domingo, 21 de março de 2010

Um olhar sobre o Venetian (ou quase)





Podia fazer “Um olhar sobre o Venetian”, mas sinceramente é demasiado vazio de significado para que se justifique. O Venetian é o plástico da imitação da imitação de plástico, um lugar que não lembra Veneza, não lembra Las vegas, não lembra Macau, não lembra nada. Lá podemos encontrar coisas que não encontramos nos supermercados e centros comerciais em Macau, mas a preços criminosos ou de qualidade bastante dúbia. Existe uma livraria interessante, repleta das últimas novidades em termos de literatura americana, desde livros sobre política a revistas, passando por livros infantis e jogos. Aí senti-me verdadeiramente em terras do Tio Sam. O Venetian está a abarrotar de “tailoques”, que são os tais turistas da China continental que são a grande mola da indústria do jogo em Macau. As comodidades estão todas adaptadas para os tailoques, desde as placas com os nomes das ruas em chinês simplificado, até ao serviço no food court. Devem haver prisões no norte de Inglaterra onde se pode comer com mais sossego. A comida é toda ela merdosa, passando por coisas que se podem encontrar na rua a preços mais interessantes, como o char-siu ou os min, até um parafernália de comida malaia, tailandesa, coreana e taiwanesa, tudo regado com muitos sais de fruta Eno, de preferência.





Há uma chocolate shop com chocolates convidativos a preços não tão convidativos assim. Creio que 99% da população chinesa média do território não gasta 88 patacas numa barra de chocolate ou 331 patacas numa caixa com 6 bonbons, que já dar para almoçar durante uma semana. Mais uma vez aqui o alvo são os tailoques, que são endinheirados e gostam de gastar à grande e à francesa em Aomen, quando os deixam vir. A qualidade pouco interessa, pois um gajo que compre uma camisa que custa duas mil patacas, é um homem a sério. Não importa que fique a parecer um idiota. A vertente cultural da coisa é assegurada por uns gondoleiros com ar asiático que entoam “Sole Mio” enquanto levam os fregueses pelo rio de água da torneira abaixo, ou por uma espécie de saltimbancos vestidos de arlequim que executam “street performances” de bradar aos céus. Depois de muito fotografados pelos tailoques, no fim ainda levam palmas, perante o ar estarrecido das criancinhas. Existe um restaurante italiano no terceiro andar, o , que até não é mauzinho, e existe o Fogo-Samba e mais um ou outro local de interesse. O que é muito pouco, realmente, para uma infra-estrutura onde se tem que andar quilómetros para ir de um sítio para o outro, passando por quartos, salas, corredores e casinos. Se eu fosse veneziano, ficava ofendido com a reprodução da cidade que aqui é feita. A luz é artificial, e até o céu é o tecto! Mamma mia, que não falta ainda “che pizza”, só que toda ela americanizada (isto além do McDonald’s e do Starbucks) e muitos empregados que falam inglês e mandarim, o que me deixa a pensar...

9 comentários:

Anónimo disse...

"Mamma mia, que não falta ainda “che pizza”, só que toda ela americanizada (isto além do McDonald’s e do Starbucks) e muitos empregados que falam inglês e mandarim, o que me deixa a pensar..." Ahhhhhh??? Pode explicar?

Leocardo disse...

Bem, fiquei a pensar "cadê a mão-de-obra local?". Mas deixe lá, não é o mais importante.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

O venetian é 1 bom exemplo de que nem sempre o que é caro é bom.Preços altissimos,pouca qualidade.O venetian é bom para enganhar os turistas.Só fui lá 2 vezes para passear e comer e não tenciono ir lá mais vezes.

Anónimo disse...

Se o Venetian é, sobretudo, para turistas, queria mão-de-obra local daquela que só fala cantonense?

Anónimo disse...

Convém agradar ao turista de HK que pouco gosta de falar inglês.

O Venetian peca pela fraca praça de alimentação. Pouca variedade, preços altissimos, e ausência das principais cadeias de "fast-food".


AA

Anónimo disse...

O turista de HK, normalmente, sabe inglês. Já vi muitos que - tal como os macaenses misturam chinês com português quando falam - misturam chinês com inglês, o que mostra que tratam o inglês como língua deles. Para além de que há turistas de outros sítios, e é óbvio que quem só sabe cantonês não pode trabalhar em nada relacionado com o turismo.

Anónimo disse...

O Macaense mistura chines com portugues quando fala e' porque sabe mais que uma lingua ao contrario de alguns que so' falam uma lingua, esses concerteza que nao misturam nada, porque nao sabem mais nada.

Anónimo disse...

Comi num restaurante tailandes la no venetian,o cozinheiro é portugues,a comida que ele faz é mais comida portuguesa que tailandesa.È uma grande porcaria.

Anónimo disse...

Então é comida luso-tailandesa. Também faz falta, que é um tipo de comida difícil de encontrar noutros sítios.