terça-feira, 12 de agosto de 2008

Karaoke KO


O incêndio que causou quatro vítimas mortais num edifício habitacional em Mong Kok, Hong Kong, no passado Domingo, terá tido o seu início num estabelecimento de karaoke. Uma reportagem na edição de hoje do The Standard dava conta da facilidade com que salas de karaoke e clubes nocturnos anexos ao edifício sinistrado mudaram de mãos várias vezes nos últimos anos. Um bar localizado na zona terá mudado de proprietário todos os anos desde 1998.

O que acontece é que muitos destes locais de divertimento são geridos por indivíduos associados a sindicatos do crime, que os usam muitas vezes para levar a cabo actividades ilícitas. Uma vez que são apanhados a dispensar ou consumir drogas, ou ocorrem tumultos, vêem a sua licença de venda de alcool (difícil de obter em Hong Kong) ou a sua licença de exploração cancelada. As autoridades competentes têm então de procurar interessados que não tenham registo criminal. Escusado será dizer que as condições de segurança são bastante precárias, visto que ninguém explora o local tempo suficiente para que se faça um investimento sério nesse sentido.

Em Macau existem várias destas salas de karaoke onde muitos jovens, normalmente locais, se juntam aos fins-de-semana ou em finais de casamentos ou festas para cantar os seus êxitos musicais predilectos. Terei ido duas ou três vezes na minha vida a um karaoke. A escolha de música estrangeira resume-se aos Bee Gees e quejandos, e sinceramente não sou grande apreciador de ambientes ondem predominam o fumo, a bebedeira e a gritaria. Muitos dos casos de condução sob o efeito do alcool são verificados à saída destas salas, bem como detenções relacionadas com o consumo de estupefacientes, principalmente ketamina, a droga da moda.

Muitas destas salas de karaoke servem também para que alguns indivíduos com relações com o crime organizado mantenham lá os seus subordinados, prontos a realizar trabalhos sujos, logo que sejam chamados. Assim evita-se que vão para casa dormir. São comuns as zaragatas, e algumas destas salas, que nada ficam a dever à higiene e à segurança, chegam a funcionar até à hora de almoço do dia seguinte. Era mesmo giro que se repensasse o conceito de diversão nocturna e entretenimento para os mais jovens, que não passasse só pelas casa de jogo e pelos karaokes. É que nem todos têm queda para praticar desporto...

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