sábado, 6 de março de 2010

Os blogues dos outros


Decorre em Pequim a reunião anual dos órgãos do Poder chinês, a Assembleia Nacional Popular e a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. O cerimonial e o aparato são os habituais, mas há uma novidade a registar no discurso adoptado pela liderança chinesa no ano corrente. Wen Jiabao, e Xi Jinping, que deverá suceder a Hu Jintao, direccionaram claramente o discurso político para a necessidade cada vez mais premente de aproximação dos rendimentos entre as zonas rurais e urbanas, para a diminuição drástica e rápida do fosso cada vez mais cavado entre ricos e pobres, potencialmente gerador de conflitos e confrontos. A liderança política chinesa receia que se caminhe na direcção oposta ao conceito confucionista de harmonia social que tem sido o "leitmotif " do discurso e acção políticas nos últimos anos.
Confrontados com um descontamento crescente entre a população, sobretudo a população com menores rendimentos, que se vê afectada diariamente com a constante especulação imobiliária e consequente inflacção, os líderes chineses viram-se obrigados a inflectir o discurso político direcionando o mesmo mais no sentido do pão do que da paz, porque só com aquele existe esta. No que diz respeito às duas Regiões Administrativas Especiais (RAES) não há grandes novidades a registar. Pequim continua a jurar fidelidade ao princípio "Um País, dois sistemas", mas uma fidelidade vigilante, como bem se pode deduzir dos "recados" enviados a Hong Kong, que continua a não encontrar o tão necessário equilíbrio harmónico. De resto, os elogios a Macau, o filho pródigo e bem comportado (também aqui há um"recado" para Hong Kong...) e a promessa de apoio às duas RAES. Com Taiwan à escuta, Pequim assegura que, sob a sua asa protectora, as RAES nada têm a temer. Também neste particular não há novidades a registar. Nem nos 8% de crescimento económico projectados. É uma estimativa conservadora, como tem sido sempre, mas sendo o 8 um número auspicioso, porque ligado foneticamente a riqueza, já se perceberá melhor a insistência da liderança chinesa no mesmo.


Pedro Coimbra, Devaneios a Oriente

À distância, na ocidental praia lusitana, muito fustigada pelas tempestades, não posso deixar de mandar um olhar rápido ao nosso Eça (espero que ele não me leve a mal) que manda umas arrochadas bem dirigidas a essa crisálida de um ego imenso chamada Fundação Oriente. E fá-lo com a mestria que lhe conhecemos apenas maculada pela sua obsessão pelo Futebol Club do Porto (Deus me livre). Pouco há mais a acrescentar se não dizer que finalmente a vergonha prevaleceu nas Necessidades e esta palhaçada vai ter um fim, com a personagem a tratar dos seus botões e dos seus negócios. A Escola Portuguesa é um assunto da diplomacia portuguesa e não propriamente do PS ou dos seus benemerentes. O seu a seu dono, portanto. Quanto à Casa de Portugal ser o liquidatário da FO em Macau não é nada que me admire, dadas as credenciais causídicas dos seus principais dirigentes. Como é tudo de esquerda fica tudo em casa. Depois de institucionalmente alertar (durante anos a fio) os responsáveis portugueses para o anacronismo da situação de Macau e da China para Portugal e para esta promiscuidade entre interesses empresariais e política do Estado, parece que afinal se pôs fim a esta pouca vergonha. Pena é que estejamos no tempo das vacas magras. E a política cultural do Estado se tenha que fazer com cêntimos contados não é Ana Paula Laborinho? Não serei tão sibilino com a Dra Ana Paula Cleto como o CMJ o é. Ser liquidatário é uma profissão difícil mas alguém tem que a fazer. Seguir-se-'a o IPOR de má memória e de muito mau registo. Também aí a inépcia, o desregramento e a pura incompetência andaram anos a fio de mãos dadas. E os contribuintes portugueses a pagar. Não tenho quaisquer ilusões que ninguém quererá mexer no armário com medo que lhe caia um esqueleto em cima, mas é pena porque se saberia então onde chegaram certas artimanhas financeiras. E mais não digo.

