sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O maior espectáculo do mundo


E pronto. Nem a chuva, nem os separatistas de Xinjiang nem os hipócritas que falam de direitos humanos e usam a violência e desobediência civil como arma estragaram aquela que foi provavelmente a melhor cerimónia de abertura de uns jogos olímpicos de que há memória. O espectáculo dirigido por Zhang Yimou (como Spielberg deve roído as unhas de inveja) que combinou detalhes da cultura chinesa, passado e presente, e celebrou a diversidade do país do meio, tudo com muita música à mistura. No espectáculo de pré-abertura actou o nosso Grupo de Cantares de Macau, liderado pelo incontornável João Fonseca. Uma prova viva da presença portuguesa no imenso território que é a China, um amor infelizmente não correspondido, como já vamos ver.

O espectáculo foi transmitido do "ninho", como é conhecido o Estádio Olímpico de Pequim, construído de propósito para o evento, e considerado por muitos "a maior obra chinesa desde a Grande Muralha". Modéstia à parte, claro. Tivemos a oportunidade única de assistir a coreografias fantásticas, desfiles de trajes, fogo de artifício espectacular, tudo como tinha sido prometido. A britânica Sarah Brightman foi a atracção internacional. Na tribuna estavam as maiores individualidades do regime chinês. O presidente Hu Jintao, um homem que mais uma vez demonstrou uma classe e um saber estar impressionantes, o seu antecessor Jiang Zemin e o seu mais que possível sucessor, Xi Jinping. Uma combinação interessante de passado, presente e futuro.

Passou-se então ao desfile das delegações concorrentes aos Jogos, que tomou a parte de leão da transmissão. 204 delegações, um recorde, e não terá ficado ninguém de fora. A delegação dos Estados Unidos, a maior de todas presentes em Pequim, fez recaír em Lopez Lomong, um dos meninos perdidos do Darfur, Sudão, adoptado por uma família americana, a responsabilidade de levantar a bandeira norte-americana. A delegação portuguesa foi a 175ª, e o porta-estandarte foi o campeão mundial do triplo-salto, Nélson Évora. Os nossos rapazes e raparigas estiveram à altura, menos no que toca à presença de um chefe de estado ou qualquer outra personalidade a representar Portugal. Já sei, estão todos de férias, sai caro ir a Pequim e o Estado não está para despesismos, etc, etc. Continua este autismo, esta cegueira e esta teimosia em não perceber que Portugal só tem a ganhar em participar destes "chás diplomáticos". Quando vi lá o príncipe Alberto do Mónaco até cheguei a pensar: e se mandássemos lá pelo menos aquele rei de meia tigela que temos na prateleira? Pelo menos servia para alguma coisa. Mas deixemos os pequenos continuar a ser pequenos e passemos adiante.

A última delegação a desfilar foi a da R.P. China, para delírio dos muitos milhares de espectadores. Liderada pelo basquetebolista da NBA Yao Ming, provavelmente a mais conhecida figura do desporto chinês (e herói do meu filho). O fogo olímpico foi ateado por Li Ning, ex-ginasta vencedor de seis medalhas (três de ouro, duas de prata e uma de bronze) em 1984 em Los Angeles, e empresário da sua própria marca de artigos de desporto. O que continuo sem perceber é a teimosia do COI em não aceitar Macau na grande família olímpica. Quer dizer, se países como o Kiribati, Guam ou a Palestina, que levam dois ou três atletas podem participar, porque não Macau? Já consigo imaginar a nossa Paula Carion na frente da delegação ostentando a bandeira da RAEM. Será sonhar muito alto?

Nota: as rubricas "Os blogues dos outros" e "Leituras" serão publicadas amanhã.

8 comentários:

Anónimo disse...

Leocardo

Por cá todos podemos ver o grandioso acontecimento da abertura dos jogos.
Os jornais encheram páginas, a RTP proporcionou as melhores imagens e comentários.
Imperdoavel a ausência de um representante do governo português.
Os nossos governantes andam a vegetar por Africa em vez de olharem para esse mundo novo!!!

