Há mais ou menos dez anos Carlos Morais José assinava nas páginas do Ponto Final um artigo intitulado "Os trabalhos de Wang", aquando da tomada de posse do então director do Instituto Cultural, Wang Zengyang. Passada uma década, e já nas páginas do seu Hoje Macau, CMJ escreve agora
"Os trabalhos de Ung Vai Meng", um excelente artigo que põe o dedo na ferida daquilo que têm sido os últimos anos (sempre?) da forma como se trata a cultura em Macau.
Eu vou ser franco: eu gosto é de música boa. Gosto de ópera, de musicais, de bom teatro numa língua que se perceba. De cenas que passaram por cá trazidas pelo IC, gostei dos Madredeus, do Vitorino com os cubanos, e de mais uma ou duas coisas. Os festivais é que alteram coisas de que gosto, com coisas de que não gosto. Não gosto, por exemplo, de
ballet, recitais de piano ou violino, ou música de câmera (ou câmara, se quiserem). Na verdade já perdi a conta a concertos de música ligeira onde fui e vi pessoas a dormir, ou visivelmente desconfortáveis, à espera de bater palmas e ir embora.
É preciso perceber e desculpar o Instituto Cultural, pois não têm minimamente a culpa da falta de cultura da população. Não é responsabilidade do IC a forma como as pessoas são educadas, que tenham mau gosto musical, ou que não se saibam comportar num espectáculo. Também não é culpa do IC que em Macau reine a cultura do miserabilismo, que as pessoas não gastem mais do que o estupidamente necessário, e que os únicos que investem na "arte" são os casineiros e afins. E mesmo assim alguns consideram a roupa de Michael Jackson "motivo de grande interesse", e até lhe chamam de "museu".
A questão da gestão do IC ultrapassa-me completamente. Desconheço se os anteriores presidentes tiveram ou não um desempenho positivo, uma vez que nunca senti uma grande mudança nesse sentido. Na verdade considero que em Macau realizam-se mais espectáculos organizados pelo IC do que seria de esperar, uma vez que temos apenas uma elite que se interessa realmente pela cultura, e obviamente que dado o seu intelecto superior, têm sempre razão de queixa.
A única coisa que tenho realmente razão de queixa é a forma como se processa um certo tipo de acesso à cultura. Obviamente que falo da venda de bilhetes para os espectáculos, uma cena a fazer lembrar os racionamentos no tempo da guerra, com bichas de dois quilómetros logo às 6 da manhã do dia que os bilhetes começam a ser vendidos. Devia existir ainda uma forma de que as pessoas que quisessem mesmo ir ver os espctáculos tivessem prioridade na aquisição dos bilhetes, em vez do habitual açambarcamento registado por alguns grupos e elites. Se quiserem convidar os amigos todos, façam uma sala maior, ou paguem uma sessão privada.
Soluções? Não sei, eu preocupo-me um pouco mais com problemas que me dizem respeito todos os dias (o trânsito, por exemplo), e graças a essa fantástica invenção que é a internet, posso obter a cultura toda que quiser sem sair de casa. Vejo muito por aí artistas que se queixam da sorte, de como Macau não apoia, não incentiva, não encoraja. Olhem meus caros, as coisas são como são. É a lei do mercado, acho.
11 comentários:
Afinal este nao e' um Blogue de Macau sobre Macau, e' um Blogue de Leocardo sobre Macau.
Logo vi que gostavas de musicais...
O anónimo das 12:12 parece que descobriu a pólvora LOL
Então se é o Leocardo que escreve no seu blog o que quer sobre Macau, havia de de ser o quê?? O blogue do Pai Natal??
A não ser que o anónimo conheça alguém que se chame Macau...
Afinal este nao e' um Blogue de Macau sobre Macau, e' um Blogue de Leocardo sobre Macau.
Este é dos comentários mais inteligentes que já li. Este é daqueles que nunca apanhou um táxi para casa, porque os táxis não cabem no elevador.
Cumprimentos.
O anónimo das 12.12 deve ser o Manuel Machado,não se percebe nada daquilo que o homem diz.
se queres bilhetes antecipados faz-te amigo do CCM e ja podes lir la comprar bilhetes uns dias antes
Não percebo o porquê de tanto interesse da imprensa portuguesa nas chefias do IC. O IC serve para o que serve e vale o que vale (aos olhos do povo). Macau tem outras prioridades que não a cultura. A cultura não enche barriga diz o meu amigo Leong Ian que era meu vizinho no Ocean Gardens.
AA
É verdade, anónimo das 22:02. Eu sou amigo do CCM e vou lá sempre comprar os meus bilhetes quando são postos à venda. Mas, mesmo assim, há problemas. Eles comprometem-se a enviar-me antecipadamente por correio electrónico o programa mas, depois, enviam-me a publicitação de determinado espectáculo umas 3 ou 4 vezes, enquanto se esquecem de publicitar outros que até me interessavam mais. E, quando dou por isso, às vezes já é tarde de mais e os bilhetes estão esgotados. Já pensei em não renovar a minha "amizade" com o CCM por causa disso.
Voces e' que sao uns burros, nao viram o sarcasmo. Seus idiotas.
Oh anónimo das 03:09 mete o sarcasmo no teu kuzinho,ok?
Anonimo de 12.17, pelos vistos a carapuca serviu.
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