quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Copiar é feio


Nunca gostei de pimba. Mesmo naquele tempo pré-Macau, em que frequentava aquela discoteca em Algés (cujo nome não me lembro), e o sacana do DJ reservava alguns minutos entre as duas e as duas e meia da manhã para passar alguns êxitos de Nel Monteiro e Quim Barreiros. O género ganhou um enorme sucesso em Portugal durante os anos de 1994 e 1995, com "artistas" como Emanuel, Ágata, Iran Costa ou Luís Filipe Reis.

Estes eram os herdeiros da geração Eurovisão, que angariavam fãs entre os ex-adeptos do italo-disco dos anos 80, dos Modern Talking, das Sabrinas ou das Doce. Os pontos mais altos deste ridículo aconteceram algures em 96, quando um pequeno de nove anos chamado Saúl alcançou um enorme sucesso com o seu "Bacalhau quer alho", ou em 2001 quando um indivíduo conhecido por Zé Cabra, que nem sabia cantar, deixou toda a gente a entoar o seu "Deixei tudo por ela".

A explicação para esta moda não era difícil de perceber. Uma vez fui de Almada a Fátima com os tios, e o meu tio António terá passado a viagem inteira a ouvir a cassete do tal álbum "Coração Marvilhoso", de Marco Paulo, perguntei-lhe porque ouvia aquela merda. Ao que me respondeu qualquer coisa como: "O que foi? Eu trabalho como um cão na fábrica, mereço ouvir o que quiser". No fundo esta foi a desculpa nacional. Quando acusados de "mau gosto", ripostavam com a léria do trabalhador honesto e honrado com direito a divertir-se.

Entretanto os gostos foram ficando mais refinados. Um tal de Tony Carreira conquistou os corações das audiências de sopeiras, solteironas e adolescentes gordas e inseguras. O rapaz até não tem mau aspecto, e encheu o Olímpia de Paris umas quantas vezes nos seus concertos. Aliás não deve ser difícil a qualquer acto em português encher o Olympia. Acho que até o palhaço Batatinha conseguia, tão ávidos que são os nossos emigrantes de contacto com qualquer coisa lá da santa terrinha.

Mas o homem tem mérito. Este natural de Pampilhosa da Serra, que chegou uma vez ao 150º lugar do top de vendas francês com um disco completamente em português, trabalha todos os dias desde sei lá. Sempre são 20 anos de carreira, e nem sempre com o mundo a seus pés. E é no Verão que atinge o expoente máximo, com legiões de expatriados a assistir aos seus concertos em tudo o que é sítio. E como filho de peixe sabe nadar, o seu primogénito Mikael Carreira conquistou uma audiência que faltava ao pai: as pré-adolescentes.

Mas o maior êxito deste Verão tem sido a caça ao plágio. Um grupo de cidadãos mais informados (ou "invejosos", para os fãs do Tony), descobriu uma mão cheia de canções que o cantor copiou de outros artistas estrangeiros pouco conhecidos, e com as quais encantou a terceira-idade e o fortíssimo lobby das divorciadas e carentes. O pobre Tony está metido agora em sarilhos com a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA), onde registou as canções como suas e de um tal Ricardo Landum.

Ricardo Landum é um alentejano de Cuba, um ex-roqueiro que passou pelos TNT, Iberia (grupo de heavy-metal da Baixa da Banheira) e pelos Da Vinci, para depois começar a fazer uma pipa de massa à custa do pimba. E parece que se considera músico. Landum trabalhou com Ágata, Mónica Sintra, Micaela, entre outros. Poucos sabem, mas na verdade "Na minha cama com ela", de Mónica Sintra, era uma balada metal, mas que não encontrou mercado entre os mais gadelhudos (esta foi só a brincar, acho...).

A moda da caça ao plágio fez mais vítimas. Os Per7ume, a banda deste Verão e quem sabe do ano, fez um enorme sucesso com o tema "Intervalo", que conta com a participação de Rui Veloso. A música é um plágio descarado do tema "In Your House" de Alanis Morissette, um extra do seu disco "Jagged Little Pill", de 1994. Não sendo eu um fã da Alanis, e tendo gostado da música dos Per7ume, sinto-me enganado. No fundo é disto que se trata, da verdade, que é uma coisa muito bonita.

E quem acha que os plágios são coincidência (e para tal é preciso ser cegamente fanático pelo artista), desengane-se. É como se duas pessoas diferentes preenchessem cartões de mark-six (ou totoloto, ou euromilhões) e a certa altura tivessem exactamente os mesmos seis números. Sim, é assim tão difícil. Mesmo a voz do cantor já é suficiente para tornar a música ligeiramente diferente, o que não é bem verdade nestes casos. Os jovens idolatram os seus músicos, compram os seus discos, vão para onde eles vão. E merecem melhor que isto...

7 comentários:

Anónimo disse...

Uma parte (principalmente a inicial) é de facto um plagio descarado da musica de Alanis (que desconhecia por completo...).

Agora experimente pegar no refrao da musica "You´re gone-Everybody Knows That" dos Fingertips...

O meu ouvido nao me engana...

:)

Anónimo disse...

Se o homem não tivesse sucesso nada disto se falava.

Se calhar os originais não venderam o que o português vendeu...

Os cães ladram e a caravana passa... deixem o homem trabalhar.

lusitano

Anónimo disse...

Trabalhar? Assim é fácil, eu também conseguia copiar a música dos outros, fazer uma letra lamechas em português, e depois era só facturar. Assim não vale...

Anónimo disse...

e o falso vitinho, não violou os direitos de autores?

Anónimo disse...

Desde quando houve algum falso.
Quem ri último...
Olhe que de todos ele foi o único que sempre se identificou.
Parabéns e que continue assim.
O resto são tudo Ngau-Sôk.

Anónimo disse...

não, desculpem que o disco dos Per7ume conheço eu e atenção que não tenho nada a ver com a banda... Mas a semelhança que falam do inicio da musica existe, se bem que nao ha harmonia no tema da Alanis, aquilo é Accapella, o que quer dizer que nunca pode ser plágio, só por ter melodia parecida. Depois o vocalista dos per7ume tocou esta música sozinho em televisão há um bom par de tres ou mais anos atras, bem antes dos fingertips editarem o disco que tem o tema que tem o refrão que dizes ser igual ao deles. Por isso aqui a duvida é quem copiou quem e o que se copia na realidade.
Agora, Tony? sim senhor, é plagio. estive a analisar tudo e ate nas letras ha semelhanças, ninguém o iliba de ter roubado descarada e copiosamente músicas a outros autores. E digo mais, este gajo acabou de se enterrar...

Anónimo disse...

Pois, dou a mão à palmatoria... realmente nao sei quem pos a musica na rua primeiro... mas lá que alguém copiou alguém... disso nao tenho dúvidas!!!

E quanto ao Tony... vao ver o tema zingarella e comparem com o ai destino... é tao igual que até me dá vontade de rir...

Mas esta malta é q tá cheia dele...

ah pois é!!!

:)