Lusitano

Anónimo disse...

Em Portugal é racismo dizer que os ciganos e os pretos roubam, mas dizer que os chineses são maus e cometem atrocidades já é politicamente correcto, e até nos fica bem. País de patetas...

Anónimo disse...

Fiquei emocionado ao ver na TDM o grupo de danças e cantares a actuar em Pequim.
Só foi pena que às minorias etnicas tivesse ficado apenas reservado o espectáculo de aquecimento com o estádio praticamente vazio.
Macau merecia mais, sem qualquer dúvida.

Anónimo disse...

Portugal esteve representado pelo Ministro Pedro Silva Pereira. Não sei porque os nossos jornalistas não o referiram na transmissão; estavam ocupados com outras preocupações... tão "enfadados" com a humidade, o calor, a monotonia (segundo eles) de algumas partes do espectáculo. Mais valia que a transmissão não tivesse tido voz off.

Anónimo disse...

Um grande espectáculo, sem dúvida.
Quanto a ser a melhor de que há memória isso é um bocado subjectivo.
Mas foi comparável ás cerimónias de abertura dos Jogos de Moscovo e de Seul, que juntamente com estas foram as minhas preferidas.
Só um detalhe que eu não gostei:
Logo ao princípio apareceu uma criancinha a cantar odes patrioteiras honrando a "maravilhosa bandeira das cinco estrelas".
Ao ver isto lembrei-me daquela outra criancinha que cantava uma pindérica musiquinha que nos atazanou os ouvidos durante o periodo do handover e que dizia barbaridades como " eles chamaram-me Macau, mas Macau não é o meu nome, o meu nome é Aomen.."
Lembram-se?
Confesso que ao ver isto, juntamente com aquela tropa naquela marcha de estilo soviético a transportar a bandeira fez-me temer o pior.
Já agora, para quê tropa na cerimónia dos Jogos?
Não seria mais bonito serem atletas a transportar a bandeira?
Mas felizmente os meus receios não se concretizaram e a cerimónia honrou toda a tradição artística chinesa, sem politiquices comunistas á mistura.
É que não misturar política com os Jogos funciona para os dois lados, sabiam?
E agora resta esperar que ganhem os melhores, que os nossos atletas lusos consigam algumas medalhas, e claro lamentar mais uma vez a ausência da nossa Macau neste evento.
Quando as olimpíadas foram atribuidas á China fiquei com grandes esperanças que Macau participasse.
E se isso não aconteceu agora, duvido que alguma vez aconteça.

Anónimo disse...

Só mais uma coisa:
Não entendo a grande admiração que o Leocardo tem pelo Hu Jintao.
O que é que o homem tem de tão especial?
Para mim não passa de mais um líder como tantos outros que polulam pelo mundo fora.
O que é que ele tem a mais que o Jiang Zemin, que tambem nunca foi nada de especial?

Enfim, dois exemplos como tantos outros da falta de grandes lideres no mundo actual.

Unknown disse...

Alguéwm me explica o que fazia o Umberto Évora na delegação de Cabo Verde ? Ele é português ou caboverdiano ?
Outra coisa; Eu tive de mudar para o canal inglês, tais eram os disparates do Vítor Rebelo. Exemplo: os 5000 anos da República Popular da China. Nasceu em 1949. Eu percebo a asneira, mas é inadmussível. Outro: viu aquele grande conjunto de homens , cujas roupas remetiam para tempos confucianos, disse logo que era a ópera de Pequim. Uma tristeza para quem vive há tantos anos em Macau, que por acaso é na China. Santa ignorância!
Miguel

Anónimo disse...

Realmente triste e vergonhosa a transmissão portuguesa da TDM, o Vitor Rebelo e amigos "comentadores" muito mal preparados e informados sobre o programa dos jogos e a história da China, pelo menos poderiam terem-se preparado ou estudado um pouco para não fazerem figuras tristes e de ignorantes.
Mas a TDM é assim