe termo à vida de uma moçita tão apetitosa, e ainda por cima de forma tão humilhante - numa das imagens vê-se a jovem com um seio de fora, o que para quem não se apercebeu que se trata de pornografia, pode parecer um escândalo. Esta não é a primeira vez que o regime comete uma gaffe desta natureza. Há dois anos o site humorístico The Onion publicou um artigo que dava conta da eleição do líder norte-coreano Kim Jong-un como o "homem mais sexy do planeta", e o jornal "People Daily" em Pequim tratou a brincadeira como uma notícia verídica. Neste caso em especial, deviam evitar falar do seu registo em matéria da aplicação da pena de morte, quanto mais compará-la com o exemplo dos Estados Unidos. A China não se dá sequer ao trabalho de divulgar o número actual de execuções, o que diz muito dos critérios utilizados na decisão de tirar a vida a outro ser humano. Se calhar deviam ter acedido ao tal filme "Injecção Letal" na sua íntegra em vez de algumas imagens sem nexo, e assim entretiam-se com outra coisa em vez de fazer figuras tristes.

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