Música…toda a gente gosta de música. Se há alguém que diz que não gosta está a mentir. Pode ser um indivíduo mau como as cobras, cruel para as crianças e para as velhinhas, mas gosta de música com toda a certeza. Há quem não esteja por dentro das últimas tendências ou não siga os tops, tenha ficado parado no tempo ou tenha um gosto musical atroz, mas todos gostam de música. Os nossos antepassados hominídios reconheciam melodias nos sons da natureza, no canto dos pássaros e no assobio do vento mesmo antes de começarem a fazer as formas mais rudimentares de música. Uma conversa sobre música no tempo do Peleolítico seria qualquer coisa do género: - “Epá, curtes Trovoada Seguida de Chuva?” – “Não tás com nada, quasi-man. O que tá a dar é Riacho a Correr Entre as Pedras”. Naquele tempo os Beatles eram mesmo besouros, os Rolling Stones eram pedras rolantes, e a Edith Piaf era mesmo um pardal.
A música está connosco praticamente desde que existimos. Há quem diga que uma criança consegue identificar tons musicais ainda no ventre materno, e alguns pedagogos defendem que fazer um bebé escutar música clássica o torna “mais inteligente”. Será? Outros mitos relacionados dizem-nos que cantar faz não só bem ao espírito como torna o corpo mais são, e que “a música amansa as feras”. Se for mesmo verdade, gostava de saber o que se deve cantar na eventualidade de cair na toca dos leões, mas creio que seja o que for, cantar mal só pode tornar a situação pior. O mais discutível de todos: a música começa a parecer mais alta à medida que se vai envelhecendo. É possível que em alguns casos a falência progressiva ao aparelho auditivo seja mais sensível a certos sons mais agressivos, mas não terá a ver com o gosto musical. Prova viva é Mick Jagger, que aos 70 pula, berra e leva com elevadas emissões de rock nas orelhas, ou ainda Ozzy Osbourne, que depois dos 60 ainda vai acordando a vizinhança com os seus cânticos a Belzebu. Se por acaso sofre deste problema, consulte o otorrino.
É um facto que desde que existe música, existem gostos variados, e tudo por causa do ouvido musical. Dependendo de factores diversos, como a educação, o meio ambiente ou a sanidade mental, há de tudo, desde os que gostam de sonoridades mais suaves aos que preferem uma orgia de metais capaz de rebentar a escala dos decibéis. Pelo meio encontramos mais géneros, e os que gostam de uns rejeitam liminarmente outros. Voltarei mais tarde a esta temática dos gostos musicais, mas antes gostava de referir uma frase feita muito comum quando se propõe uma discussão desta natureza: “gostos não se discutem”. Ora, e porque não? Esta atitude apaziguadora leva a que se matem à nascença discusses que podiam ser bem interessantes. Pode-se discutir tudo e mais alguma coisa, e os gostos não são excepção, desde que não se ofenda a cidadania do outro, insultando a sua progenitora ou questionando a sua orientação sexual.
A variedade da combinação de notas que durante os tempos produziu milhares de sonoridades que provocaram todo o tipo de sensações e geraram movimentos que contribuiram para tantas mudanças na face do mundo onde vivemos é um tema nada consensual. Nesta série de posts que vou dedicar à música, prometo abordar alguns aspectos mais delicados, derrubar preconceitos, desvendar tabus, e chatear muito boa gente, bem ao estilo leocardiano. Do muito que vai ficar gravado neste registo, muito mais ficará por dizer. Aguardem mais do mesmo (e pior) durante o resto da semana.
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