segunda-feira, 29 de março de 2010

Um olhar sobre a Rua do Campo


Hoje o Bairro do Oriente leva o leitor até à Rua do Campo, em chinês soi-hang-mei kai (水坑尾街), que significa literalmente "última barreira antes do mar". Isto porque há muitos anos o mar começava ali para as bandas do Clube Militar, bem antes da loucura expasionista dos aterros.



Aqui fica a Biblioteca Pública da Associação Comercial de Macau, onde cidadãos locais podem vir ler os títulos da imprensa chinesa do território de forma gratuita. Desconheço se têm lá os jornais portugueses, mas duvido muito.


O Cinetreato de Macau é o "templo" do cinema no território. Existem e sempre existiram salas de cinema que passavam filmes chineses, mas o Cineteatro chegou a ter o exclusivo da passagem de filmes estrangeiros. Ainda me lembro da primeira fila gigante que vi em Macau, no Verão de 1993, aquando da exibição do filme "Jurassic Park".


Neste estabelecimento comercial podemos tomar pequeno-almoço, almoço, jantar e ainda lancha, ou apreciar uma gama de cafés de todo o mundo, incluíndo o infame Kopi Luwak. É o restaurante Honolulu, que em chinês se chama "Tang Heung San" (檀香山), ou "montanha de incenso", o nome pelo qual a capital do estado norte-americano do Hawaii é conhecido na língua chinesa.


Durante algum tempo esta loja do Watson's foi um dos poucos vestígios de civilização em Macau desde a sua abertura nos inícios dos anos 90. Cosméticos, perfumes, lingerie, toalhas, suplementos alimentares, doces e muito mais podem ser encontrados nesta franchise honconguense.


Quando a Livraria S. Paulo se mudou para os lados da Sé, o Centro Católico ficou assim, meio triste e abandonado ali no meio da Rua do Campo. Uma infra-estrutura que podia ser melhor aproveitada, sem dúvida.


Este foi o primeiro McDonald's inaugurado em Macau, nos finais dos anos 80, e era ainda um dos poucos que existiam quando cheguei ao território. Hoje é um dos dois (o outro é na Taipa) aberto 24 horas por dia.


Neste restaurante Manchu podemos provar o jiaozi (饺子) uma espécie de "dumpling" também chamado de "momo", uma especialidade daquela região chinesa. Apesar de se ler no cartaz que o restaurante funciona desde 1993, só há dois ou três anos chegou a Macau, situado aqui ao lado do McDonald's, num espaço que foi ocupado por outros restaurantes.


Do outro lado da rua temos o Edifício Administração Pública, fundado em 1999, onde funcionam conjuntamente várias conservatórias e notário público, o centro de tradução jurídica, a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ) e os Serviços de Administração de Função Pública (SAFP). É ainda aqui que se procede ao recenseamento eleitoral. O centro da burocracia por excelência.


O Edifício da Associação de Mulheres de Macau, que inclui uma creche com o mesmo nome e ainda uma sucursal do Banco Tai Fung. Poderosas, elas.


No local deste supermercado Veng Kei, aberto 24 horas por dia (pelo menos é o que lá diz) existia uma loja de electrodomésticos da Gome, empresa envolvida no final de 2008 num escândalo financeiro. Antes disso tinha sido outro supermercado, e durante muitos anos foi uma loja da Chi Fu.


Quem se mantém firme no mesmo lugar desde 1918 é a Vencedora, um restuarante "português" que se confunde com a história de Macau do século XX. Para quem ainda não foi, aconselho vivamente o bacalhau com grão, a dobrada e o peixe cozido. O café não é mau.


O Consulado-Geral de Portugal, que começou por ser o Hospital de São Rafael (ainda se lêem as siglas HSR na entrada do edifício), foi a Autoridade Monetária e Cambial durante parte dos anos 90, e foi adquirido pelo estado português antes do handover. Não é bem na Rua do Campo, mas é bem visível de lá.


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E é aqui a Rua do Campo, caso vos apeteça visitar. Mais uma vez obrigado por me ter feito companhia em mais esta viagem.

16 comentários:

Anónimo disse...

Uma pequena correcção:

Há mais McDonalds abertos 24 horas em Macau - no Fai Chi Kei ou na Areia Preta, por exemplo.

Mas um post muito interessante, sem dúvida, para pessoas como eu que chegaram a Macau já mais recentemente.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Ilustre Leocardo,
Para sua informação direi que essa biblioteca chinesa, não possue jornais portugueses, tem sim um arquivo de jornais chineses bastnate rico, mas a sua consulta custa 1 pataca por jornal. Sou frequentador dessa biblioteca já à muitos anos.
Sobre a Vencedora, fui freguez durante 40 anos, o ano passado, a simpática senhora da caixa, como não havia lugares vagos nas mesas da direita, disse para eu me sentar junto à cozinha, fiquei aguardando uma mesa das que prefiro, então essa simpática senhora disse-me, tu vens aqui para conversar fumar e comer, eu não tenho vagar para te aturar, a partir desse dia, e já lá vão cerca de 8 meses nunca mais lá fui.
O café é uma porcaria, sim o bacalahau com grão ainda é o único local onde se pode comer mais barato em macau bem como o peixe cozido.
O café Hononulo já foi bom, o espaço é apertado e a comida é cara, tem sim esse tal famoso café, mas custa somente 300 patacas por copo rsrsrs.
Eu sempre morei nessa zona, durante muitos anos e conheço bem a Rua do Campo, agora vivo na Praia Grande, sai do campo para a praia.
Um abraço amigo

Anónimo disse...

