quinta-feira, 18 de março de 2010

A via é pública, pá!





Um dos "problemas" de viver em Macau relaciona-se com o uso muito pessoal que alguns dos cidadãos fazem da via pública. Como o nome indica, a via é pública, ou seja, é de todos, é de toda a gente e não é de ninguém. A zona do Largo do Senado é o exemplo mais flagrante de verdadeiros abusos da utilização indevida da via pública; ora são os motociclos que circulam à vontade (e às vezes a grande velocidade) nas zonas reservadas aos peões junto do Mercado de S. Domingos, ora são os apanhadores de cartão que tiram toda a gente do caminho com os seus muito pouco ergonómicos carrinhos de mão, ou ainda as cargas e descargas realizadas a qualquer hora do dia, e que se estão nas tintas para as pessoas que passam ali perto.

Os meus afazeres diários levam-me por vezes a passar pelo centro da cidade a pé duas ou três vezes por dia, e não há dia que não esbarre em turistas a olhar para o céu, marmanjões que mandam mensagens no telemóvel em vez de olhar por onde andam, ou desocupados que nada fazem a não ser obstruir o caminho. Chega-se por vezes ao ridículo de vermos turistas que nos mandam parar enquanto fotografam as igrejas e o resto do património. Não sei se os alguns dos turistas que nos visitam se esquecem que Macau é uma cidade onde vivem pessoas normais que não trabalham apenas nos casinos, e que têm sítios para ir e horas para lá estar.

Não creio que esteja aqui a ser egoísta, pois penso que falo em nome de milhares de outros cidadãos que precisam de usar a rua para circular e não para acampar. As regras da educação e do civismo mandam que no mínimo se deixe passar quem está com pressa e não tenha tempo para se juntar ao cortejo dos caracóis, que ainda protestam e fazem cara feia se lhes pedimos licença, e que por favor façam o favor de sair da nossa frente. Já não basta quando vou de carro e por vezes aparecem-me à frente no meio da estrada aqueles autênticos "mártires" da recolha do cartão e do entulho, que ainda exigem "que os respeitem", apesar de estarem a infringir um rol de leis que nunca mais acaba.

Mesmo o famoso "Tio Han", o tal velhote que "estacionou" em frente ao Supermercado San Miu perto da Rua das Estalagens, depois de ter passado anos em frente ao Starbucks no Largo do Senado, era um caso a resolver com a máxima urgência. É óbvio que o idoso precisa de assistência, e não me venham dizer agora que "tem a liberdade" de ficar ali plantado a cheirar mal, ou que "ninguém o pode obrigar" a procurar ajuda que o leve a passar os últimos anos da sua vida - para ser generoso - com o mínimo de dignidade. Experimentem ficar duas ou três horas de pé no mesmo sítio com um monte de sacos e vão ver se as autoridades não vos perguntam "qual é o problema".

Trata-se de um caso de manifesta mal vontade em resolver um problema relacionado com a qualidade de vida da população, que para evitar o "Tio Han" passa muitas vezes pelo meio da estrada ou tem que dar uma volta ao quarteirão se não quiser inalar o intenso cheiro a urina que se espalhou por toda aquela zona. Não entendo como há dinheiro para dar seis mil paus a toda a gente de uma vez só, e não há alguns milhares de patacas para providenciar uma habitação condigna a quem nem precisa de provar que realmente precisa. Estivesse ele à porta de um casino, e já lhe tinham passado uma guia de marcha.

1 comentário:

Anónimo disse...

È preciso lembrar que Macau é muito muito pequeno,espaço é coisa não abunda.Para estacionar o carro é como procurar ouro.