Uma história de amor e sofrimento, ou de como custa ser o único porco no Afeganistão. Khanzir (que significa simplesmente "porco", em pashtun) é o único porco em todo o Afeganistão. Khanzir rebolava tranquilamente na lama do zoo de Cabul, quando surgiu a gripe suína. Menos cruéis que os seus camaradas egípcios, que provocaram um autêntico Holocausto suíno, os afegãos isolaram o porquinho numa quinta durante dois meses. Depois da versão afegã de veterinário ter tido a certeza que Khanzir não representava qualquer perigo para o comum dos mortais, voltaram a deixá-lo no zoo, onde pode ser visto por toda a gente. Mas será que pode mesmo?
Alguns visitantes recusam-se a conviver harmoniosamente com Khanzir. "É completamente haram [proibido no Islão], nem deviamos olhar para ele", disse Nassir, um visitante do zoo. Outro visitante, Razaa, de apenas 17 anos, cobriu o nariz e a boca com a camisola. "É a coisa mais suja que existe no mundo, e pode transmitir-nos doenças", disse o informado jovem. Contudo, alguns visitantes ficaram apenas intrigados. Fatemeh, 22 anos, estudante de biologia diz que "é um animal interessante; mas como é
haram não podemos comê-lo, por isso não serve para nada".
O porco foi oferecido pela China ao zoo de Cabul, juntamente com outro que morreu há dois anos. O zoo de Cabul, sujo, semi-destruído e nada funcional, foi reaberto depois da queda do regime talibã. Durante a guerra civil de 1992/94, guerrilheiros Mujahideen comeram as renas e os coelhos, e mataram o único elefante. Bombas encarregaram-se de destruir os aquários. Não foi reportado ainda qualquer caso de H1N1 no Afeganistão.
1 comentário:
Em vez de a China lhes oferecer porcos, animal pelos vistos pouco apreciado por aquelas bandas, podia-lhes oferecer uigures. Talvez fosse um bom negócio para ambas as partes.
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