Arnaldo Gonçalves, Exílio de Andarilho

Numa primeira impressão, quando leio as teses de alguns pseudo cientistas sobre o exagero das teorias que versam sobre as alterações climáticas, apetece-me perguntar-lhes se o mau tempo que assola violentamente a Europa (com consequências trágicas em França e na Madeira, só para citar alguns exemplos) e dois terramotos arrasadores no espaço de um mês não são suficientes para os afastar do disparate. Claro que, de seguida, reflicto e concluo que o problema deles não é tanto a estupidez, mas sim a falta de carácter por venderem os seus cérebros aos interesses económicos. E, então, desisto da pergunta.

VICI, MACA(U)quices

Estou neste momento, sabe Deus porquê, a assistir à comissão de inquérito a essa espécie de jornalista de seu nome Manuela Moura Guedes. O espectáculo proporcionado pelos deputados é das coisas mais degradantes que tenho visto. Todos muito arrogantes conforme côr politica lhes interesse ou não, e o tema em debate. Interrompendo-se uns aos outros com tiques de superioridade bacoca. Srs Deputados deixem-me que vos diga, vão pró caralho, vocês estão a representar-me a mim, e a mais uns não sei quantos otários que ainda vão votar. Vão pró caralho, não é assim que eu quero que vocês me representem. Vocês acham realmente que o povo, os eleitores, vos acham graça ? Pois devem achar que a malta, qual carneirada, lá continua a ir votar.

Francis, O Dono da Loja

Nas palavras de Manuela Moura Guedes, pelas pressões exercidas, António Vitorino massagista deve explicações ao País, ao PS e aos accionistas da Prisa, aos emigrantes, ao Papa, aos Peixes: se o problema era o estilo de MMG, por que motivo a equipa que tratava do Jornal Nacional já não existe? Por que motivo as peças de investigação desapareceram? Por que não são divulgados os documentos do caso Freeport que estão na TVI desde Setembro e que implicam o primeiro-ministro? Onde pára o contraditório a respeito das «tranches, pagamentos, depósitos feitos e que envolvem a empresa Smith & Pedro»? Não se comportará Júlio Magalhães como outro marcelino, outro leite, outro baldaia, a fazer gestão política dos conteúdos não divulgados? Fiquemo-nos com isto: como reitera MMG, nunca a informação divulgada, posta no ar, foi alguma vez desmentida; a equipa que fazia este programa nunca foi condenada em tribunal ou contestada a informação produzida. Para meio entendedor, MMG tinha as costas demasiado largas. Ao homem de Estado, como inversamente à mulher de César, não basta parecer honesto, tem de ser honesto. É trágico quando nem se parece nem se é.

Joshua, PALAVROSSAVRVS REX

Mário Soares deu a sua enésima entrevista ao 'Público'. Algumas posições que defende sempre defendeu e já fartam. Outras é o resultado do que acontece aos homens da sua idade, e ainda outras demonstram que em política tem de se ser sempre subserviente ao partido. Li a entrevista e gostei. Por quê? Porque é sinal que Mário Soares está vivo. Um homem assim nunca devia morrer para ficarmos a saber constantemente de que lado da barricada nos devemos situar, e especialmente, não do seu lado. Numa passagem da entrevista, Mário Soares afirmou: "Só se fala das nossas fragilidades, do derrotismo nacional, das escutas ilegais, das roubalheiras. Mas não se discute como combater tudo isso"... Pois não, dr. Soares. Não se discute porque não há prisões que cheguem para tanta roubalheira.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

José Sócrates foi visto a correr logo de manhãzinha na marginal de Maputo. Perguntar-se-á: se ele ainda mal começou a trabalhar nestes cinco meses de governo, que bicho lhe terá mordido para ficar com tanta pressa assim de repente? Nem as razões que invocou me parecem plausíveis: «cercado», «comem-nos vivos», «tenham piedade». Estaria a fugir dos tubarões? Ou tinha avistado algum pirata da Somália tipo sereia? (Isto é: um pirata anfíbio com corpo de antropófago e rabo de piranha.) Uma coisa que me ficou cá a remoer no toutiço foi a expressão que o primeiro-ministro utilizou: «comem-nos vivos». A ele e a mais quem?

