Especial: A bronca!

Muito divertidas, estas broncas dos casinos. Aparentemente ficou provado num tribunal de Hong Kong que quatro homens conspiravam para causar danos graves a um croupier de Macau que ajudou um “patrono” a ganhar uma pipa de massa. Qualquer coisa como partir-lhes os braços e as pernas, e ainda uma solicitação de homicídio. Um dos envolvidos é conhecido membro de uma seita, uma tal Wo Hop To, que opera na RAEHK. E como tudo isto aconteceu num dos casinos da Sands Macau, a operadora está agora indiciada com o crime organizado, e pode perder a sua licença no estado do Nevada, onde como se sabe está a “mothership” do império de Sheldon Adelson. Para piorar a situação, a Sands prepara-se para inaugurar o projecto em Singapura, um investimento de 5500 milhões de dólares, e os singapureanos, conhecendo-os como os conhecemos, devem agora estar com sérias questões para resolver. Em Macau a rádio destacou o assunto, mas o Telejornal abordou timidamente a notícia. Amanhã a imprensa deverá comentar o acontecimento, que está aqui muito bem noticiado e desenvolvido no Yahoo! News de Singapura.

E quanto ao que se passa nos casinos, tudo normal. Já se sabe que onde há dinheiro há malandros, e só no casino da Alice do País das Maravilhas é que não existiria crime organizado. Desde que cheguei a Macau os casinos já deram tiros, raptos, pessoas cortadas às postas e encontradas no caixote do lixo, corpos a boiar no reservatório, execuções no meio da rua a meio do dia, meninas que são obrigadas a prostituir-se, indivíduos que dão tudo aos agiotas, gajos que dormem na rua porque não tem dinheiro para voltar a casa, tudo e mais alguma coisa. Não cuspo no prato onde como, porque se Macau é uma cidade economicamente confortável para se viver, é graças aos casinos, que representam praticamente a única fonte de receitas. Receitas essas, que como devem estar lembrados, servem para dar seis milenas a toda a gente quando lhes apetece, e atirar dinheiro aos problemas, para ver se eles vão embora. Assim tão bom, enquanto no rectângulo a malta preocupa-se com impostos, com a política, com o endividamento, com a Grécia. Que venha o jogo nosso de cada dia, e não deixai Singapura e os outros vizinhos cair em tentação. Amen.