sexta-feira, 3 de julho de 2009

Os blogues dos outros


Aguarda-se a todo o momento, e já passou muito tempo, que José Sócrates demita o ministro da Economia. Manuel Pinho praticou o gesto mais indigno jamais visto no Parlamento português. O ministro dos disparates passou hoje dos limites em pleno hemiciclo de S. Bento durante o debate do "estado da Nação": fez cornos para o deputado do Partido Comunista, Bernardino Soares. Melhor dizendo: chamou "cornudo" a um deputado eleito pelo povo. Escabroso, imbecil, vergonhoso, reles e vexante para um qualquer governante que toma uma atitude de tão baixo nível.

João Severino, Pau Para Toda a Obra

O ministro Pinho acumulou gaffes mas enunciou aquilo que vai ser o argumentário do PS: a esquerda é amiga dos trabalhadores e a esquerda é moralmente superior. Se o par de cornos tivesse sido feito por um ministro do PSD ou do CDS o caso tinha contornos ideológicos que aqui foram anulados porque quer o PS quer o PCP e o BE se dizem de esquerda logo são amigos do trabalhadores. Digamos que têm divergências quanto às manifestações dessa amizade. Mas estão de acordo em que são eles os amigos dos trabalhadares. Esta vai ser a faena dos próximos meses.

Helena F. Matos, Blasfémias

O estado da nação fica bem ilustrado pelo inqualificável episódio de ontem, envolvendo o ministro Manuel Pinho, e pelo grotesco espectáculo de hoje das eleições no Benfica, com total desrespeito, aliás pré-anunciado, de uma sentença do Tribunal. De uma assentada, três órgãos de soberania sofrem vexame público e notório.
Manuel Pinho, Ministro, perante o Governo e a Assembleia da República, demonstrou a consideração que lhe merecem os seus colegas ministros, o órgão de que fazia parte, os deputados perante os quais responde e o próprio Parlamento. Nenhuma!...
Mais grave ainda, ajudou ao acumular da degradação de dois órgãos de soberania, já tão mal vistos pelos portugueses, mas cujo bom funcionamento, assente em pessoas competentes e com forte ideia de serviço público, são essenciais à nossa vida colectiva. Hoje, depois de o Tribunal ter suspendido uma das listas concorrentes às eleições do Benfica, tudo se passa como nada tivesse acontecido. Pior, foi pré-anunciado que a sentença do Tribunal não seria acatada. E que fazem os órgãos de soberania, Governo e Tribunal? Mandam a polícia encerrar o acto, por desobediência pública? Nada!... Ligadas directa ou indirectamente à lista suspensa estão deputados e ex-deputados, autarcas, gestores e ex-gestores de empresas públicas, comentadores, pessoas com opinião semanal nas rádios e televisões, apresentadas regularmente como elites deste país. Qual a posição pública desta gente perante a desobediência face ao Tribunal? Nenhuma!...Ser eleito ou promover-se, mesmo violando grosseiramente a lei, faz parte dos seus objectivos pessoais. Perante a indiferença dos poderes públicos e o apoio à rebelião das figuras gradas, como ficar espantado que muitos sócios digam nas televisões que quem manda no Benfica são eles e que o Tribunal não tem que se meter? Dois episódios que mostram o apodrecimento e evidenciam como a moléstia se vai rapidamente propagando, mas também explicam onde está a podridão.
Lançar fora os produtos podres é elementar regra de higiene.


