quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Medalhas e desenvolvimento


Três dias depois do fim dos Jogos Olímpicos de Pequim, fazem-se ainda contas ao número de medalhas, e ao desempenho dos diferentes comités presentes aos jogos. A China venceu, com 51 medalhas de ouro, contra 39 dos Estados Unidos, o que acontece pela primeira vez na história. Mas enquanto a China conta o número de medalhas de ouro (bem como quase todo o resto do mundo), os americanos consideram o número de medalhas no total: 110, contra 100 dos chineses. Nada a apontar, parece que sempre foi assim, mesmo quando os americanos ficam em desvantagem nessa contabilidade.

Interessante é observar estatísticas do tipo "quantas medalhas por habitante". Nesse departamento, a Jamaica leva vantagem, com seis campeões olímpicos numa população de 2.8 milhões, o que dá mais ou menos um campeão olímpico por 460 mil habitantes (menos que a população de Macau). A Mongólia segue de perto (um campeão em 780 mil hab.) e até a Geórgia consegue a bonita contabilidade de um campeão olímpico por 1.1 milhões de habitantes. Portugal até não fica tão mal nestes números (1/10 milhões), ficando mesmo à frente da China (1/23 milhões), e quase a par da Rússia (1/6 milhões) e dos Estados Unidos (1/7 milhões).

Este tipo de contabilidade torna-se trágico para a Índia, que numa população de mais de mil milhões, tem apenas um campeão olímpico, ou da Indonésia, onde apenas um em 234 milhões se pode orgulhar de ter conquistado uma medalha de ouro em Pequim. Países há com uma população bastante superior à nossa, que nem um campeão olímpico conseguiram produzir: a Nigéria (148 milhões de habitantes), o Egipto (75 milhões), a África do Sul (48 milhões), ou a Malásia (27 milhões). Mesmo a Irlanda e a Suécia, países com maiores níveis de desenvolvimento que Portugal, ou a Grécia, berço do Olimpismo, não conquistaram qualquer medalha de ouro. As Filipinas são provavelmente o pior caso: população de 90 milhões, nem um único medalhado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Se o melhor que se consegue é um campeão olímpico por cada 460.000 habitantes, está visto que o Vaticano nunca há-de ganhar nenhuma medalha. Já os norte-americanos, ainda pensei que fizessem a contabilidade da maneira que fizeram para ficarem em primeiro. Mas não será bem isso: quem não usa quilogramas, quilómetros, litros nem graus centígrados como toda a gente normal, é natural que também não queira contar as medalhas da mesma maneira. Só eles (e outros anglófonos) é que estão bem...

Anónimo disse...

Não concordo com a forma de contagem dos EUA que limitam-se a adicionar as medalhas todas como se ouro prata e bronze fosse tudo a mesma coisa.

Mas também acho absolutamente estupida a lógica da China em contar apenas as medalhas de ouro. Então um país com uma medalha de ouro fica à frente de outro com 20 ou 30 de prata?

Para mim o mais justo seria uma ponderação, qualquer coisa do tipo medalha de ouro 5 pontos, prata 3 e bronze 2.

Parece-me a forma mais justa de fazer um ranking dos resultados nos jogos Olímpicos. Não acham?

Leocardo disse...

Anónimo: essa não é a "forma como a China conta", mas a maioria dos países e o próprio COI. Em todo o caso, boa sugestão.

Anónimo disse...

Pois eu concordo com a forma como o COI faz a contabilidade. Para mim, vale mais um campeão do que 20 segundos lugares.