domingo, 7 de março de 2010

Quem vai ganhar os Oscares?


Na categoria de melhor filme, este ano estão nomeados dez filmes em vez dos habituais cinco. De todos os que vi, “Inglourious Basterds” é sem dúvida o melhor, o mais bem escrito, o mais bem representado, o melhor conseguido. Só que no caminho da glória de Quentin Tarantino está o ex-casal Cameron, James e Kathryn Bigelow, com os dois filmes mais sumarentos da época. James Cameron criou Avatar, que já é o maior filme da História, tendo tido o sucesso comercial e deixado os “movie goers” a sonhar com um mundo melhor, com o amor, enfim, uma desgraça. Só que “Avatar” vai ganhar o óscar não porque é um melhor filme, com uma melhor história e melhores intérpretes. Vai ganhar porque o povo quer que ganhe, e com a ajuda dos CGI, as imagens geradas por computador.

Kathryn Bigelow vai vencer o prémio de realização por “The Hurt Locker”, um filme sobre soldados americanos no Iraque, porque Cameron já venceu com “Titanic”. Este “The Hurt Locker” é um filme melhor em termos cinematográficos do que o próprio “Avatar”, com uma história real sobre pessoas reais, e extremamente bem realizado em terreno iraquiano hostil e perigoso. Uma espécie de documentário da vida real este ano na Academia. Melhor que “Avatar” é também “Precious: Based on the Novel "Push" by Sapphire”, que tem o condão de encantar com as representações femininas principais e secundárias, mas já lá vamos.

Na categoria de melhor actor o favorito é Jeff Bridges em “Crazy Heart”, filme que ainda não vi. Para mim a maior injustiça foi a não nomeação de Johnny Depp por “Public Enemies” no papel de John Dilinger, uma das maiores representações do ano. Dos que vi destaco George Clooney em “Up in the air”, que parece que vai ficar à espera de outra oportunidade, e Jeremy Renner no já referido “The Hurt Locker”.

Na categoria de melhor actriz Sandra Bullock vai ganhar com “The Blind Side”, um filme sobre futebol americano. Nada simpático para Gabourey Sidibe em “Precious”, que merecia o óscar pelo papel, que ainda por cima é o de estreia. Meryl Streep esteve adorável em “Julie & Julia” no papel de Julia Child, a excêntrica cozinheira americana de “cuisine française” que inspirou tanto do humor que existe em programas de cozinha.

Para melhor actriz secundária, a favorita começou por se Vera Farmiga por “Up in the air”, um desempenho de que gostei bastante, mas o óscar vai para Mo’Nique em “Precious”, porque tem que ser visto para ser acreditado. Indiscutível. Indiscutível também o óscar para Christoph Waltz em “Inglourious Basterds”, provavelmente a única coisa que Tarantino leva para casa (talvez juntamente com o melhor guião). O austríaco Waltz que encantou na pele de um cruel caçador de judeus da Gestapo tem concorrência de luxo: Matt Damon em “Invictus”, Stanley Tucci em “Lovely Bones” e Woody Harrelson em “The Messanger”. Gostava que Woody Harrelson ganhasse um dia, porque já merece, mas Waltz leva o prémio de certeza.

Para melhor filme estrangeiro aponto o excelente The White Ribbon, da Alemanha, sobre a origem do terrorismo, levando-nos à Alemanha no período antes da Primeira Guerra Mundial, e para melhor documentário de longa metragem The Cove, um documentário sobre golfinhos. A Academia continua sem ter um prémio que distinga a melhor comédia de ano, e este foi um ano muito bom para Hollywood em termos de comédia, com filmes como "The Hangover", "The Invention of Lying", "Forgetting Sarah Marshall" ou mesmo "Sherlock Holmes".

Boa sorte para todos, e quem ganhem os melhores – o que nem sempre acontece.

7 comentários:

Anónimo disse...

Um palpite:
Avatar
J. cameron
J. Bridges
M. Streep
C. Plummer
A. Kendrick
O Laço Branco

Raul

Anónimo disse...

Se achava que "Avatar" ia ganhar porque o povo queria que ganhasse, enganou-se. Esqueceu-se de levar em conta que as democracias já não são o que eram e o povo pode cada vez menos.

Curiosamente, apenas falhou nas categorias de melhor filme (tanto em inglês como estrangeiro). Está de parabéns, apesar disso, porque acertar 2 em 8 não é nada mau. O Raul, por exemplo, só acertou 2 em 7.

Anónimo disse...

ERRATA: Onde diz "acertar 2 em 8", leia-se "falhar 2 em 8" ou "acertar 6 em 8".

Anónimo disse...

Misturar Democracias com Óscares só pode ser para rir.

Anónimo disse...

Utilizar figuras de estilo, linguagem metafórica, é algo que não é susceptível de ser entendido por alguns leitores do Bairro do Oriente. É como pregar aos peixes. Ou dar pérolas a porcos.

Leocardo disse...

O ano passado errei um, este ano errei dois. Fiquei surpreendido que o Avatar não tenha ganho. Se tivessem escolhido o Inglourious Basterds tinha ficado contente, mas entre o Avatar e o Hurt Locker venha o diabo e escolha.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

O anónimo das 04:04 também se riu com o discurso de aceitação do Óscar da Mo'nique? Se não riu devia, porque ela disse que a Academia tinha provado dar Óscares realmente pela interpretação e não por motivos políticos. Misturou Óscares com política, também deve ser para rir...