"Cada roca com o seu fuso, cada terra com o seu uso", diz com razão o povo. Temos muitas vezes a mania de censurar hábitos, tradições e até a alimentação de outros povos, sem pararmos para pensar um pouco, que talvez alguns dos nossos costumes sejam também considerados "estranhos" para os outros povos. Enquanto se discute quem é o dono da educação ou o rei da etiqueta, compilei algumas "gafes culturais" que os estrangeiros fazem à volta do mundo.
Por exemplo enquanto na Europa é considerada má educação não cumprimentar alguém com um aperto de mão, uma mãozinha no ombro ou um beijinho (se for uma senhora), já na Coreia, por exemplo, é ofensivo dar uma palmada nas costas de alguém que não se conhece bem. Na Tailândia a cabeça é considerada sagrada, pelo que não se deve tocá-la. Nem a das crianças para fazer uma festinha. Em países como a Arábia Saudita, homens e mulheres são proibidos de interagir, quanto mais tocarem-se.
Em alguns países como a Índia ou Marrocos, bem como em alguns países da África ou do Médio Oriente, é hábito comer-se com as mãos. Deve ser utilizar-se a mão direita, uma vez que a esquerda é para "outras tarefas". Se não seguir esta regra pode ter a certeza que os seus convivas locais ficarão escandalizados. Se for canhoto tente comer na mesma com a mão direita, ou explique o problema com antecedência. Ao servir-se de uma porção de comida tenha a certeza que apanha a mais próxima de si, pois é má educação estender o braço até ao meio da mesa.
Nos países escandinavos ou na Turquia é considerado quase um sacrilégio usar roupa numa sauna ou num hammam. A sauna é considerado um lugar de pureza e reflexão, onde se deixam as impurezas do mundo no exterior. Na Suécia ou na Finlândia famílias inteiras chegam a fazer saunas juntas, e como Deus os trouxe ao mundo. Se for demasiado modesto para ficar nu, é aceitável enrolar as partes baixas com uma toalha. Fatos de banho, nem pensar.
Não olhar nos olhos da pessoa com que se fala é considerado má-educação ou um sinal de fraqueza. Os alemães têm uma superstição engraçada: se não olhar directamente nos olhos de um alemão numa cervejaria, são sete anos de azar para ambos. Já na Coreia ou no Japão manter contacto visual durante muito tempo pode fazer o seu interlocutor sentir-se pouco à vontade. Portanto tire os olhos dos olhos dos japoneses, e mantenha-os nos alemães.
Quando se bebe, há aspectos a ter em conta. Por exemplo na Rússia deve beber-se um copo de vodka de um gole só, ou os russos perdem-lhe (ainda mais...) o respeito. Na França tenha a certeza que quando se serve de vinho, serve também os restantes convivas na mesma mesa. Na Coreia as mulheres só podem servir vinho aos homens, e nunca a outras mulheres. Na América Latina "dá azar" segurar o copo com a mão esquerda.
Mais maneiras à mesa. No Ocidente é barbárico arrotar-se à mesa ou sorver a sopa, no entanto no Médio Oriente arrotar depois de uma refeição significa que se gostou da comida. Os chineses arrotam livre a sonoramente, uma vez que acreditam que aquele "ar quente" é prejudicial à saúde, e tem que sair independente da situação ou local. Para os japoneses quanto mais barulho se faz ao comer, mais deliciosa está a comida.
E por falar em comida, todos sabemos que no Ocidente é suposto recusar se alguém que visitamos às horas das refeições nos convida para comer. No entanto na Turquia recusar comida é uma enorme falta de educação. Se vai visitar amigos turcos, tenha a certeza de que tem alguma fome (falo por experiência própria). No Norte de África é boa educação aceitar quando alguém nos convida para beber chá.
Devem-se tirar os sapatos quando se visita a casa de alguém? Na Europa não. Na Ásia sim, por favor. Em países como a China, Tailândia, Coreia ou Hawaii (já sei, não é um país, portanto poupem-me) tirar os sapatos à entrada é não só uma forma de manter o chão da casa limpo, mas também de não arrastar alguma "má sorte" que se tenha trazido da rua. Em caso de dúvida, em locais onde veja sapatos à porta, é melhor começar a tirar os seus.
Em alguns países africanos, algumas partes da China e do Japão é considerado desrespeitoso conversar à mesa. A não ser que o assunto seja a comida propriamente dita. Falar do dia de trabalho ou das suas aventuras pode esbarrar com uma muralha de silêncio. A hora da refeição é sagrada. O que também é sagrado para os finlandeses são as saunas (como aliás já referi em cima), portanto convém ficar a derreter em silêncio.
Finalmente cuidado quando conduz noutros países, principalmente com o temperamento. No Hawaii por exemplo é quase proibido buzinar, e se for parado pela polícia na Rússia é melhor não protestar e pagar logo a multa (ou o respectivo suborno), senão pode acabar na prisão! E não se esqueça que alguns gestos têm significados diversos em diferentes países. Os italianos, bastante expressivos com as mãos, têm um código de condutas e gestos difíceis de perceber. No Médio Oriente levantar o polegar é um insulto. Se for nervoso a conduzir, é melhor apanhar um táxi...
9 comentários:
Gafes Culturais no Bairro do Oriente: opinar sobre outra coisa que não seja a Igreja Católica
O Ayatollah Ali Khamenei, o Imã do Irão, há dois dias na 4ª Conferência de Apoio à Palestina criticou os pragmáticos muçulmanos que aceitam a existência temporária da entidade sionista, por estarem convencidos de que Israel é forte demais, e atacou sem piedade os que sinceramente aceitam a possibilidade de coexistência pacífica com a entidade que há 60 anos “ocupa ilegitimamente” o território.