João Carvalho, Delito de Opinião

No jornal I d’hoje num tão imbecil quanto pouco sério artigo “Mãe o meu namorado pode dormir em casa?” a jornalista Katia Catulo, através do testemunho de três mães, (que presumo serem divorciadas) faz a apologia da virtude da permissividade quanto às filhas adolescentes para trazerem os seus namorados a “dormirem” em casa. Tão inevitável quanto tirarem as fraldas, presume-se...E para dar um ar sério à coisa e prevenir os casos em que a mãe possa ser despachada para o sofá da sala, não falta uma caixa com o título “Os pais também têm direitos”. Pura conversa da treta em papel de jornal.

João Távora, Corta-Fitas

Gosto da Feira da Ladra, gosto das misturas que ali sucedem , da mistura do comerciante com o vendedor de ocasião, das velharias com as bugigangas roubadas, dos pequenos delinquentes com a polícia, do ambiente em que a regra é não te metas no meu negócio, não perguntes qual a origem da “antiguidade”, gosto de ver o antiquário em busca das velharia, do bombeiro a comprar botas novas do comerciante de artigos militares, antigo colega de económica que depois de se fartar de previsões na PT ficou com o negócio do sogro. Mas não gosto da imensa Feira da Ladra em que se transformou Portugal, uma feira onde tudo se trafica, desde cassetes de escutas a princípios deontológico, onde a democracia está à venda como se fosse um imenso painel de azulejos roubado e vendido azulejo a azulejo. Tal como na outra nesta Feira da Ladra tudo está à venda, os compradores fazem de conta que não conhecem os vendedores, ninguém pergunta de onde veio o produto, a polícia faz de figura presente só intervém se alguém perturba o bom ambiente dos negócios. É uma feira feita de silêncios, de cumplicidades, quem vende sabe que roubou, quem compra sabe que o que leva para casa foi roubado. A regra é o silêncio, o encobrimento. Nesta Feira da Ladra os políticos vendem a independência, os jornalistas vendem-se ao patrão, os agentes da justiça vendem a democracia. Quem não quer ir à feira, quem não quer negociar nesse mercado tem de se calar, se levantar a voz, se incomodar os que nela participam sujeitas a vendetas, todos, compradores e vendedores dessa feira se unem para o destruir. Quem não alinhar no negócio sabe que na próxima terça-feira ou sábado é a sua vida privada que estará à venda, em toalhas estendidas no chão estarão cacetes com as suas conversas telefónicas, fotografias retratando a sua intimidade, atestados certificando a sua identidade. O agente da justiça transforma-se em operador de som, o jornalista em bufo, o político em limpa fundos de aquário.Nesta imensa Feira da Ladra não é só a democracia que está à venda, é a esperança de um povo, a alma de um país vendida a baixo preço por canalhas que no dia a dia se armam em gente fina, gente que se alimenta da miséria de um povo, do subdesenvolvimento de um país, gente que se escuda atrás de uma democracia que estão a vender como se fosse bugiganga roubada.

Jumento, O Jumento

Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que deus exista, nem ele, alguma vez, fez prova de vida. Não há qualquer evidência de que exista o ser que os homens criaram à sua imagem e semelhança, onde se notam traços evidentes das tribos patriarcais que há cerca de seis mil anos o inventaram. Há razões intelectuais para descrer de um deus de que não existe qualquer prova, apesar dos risíveis milagres que lhe atribuem para perpetuar uma crença inculcada, quase sempre na infância, e alimentada pelos constrangimentos sociais e na perpetuação dos medos como mecanismos de manutenção do poder. São razões morais as mais fortes para que o ateísmo não se transforme numa convicção pessoal silenciosa, pois jamais alguém matou ou foi morto por duvidar do movimento de rotação da Terra ou da lei da gravidade, mas diariamente se mata e morre em nome de um deus verdadeiro que cada crente julga ser o seu. Não há lapidações, fogueiras ou decapitações para quem não acredite numa lei da física ou numa teoria da biologia mas corre perigo quem manifesta dúvidas sobre a sanidade mental dos profetas ou sobre os ensinamentos que cada religião propaga. Não podemos conformar-nos com o ódio que os sunitas sentem pelos xiitas, os cristãos pelos judeus, os muçulmanos pelos hindus e, todos, por quem não acredita nos poderes invisíveis que controlam o universo. Temos de ter presente que as religiões monoteístas, cheias de interditos, são herdeiras e guardiãs dos preconceitos morais de uma época mais cruel e intolerante do que hoje. Há, pois, razões morais para nos opormos à vingança, crueldade, violência, espírito misógino e homofobia que as religiões propagam e às relações de poder que desejam perpetuar, nomeadamente à subordinação a que querem submeter a mulher.

