A TDM transmitiu na noite de ontem o filme "A Comédia de Deus", de João César Monteiro. Tudo bem, argumentos não faltam para que se diga que é um filme português "de qualidade". Afinal foi vencedor do prémio do júri do Festival de Veneza em 1995. O que andou o júri do Festival de Veneza a fumar antes de votar é o que eu gostava de saber.
O argumento, escrito pelo próprio João César Monteiro, é absolutamente execrável. O velho tarado trabalha numa sorveteria, banha as meninas que lá trabalham em leite, que depois utiliza para fazer os gelados. Uma das meninas chega a urinar no leite, dando-lhe os "ácidos essenciais", tão importantes para a receita secreta. Os pelos púbicos das meninas eram coados pessoalmente pelo velho, que depois os guardava naquilo que chamava "o seu livrinho dos pensamentos".
O filme arrasta-se durante quase três horas. Cheguei a ir tomar banho (de água, não de leite) a meio e não perdi nada. O filme sofre dos mesmos males do cinema português em geral: pausas demasiado longas, momentos de cinemografia sem sentido, uma sonoplastia terrível. Porque raio o barulho das motas e dos carros se sobrepõe ao das cenas realizadas na rua? E os diálogos (os que se percebem) são completamente patéticos e escusados. Numa das cenas o personagem principal (o nosso JCM) diz qualquer coisa como: "os americanos abrem fábricas em todo o lado, do Arkansas ao Vietname, passando pela Coreia". Pois. Isto para quem percebe de Geografia é fácil: vão do Arkansas pelo Pacífico, passam pela Coreia e acabam no Vietname. Pelo outro lado não dá.
O maior mal do cinema português é continuar a copiar a
nouvelle vague do cinema europeu, até porque copia bastante mal. Não temos em Portugal nenhum Almodovar, nenhum Ingmar Bergman, nenhum Fellini ou Antonioni. Quanto a este João César Monteiro, viria a realizar alguns anos mais tarde um filme de duas horas e meia, sem qualquer imagem, a que chamou "Branca de Neve". Quanto à "Comédia de Deus", como o compreendo. Se eu fosse um velho tarado também me rodeava de jovens aspirantes a actriz a quem pudesse apalpar e ver as maminhas. Só que não fazia um filme.
4 comentários:
E ainda por cima ganhou um prémio!
Felizmente esta fase de filmes apenas feitos por intelectualoides de esquerda está a ser ultrapassada.
Já há muitos filmes portugueses feitos por gente normal para gente normal.
E alguns até bastante bons.
JÁ VI O FILME EM PORTUGAL E NEM FOI TÃO MAL...E NEM CONSIDERO PIOR DOS DE MANOEL DE OLIVEIRA
Pois é, mas o melhor que podemos dizer dos filmes portugueses é: "não foi assim tão mau". Quanto ao Manoel de Oliveira concordo plenamente.
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