Pinho Cardão, Quarta República

Após ter feito no Parlamento, à frente de todo o País, o gesto de cornudo (El País, 2-7-2009, via PPM) para o deputado Bernardino Soares do PC (a quem apontou depois como destinatário), o ministro Manuel Pinho abandonou a sala do plenário da Assembleia da República. Confrontado à saída da sala, pelos jornalistas se tinha condições para continuar no Governo, o ministro respondeu: «absolutamente». Não queria demitir-se. Ainda voltou à sala, mas depois saíu - «"escoltado" por Silva Pereira, ministro da Presidência e Santos Silva para se dirigir às instalações do ministro dos Assuntos Parlamentares» (tal e qual, no relato dramático-hagiográfico do DN de 3-7-2009). Manuel Pinho não foi visto a falar com José Sócrates, nem se viu José Sócrates a deixar a sala, nem se viu o primeiro-ministro a falar ao telefone ou a receber qualquer escrito. No entanto, no final da sessão, à saída do plenário, o primeiro-ministro declarou: «durante o debate, o senhor ministro da Economia comunicou-me a sua vontade de se demitir, demissão essa que eu aceitei»... A aparência que fica, para lá dos discursos, é que, na realidade, inaugurando uma nova prática constitucional, o ministro da Economia foi demitido pelo ministro da Presidência e pelo ministro dos Assuntos Parlamentares. Consta que Salazar mandava um bilhetinho; Sócrates é mais recados. Não foi apenas aí que, nesta sessão, o primeiro-ministro Sócrates inova na prática constitucional. Disse Sócrates para os jornalistas, à saída do debate:
«Pedi também ao senhor ministro das Finanças que substituísse o ministro da Economia nos próximos meses, até ao final da legislatura. (...) Já aceitei a demissão dele. Tratei já da sua substituição pelo senhor ministro das Finanças.»
Como disse ontem, José Sócrates esqueceu-se de que a demissão de um ministro tem de ser aceite pelo Presidente da República, tal como a nomeação do novo ministro da Economia. Lembro que o Presidente Mário Soares não aceitou nomear o Dr. Fernando Nogueira como vice-primeiro-ministro do XII Governo Constitucional em 1995, após a sua eleição como novo líder do PSD, contrariando a vontade do Governo liderado por Cavaco Silva. Não creio que Cavaco Silva não nomeie Teixeira dos Santos como novo ministro das Finanças, muito menos que impeça a demisão de Manuel Pinho. Mas o poder é do Presidente da República. Não é o primeiro-ministro que decide este assunto sozinho: o primeiro-ministro de Portugal não deve desrespeitar assim o Presidente da República, para mais em público. Todo este comportamento demonstra a falta de respeito contumaz do primeiro-ministro: falta de respeito pelos órgãos de soberania, pelos adversários e pelo povo. Falta de respeito que origina comportamentos destes que vão embaraçar o Partido Socialista durante anos e se reflectirão já na eleição legislativa de Setembro.


António Balbino Caldeira, Do Portugal Profundo

"Eu estou de consciência tranquila."
"O País está em crise."
"Os tribunais não funcionam bem, isso é gravíssimo."
"A sensação de impunidade que há no nosso País é muito grave."
"Os momentos mais felizes passei-os fora do ministério."
"Agora quero é passar umas belíssimas férias. Creio que mereço."
Manuel Pinho, em entrevista à SIC Notícias onde resistiu a fazer gestos ordinários com os dedinhos.


Pedro Correia, Delito de Opinião

No sítio do costume, Fernanda Câncio faz a única pergunta que interessa sobre o mais célebre incidente da legislatura: afinal, o que é que Manuel Pinho queria mesmo dizer com a exibição parlamentar dos simbólicos apêndices?
Confesso que também não sei. Mas, para que esta questão decisiva para o futuro da democracia portuguesa não fique sem resposta, o Cachimbo vai organizar de imediato um inquérito aos seus leitores (tipo aqueles que o Daniel Oliveira faz para perceber o que se está a passar no Irão e nas Honduras, só que com mais hipóteses de escolha).
Ei-lo:
Os corninhos que Manuel Pinho fez ontem no Parlamento ao deputado Bernardino Machado têm o seguinte significado:
1- O Ribatejo será nosso, camarada.
2- À mulher do Czar não basta ser séria, é preciso parecer.
3- Também não sei se a Corneia do Norte não será uma democracia.
Podem votar nos comentários. (E a Fernanda e o Daniel não precisam de me agradecer.)


Pedro Picoito, O Cachimbo de Magritte

A direita ranhosa ficou radiante com a parvoeira do aparvalhado ex-ministro da Economia. Nada de mais apropriado. Há uma natural afinidade entre a substância neuronal da direita ranhosa e o serrim de Pinho.

Valupi, Aspirina B

e afinal...de onde é que Pinho conhece a mulher de Bernardino Soares?

Rodrigo Moita, 31 da Armada

Sócrates é o único responsável pelo mau comportamento dos membros do governo. Quando o líder pensa que é uma fera...

Joaquim, Portugal Contemporâneo

Sugestão para o fim de semana:
No Campo Pequeno Jerónimo El Soza bate-se com 6 imponentes Pinhos, em pontas!


João Moreira de Sá, Arcebispo de Cantuária

1 comentário:

Anónimo disse...

O Manel Pinho é aquele que veio à China dizer aos empresários chineses para investirem em Portugal e apresentou como mais forte argumento os baixos salários que se pagam naquele país, não é? Ou seja, veio vender areia para o deserto. O governo socretino foi fértil em gente disparatada, mas este Manelito excedeu todas as expectativas.