Hoje é Dia do Pai. Um dia especial para quem tem pai e já é pai (duas razões para celebrar), para quem tem pai mas ainda não se juntou ao “clube”, ou para quem, como eu, é pai mas já perdeu o seu. Ser pai e filho ao mesmo tempo é o dobro da responsabilidade. Não há maior tristeza que não ter mais o pai do nosso lado, mesmo que de longe.
Este dia causava-me sempre uma enorme ansiedade. Como a malta era pobre, era sempre difícil pensar no que comprar para o pai. Como era bastante longe do fim do mês, tinhamos que começar a economizar desde Janeiro. Como o pai não ligava a discos ou livros, optávamos sempre por uma colónia, um after-shave ou qualquer coisa do tipo. Num ano mais folgado, conseguimos comprar-lhe uma pulseira ou um relógio.
Quando era mais pequeno faziamos sempre uma prenda na escola, normalmente com cartões de rolo de papel higiénico, algodão e outros materiais de recorte. Como sempre fui um bocado azelha em trabalhos manuais, saía sempre um pouco torto. Valia a intenção, era feito com amor.
Eu e os irmãos nunca fomos grandes adeptos daqueles postais lamechas que dizem "o melhor pai do mundo". Todos os pais são os melhores do mundo, e o nosso não precisava que o lembrar disso. Ele já sabia.
São tão boas as recordações que tenho do meu pai, para mim aquele espírito livre sempre de jeans, óculos de Ray-Ban, casaco de cabedal e um cheiro a after-shave Denim que nunca mais esqueci. Era um homem simples, que me ensinou muita coisa.
O nosso pai é mais do que o homem que nos deu a vida. É também o nosso melhor amigo. Antes de ser conhecido pelo meu nome, era conhecido por ser "o filho do...". É uma grande responsabilidade ser filho de alguém especial, uma pressão enorme para que consigamos carregar condignamente o nome de família.
É bom ter um pai. O pai é o único homem a quem podemos contar todos os problemas, que está sempre lá quando precisamos dele, que nos defende mesmo quando não temos razão. E mesmo que tenhamos feito um disparate enorme, é sempre alguém que nos perdoa e nos indica o caminho certo.
Hoje tenho 36 anos mas ainda me sinto um pequeno orfão, porque perdi o meu pai. Não interessa se temos 30, 50 ou 80 anos, sem o nosso pai, somos sempre orfãos indefesos.
Hoje os meus filhos fizeram prendas para o dia do pai lá na escola. Têm mais jeito que eu, sinceramente. Começa-me a faltar o espaço na secretária para guardar as prendas do Dia do Pai. Mas quando olho para elas, lembro-me deles, e sinto que quero fazê-los homens a valer, como o meu pai fez comigo e os meus irmãos. Um grande bem haja a todos os pais deste mundo, neste dia e sempre.
3 comentários:
MEU PAI, HOJE E SEMPRE TE RECORDAREI
COM AMOR E MUITA SAUDADE
TE JAMAIS ME ESQUECEREI
TU ME DEIXAS-TE AINDA DE TENRA IDADE
FAZ HOJE 55 ANOS QUE PARTIS-TES
DANDO A ALMA AO CRIADOR
TU CRESCER JÁ NÃO NOS VISTES
FICOU CONOSCO ESSA GRANDE DOR
COM ESFORÇO AMOR E CARINHO
NOSSA MÃE NOS FOI CRIANDO
NAQUELA CASA QUE FOI TEU NINHO
E SEMPRE PELA VIDA LUTANDO
MUITO ELA SE SACRIFICOU
PARA TUDO NOS PODER DAR
TEU AMOR NUNCA ABANDONOU
A TEUS SEUS SEUS DIAS FINDAR
DO SEU SEIO BEM LONGE PARTI
PARA NUNCA MAIS VOLTAR
SAUDADES ESSAS SENTI
MUITAS VEZES A FUI VISITAR
JÁ VELHINHA E CANSADA
SEMPRE AMOR NOS DEDICOU
POR DEUS FOI ENTÃO CHAMADA
E A TI NO CÉU SE JUNTOU
GUARDO DE TI A RECORDAÇÃO
NA OFICINA TRABALHANDO
COM AS BOTAS E SAPATOS SEMPRE À MÃO
E COM AMOR SEMPRE NOS AMANDO
HOJE SOU TAMBÉM UM PAI E AVÔ
E SEI QUANTO AMOR AOS FILHOS SE TÊM
E CAMINHANDO NA VIDA CÁ VOU
DANDO E RECEBENDO AMOR COMO CONVÉM
BEM ACHA MEU QUERIDO PAI
QUE O SER ME CONCEDES-TES
MEU RECONHECIMENTO AQUI VAI
POIS SEMPRE TU O MERECES-TES
(este singelo poema, por mim redigido, foi lido e transmitido, ontem, através da Rádio Voz de Alenquer)
Parabéns Amigo Leocardo, por seu pai e ter a felicidade de ainda ter pai.
Eu infelizmente pouco conheci meu pai pois me deixou ainda bem jovem.
Hoje eu sou duplamente pai e seu dar o devido valor a quem é Pai.
Infelizmente já não tenho pai, mas obrigado sr. Cambeta. Um abraço.
Nunca conheci o meu pai mas arranjei outro pai e muito lhe agradeço tudo o que fez por mim.
Enviar um comentário