Disse que o Holocausto deve ser negado porque “serve como desculpa à usurpação da Palestina".
Quantos posts merece este religioso que se intromete na vida em sociedade? Zero.
O que diz esta besta? Nega o Holocausto como o fez uma besta de um religioso católico (que foi expulso por pressão dos seus pares) e que mereceu aqui algumas postas.
No entanto, merece ele qualquer chamada de atenção? Não. Claro que não. Em primeiro lugar porque não pertence à Igreja Católica. E, em segundo lugar, porque como defendeu o Leocardo, o Islão tem 7 séculos de atraso e irá progredir. Pois irá, de bomba em bomba a mando destes religiososo islâmicos.
Quem não estará cá para assistir são as vitimas da progressão no World Trade Center, na estação da Atocha em Madrid ou do Tube em Londres, esses belos exemplos de evolução dos nossos amigos islâmicos que divulgam a mensagem de Alá com bombas ou aviões carregadinhos de mensagem religiosa. Mas de certeza que os mortos aí também dão um desconto de 7 séculos de atraso e compreendem.
Mas já sei que cometi uma gafe cultural em vir para aqui opinar sobre outra malta que não sejam os católicos.
Aguardam-se os insultos do costume dos comentadores de esquerda e as postas específicas que não caibam nesta secção dos comentários desculpando-se desde já e antecipadamente a extensão das mesmas.
Só cá faltava o Leonidas Torquemada. Porque não faz você um blogue onde fala disso tudo?
Calma senhor Leonidas. Afecta-me o que se passa na Igreja Católica porque é a que conheço melhor. Já falei aqui do Islão (procure), mas em todo o caso obrigado pelo apontamento. Fica registado.
Cumprimentos e bom fim-de-semana.
Anónimo das 3:36 : Vá lá, porte-se bem ;)
Caro Anónimo,
Essa do Torquemada não sei de onde vem. Não proibi o Leocardo de falar sobre a Igreja, só mencionei o que não era referido. Você é que não acrescentou nada, só tentou chutar-me daqui para fora.
Quanto a fazer um blogue tem razão. Devia criar um. Infelizmente, falta-me o tempo e, sobretudo, a disposição que o grande Leocardo tem para nos brindar com excelentes posts todos os dias (mais uma vez sem qualquer ponta de ironia). A sério, Leocardo, onde arranja você a energia?
Caro Leocardo, não se preocupe com o que posta. Esta foi só uma provocação por parte de quem o admira pelo que escreve, pela forma como o faz e pela pachorra que tem para nos aturar.
Cumprimentos e votos de um bom fim-de-semana.
Obrigado caro Leonidas.
De facto antes fazer um blogue era bastante cansativo, mas agora com os truques de buscas na internet e um bocadinho mais de experiência e sai tudo em mais ou menos meia hora.
Naturalmente que aceito e compreendo a sua crítica, mas como é obvio é impossível estar a par de tudo, ou fazer posts para "balançar" outros e com isso mostrar imparcialidade.
Já sei que se calhar me vão criticar por falar da agressão do Vilarinho e não o Pinto da Costa e a fruta ou lá o que é, mas é mesmo impossível falar de tudo.
Um grande fim-de-semana para si também (pena é o tempo, mas paciência).
Bom post
Alguns apontamentos que nos poderão vir a dar jeito xD
Um dos melhores aspectos deste blog é a pluralidade e o debate de ideias. Os comentadores (como Leonidas) não hesitam em debater alguma ideia com a qual não concordem e o Leocardo não foge da discussão, apresenta os seus argumentos. Assim é que é! A única coisa que se dispensa são alguns comentários mesquinhos com o único objectivo de atacar o Leocardo sem qualquer fundamento e que geralmente são feitos por pessoas que não se identificam. Deve ser alguma dor de cotovelo...
Caro Paulo 39,
Nem mais. Sem dúvida que o Leocardo tem a elevação de nos permitir o debate. Concordo com ele na maioria das vezes, discordo em alguns casos, aponto-os e fico à espera da reacção dele porque sei que irá contraditar de forma elevada. Uma pessoa julgar-se dona da verdade é o primeiro passo para ficarmos a falar para as paredes. Por isso gosto da discussão e da troca de ideias, pois de outra forma nada se aprende.
Agora o que eu não compreendo são os comentários que roçam o ódio. Há muita malta que vem para aqui descarregar as frustrações do dia. O caso do post sobre a interdição de entrada de residentes de HK em Macau foi de um gajo ficar de boca aberta. Independentemente da razão que se julga assistir a cada um, por pouco não se avançou para um linchamento popular do Leocardo. Calma rapaziada.
Cumprimentos a todos,
Só há duas particularidades culturais que o Leocardo aqui refere que não me convencem, por experiência própria: tocar na cabeça das crianças na Tailândia já pode ter sido mal recebido há muitos anos, mas não me parece que hoje seja assim. Quanto a segurar copos com a mão esquerda na América Latina, já lá vivi vários anos e nunca dei por nada. Algumas culturas evoluíram ao ponto de perceberem que a maioria dos estrangeiros não conhecem as suas especificidades. E a Tailândia, país que depende enormemente do turismo, já percebeu que quando os estrangeiros tocam na cabeça das crianças não o fazem com má intenção (se exceptuarmos os pedófilos, evidentemente).
Enviar um comentário