Vinha exactamente dizer que há mais McDonalds abertos, pelo menos na Zona Norte, mas já se anteciparam. No Honolulu é que nunca entrei, mas um dia destes vou lá tomar a lancha (vai para onde?).

Agora não se chateie, que isto era a brincar (a lancha, não os McDonalds, que esses existem mesmo). De resto, uma boa visita guiada a uma das ruas de que mais gosto, apesar de ter, provavelmente, a paragem de autocarros mais concorrida de Macau. Dos autocarros vazios que ali passam (ao pé do McDonalds) do centro para o norte, não há um que não fique cheio na Rua do Campo.

Anónimo disse...

Sinceramente o Leocardo não sabe mesmo nada de nada da Rua do Campo. Ela tem uma história muito mais rica do que esta que descreve.
Talvez recorrer à sua mulher, caso ela seja de Macau.

Anónimo disse...

Talvez o anónimo das 00:32 nos queira elucidar sobre essa história riquíssima, em vez de mandar postas de pescada?

Pedro Oliveira disse...

Realmente em vez de estar a criticar de forma tão rude o excelente post do Leocardo, que tal partilhar com os outros leitores essa tal "história muito mais rica" de que fala??

Tenho quase a certeza que você nem vai responder nem acrescentar nada. Pessoas como este anónimo já vi eu muitas. Adoram criticar e desprezar o trabalho dos outros, mas depois quando se pede para aprofundar, acabam por não ter nada para acrescentar.

É pena...

António Manuel Fontes Cambeta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Manuel Fontes Cambeta disse...

Ao Anónimo das 04.23 horas só terei a dizer duas coisas.
Primeiro, escrevo poesia faz já alguns anos e não será um urso anónimo que me irá afastar de continuar a fazer o que gosto.
Segundo, pelo que escreveu não ter lido, ou então é cego, o comentário que postei às 22.41 horas.
Terceiro, felizmente sei ler e escrever chinês, e não será um Urso anónimo, enfardado de M.... que me vai ensinar coisas de Macau ou sobre a cultura chinesa, cresça e apareça dando a cara, tal como eu o faço e muitos outros que sem terem medo re represálias, dão a cara.
Como sempre existem os tais Ursos espertos que só sabem chatear, mas estão em Macau só para dizerem mal e encherem o Cú.

Porto Interior disse...

Ao anónimo das 00:32: eu também gostava de conhecer mais sobre esta rua tão famosa de Macau (por onde eu costumava passava todos os dias a caminho do trabalho nos anos 90).

Que tal contar de forma muito breve e sucinta algumas dessas histórias interessantes de que fala?

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caro Porto Interior, não fique à espera... esta gente só vive para criticar, não para contribuir o que quer que seja.

Leocardo disse...

Sr. Cambeta: o comentário das 4:23 é do Pedro Oliveira, e no do anónimo que tanto o irritou. Em todo o caso já apaguei o comantário, a apagá-lo-ia se o visse mais cedo.

Quanto ao comentário do anónimo das 00:32, penso que foi tudo dito. Eu só posso falar daquilo que sei, ou seja, o que aconteceu desde que cheguei a Macau em 1991. Se alguém tiver alguma coisa a acrescentar - e é para isso que serve esta secção de comentários - é bem vindo.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Este tipo das 00:32 é daqueles tipos que criticam tudo e todos mas depois não dizem nada porque esta a criticar.Se sabes tanto sobre a Rua do Campo devias escrever o que que sabes.

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado amigo Leocardo,
Desde longa data que sigo o seu blog e o admiro imenso pela sua frontalidade e pelos artigos que vai postanto.
Sei que é uma trabalho arduo que nos rouba muitas horas, mas sempre vale a pena dar a conhecer a bela cidade de Macau e não só.
Muito grato lhe fico por ter retirado o tal comentário que me fez irritar, infelizmente ainda existe pessoas desse calibre, que em vez de divulgarem a cultura só sabem ofender, e para isso se refugiam no anonimato.
Peço desculpa pelo lapso cometido, eu quis fazer referência ao tal anónimo e nunca ao senhor Pedro Oliveira que muito considero e respeito.
Eu fiz algumas observações sobre a Rua do Campo, mas esse é o meu ponto de vista, as pessoas poderão ter uma ideia bem diferente que respeito na totalidade.
Por cá as coisas andam de mal a pior,e nos afectam psicologicamente. Este fim de semana temos de novo a cidade ocupada pelos camisas vermelhas.
Um abraço amigo

Anónimo disse...

OMG, não batam em quem não vem ao blog.
Então vamos esclarecer um pouco mais. Macau era bem mais bonito antes dos anos 90!!!

Onde foi o Chi Fu, nos anos 70 e talvez antes de depois era o Cinema Império.
Mais um pouco à frente havia uma exclente casinha sopa de fitas e um de chau mim - conhecida por Maria.

Do outro lado da rua, logo a seguir ao actual Consulado de PT, era um fotografo, onde a maior parte das pessoas de Macau, tiravam as fotografias de família.

O resto fica para depois....

Anónimo disse...

Hmmm... Eu conheço esta escrita (do último anónimo). Agora também virou anónimo?

Anónimo disse...

Não estamos a falar disso mas se vai por esse caminho...então já somos dois