Carlos Esperança, Diário Ateísta

Ainda hei-de ir a Meca ver o que é que Alá de interessante.

João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

5 comentários:

Anónimo disse...

Vici, quando se fala sem saber é chato.

O número de terramotos de magnitude entre 8.0 e 9.9 em 2009 foi o mesmo que em 2000 = 1. Oscilam na última década entre 1 e 2.

O número de terramotos tem, aliás, vindo a diminuir. Em 2000 tivemos 22256 terramotos. Em 2009 foram 14788.

Demonstrado que está que a tua opinião, como a dos alarmistas, não se baseia em factos, tenho sugestões para a 2.a pergunta:

- Perguntar aos pseudo-cientistas do aquecimento global porque é que andaram a martelar e a falsificar dados todos estes anos para os tais catastróficos relatórios.

- Perguntar porque razão as principais questões em Copenhaga se prendia com o aumento do financiamento às suas actividades de falsificação de relatórios e aos mecanismos comerciais de troca/venda de quotas de CO2. Será por se moverem à conta de poderosos interesses comerciais?

Quando falas em terramotos arrasadores estás também os seguintes e a dizer que existiam alterações climáticas nessa época? Como por exemplo:

1780 - Irã (Irão) - matou 200.000
1755- Lisboa - matou 80,000;
1556 - Shaanxi (China) - matou 830.000

Mais um que, face à demonstração de que os dados dos catastróficos relatórios são falsos, decidiu assumir isto como uma questão de fé e crença militante. Tens a companhia do marocas.

Anónimo disse...

1. Confesso que, depois de ler o comentário do anónimo das 21:33, tive de ir ler de novo o post do VICI, porque da primeira vez que o li tinha ficado convencido de que ele estava a criticar os defensores da treta do aquecimento global e não o contrário.

O que me enganou foi esta passagem: "Claro que, de seguida, reflicto e concluo que o problema deles não é tanto a estupidez, mas sim a falta de carácter por venderem os seus cérebros aos interesses económicos" (sic). Eu não diria melhor sobre os (esses sim!) pseudo-cientistas do aquecimento global. E achava (e continuo a achar) que ninguém no seu perfeito juízo poderia escrever uma coisa destas sobre quem não acredita no tal aquecimento global.

Afinal, quem é que vende os seus cérebros aos interesses económicos, se todos sabemos (ou deveríamos saber) que os pseudo-cientistas que defendem o aquecimento global é que são principescamente pagos pelos governos, enquanto quem se lhe opõe é boicotado e praticamente silenciado?

Isto para já não falar nas quotas de CO2, que me dão a entender que, afinal, é tudo uma questão de dinheiro, e dos impostos aos cidadãos que compram electrodomésticos de primeira necessidade, como os frigoríficos, impostos esses que dão muito jeito aos cofres do Estado.

2. Excelente post do Carlos Esperança, que explica claramente o absurdas que são as religiões, especialmente as monoteístas.

Anónimo disse...

Excelente posto do Carlos Esperança... se for preciso tambéms se arranjam excelentes posts sobre o absurdo do ateísmo, não é por aí...

Anónimo disse...

Absurdo é afirmar que existe uma coisa que não se consegue provar. Mais absurdo ainda foi esses que afirmavam o que nunca viram terem condenado gente à fogueira por afirmar algo que os cientistas já tinham provado, como ser a terra a girar à volta do sol e não o contrário. Quanto a absurdos, estamos conversados.

Anónimo disse...

Absurdo é o reparar que nunca mais lemos aqui o agradecimento do Severino ao Leocardo. Que mal teríamos feito ao homem para nunca mais cá vir? Volte que tem amigos cá em Macau.