1) A questão do pavilhão de Macau à Expo 2010 que se inicia daqui a dois meses em Xangai continua a fazer correr muita tinta. Primeiro o arquitecto autor do projecto, Carlos Marreiros, desalinhou-se com a coordenadora do Gabinete da RAEM para a Expo, Christiana Ieong. Em causa estariam umas alterações ao projecto de Marreiros sem o consentimento deste, o que levou a polémica para as primeiras páginas dos jornais. Christiana Ieong respondeu hoje que "está tudo conforme a lei", pois o Gabinete detém os direitos de propriedade intelectual da obra. O confronto entre a integridade artística e a agilidade burocrática. No fundo quer-se dizer que Marreiros "fez a sua parte", e agora o resto fica entregue aos Deuses. Neste caso, ao Governo. E não vejo qualquer vantagem para Macau se isto avançar para as instâncias judiciais. É feio.
2) Foi primeira página na edição de hoje do Ponto Final. Um grupo de professores da Universidade de S. José (ex-IIUM) que viu os seus contratos vencidos acusou a instituição de "facilitismo" com certos alunos, dizendo que foram pressionados para passar estudantes que não adquiriram as competências necessárias. Os professores dizem ainda que a instituição não cumpriu o aviso prévio da cessassão dos contratos. Alguns dos depoimentos citados no excelente artigo de Maria Caetano chegam a roçar o surrealismo; uma professora, por exemplo, diz ter sido instruída pela Universidade a levar plasticina para a sala de aula como material pedagógico. O reitor Ruben Cabral defende-se dizendo que os contratos foram devidamente terminados, que alguns professores tiveram dificuldades de adaptação aos métodos pedagógicos da USJ, e defende que "o modelo pedagógico adoptado pela Universidade de São José 'privilegia o esforço e o empenho', ainda que os alunos não tenham adquirido os conhecimentos programados", e que “só não passam aqueles que não querem trabalhar”. Compreende-se perfeitamente que se premeie o esforço e a boa vontade, mas no caso de uma instituição de ensino superior que visa formar profissionais para cargos de responsabilidade, será isso um substituto para o conhecimento e para a experiência?
3) Pinto Fernandes deixou-nos no último Sábado, e hoje a imprensa foi unânime em render homenagem a este português que fez parte das últimas três décadas da história do território. Um profissional exemplar, um grande homem e uma voz crítica pertinente. Pode-se dizer que a crónica de opinião em Macau ficou muito mais pobre. Leia
aqui o último artigo de Pinto Fernandes para o Hoje Macau.
6 comentários:
"o modelo pedagógico adoptado pela Universidade de São José 'privilegia o esforço e o empenho', ainda que os alunos não tenham adquirido os conhecimentos programados", e que “só não passam aqueles que não querem trabalhar” (sic).
Se dúvidas houvesse, aqui está a prova de como os professores têm razão. Isto só tem um nome: FACILITISMO, evidentemente!
Aliás, o IIUM (agora pomposamente chamado de Universidade), sejamos claros, é uma boa merda (e falo com conhecimento de causa).
" ...Ainda que eles nao tenham adquirido os conhecimentos programados..."
Bom, espero que eles nao se ponham com cursos tipo engenharia de pontes, ou medicina.
Dediquem-se antes a oferecer cursos de jornalismo, ou da banha da cobra, tipo sociologia.
Pelos menos nao matam ninguem.
2- a IIUM anda a deixar formar metres sem terem capacidade de redigir uma tese, facilitismo para que tenham mais alunos que lhes pagem as propinas e digam a outros interessados que ali e' facil
(e eu tb falo com conhecimento de causa).
A Universidade de São José está muito bem a tirar partido de um nicho de mercado que há muito existe em Portugal. Se a qualidade de ensino ali não presta, o que dirá da UM?
AA
Qualquer dia, temos o Engº Sócrates a tirar doutoramento por correspondência na Universidade de São José.
O Socretino é que se calhar ainda não sabe que a Universidade de S. José existe. Universidades destas são o seu forte.
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