Um dia perguntaram-me se aceitava 50 mil patacas para acariciar com a língua um saco escrotal masculino. Respondi que "nem por 100 mil", aliás não há dinheiro que apague da memória uma experiência tão traumatizante como seria essa. Se me perguntarem se faria "cunnilingus" numa idosa de 70 anos de idade por 500 patacas, respondia que "sim, claro", e até era capaz de gostar tanto da experiência que me tornaria cliente - e dispensava o pagamento e tudo. É uma questão de género, enfim, e de inclinação sexual, no fundo. Sobretudo isso. Agora, isto tudo para falar do quê, mesmo? Ah, sim, já me lembro. Então vamos a isso.
No Domingo passado foi-se a votos na RAEM, com 4500 mangas-de-alpaca a irem escolher os 400 distintos membros do mui respeitoso Colégio Eleitoral que vai escolher o próximo Chefe do Executivo. Uhhh...isto parece sério pá. E excitante. Não estivesse eu a escrever estas linhas completamente nu (e depois, estou em casa, e não está aqui mais ninguém, bolas) e começavam-me a saltar as caltas de tanta excitação. Quem, meu Deus, mas quem vão estes 400 iluminados escolher para conduzir os destinos da RAEM durante os próximos cinco anos? Será...Chui Sai On? Ou talvez...Chui Sai On??? Aposto numa surpresa: Chui Sai On. E esta hein? Aposto que não estavam à espera.
Entre os 400 escolhidos estão 22 deputados da Assembleia Legislativa. Yupi! que fervo de excitação. Quem, quem? Quem são eles. Ora sendo que há 33 deputados, oito não participaram por incompatibilidades várias, e Ng Kwok Cheong e o seu colega Au Kam San como forma de protesto, restaram 23, de onde seriam escolhidos 22. Um jogo das cadeiras, portanto, e quem ficou de pé foi Leong Veng Chai, nº 2 de José Pereira Coutinho na lista da Nova Esperança. Soube de fonte segura que Leong Veng Chai ficou triste, chorou, chamou pela mãe, e disse que "assim não brinca mais", e que os outros meninos "são maus" - isto citando o próprio (a este ponto gostaria de deixar claro que estou a ser sarcástico, parvo, se quiserem, e que Leong Veng Chai não chorou realmente - pelo menos que nós vissemos; mas fez beicinho, ai isso fez, que eu vi). Querem uma prova? Ei-la:
Como já referi em cima, Ng Kwok Cheong e Au Kam San não se apresentaram a votos como sinal de protesto, e todos sabemos porquê: são os deputados da pró-democracia que agitam a bandeira do sufrágio directo e universal para a escolha do Chefe do Executivo. Gostaria de concordar que esta é uma alternativa plausível na eleição do dirigente máximo da RAEM, mas não consigo, infelizmente, por razões que a seu tempo explicarei melhor, mas admiro a força das convicções dos deputados do campo da pró-democracia. Quanto a Pereira Coutinho - que fará parte do Colégio Eleitoral, sinceramente não o entendo: vai lá para "não votar"? Para votar em branco? E com tantas opções por onde escolher? Ora...ficava-lhe melhor juntar-se aos democratas, ou melhor ainda, juntar-se e levar consigo Leong Veng Chai, que assim ficava a faltar um deputado para os 22 e denunciava-se esta palhaçada. Assim...bah. Insonso, sr. deputado Pereira Coutinho.
O que me deixa perfeitamente atónito é como 4500 alminhas vão escolher 400 que por sua vez vão escolher...nada. Há 1 (um) candidato, para quê esta pantomimice? E no processo gastam-se 32 milhões de patacas, e destas só 17,4 foram pró maneta no Domingo. No quê? Sei lá...arrisco que mais de metade deve ter sido no "catering", que aquilo para dar de comer a quatro mil e tal bocas não sai nada barato, não. E aquilo é gente que come bem, fiquem a saber. Nem vale a pena estar a aqui a enumerar a lista de quão suspeito e escandaloso é que se gaste tanto sabendo de antemão qual vai ser o resultado. Epá um bocado contrariado dou o braço a torcer: um ponto para o sufrágio universal, e mais uma Super Bock aqui prá mesa do canto, fáxavôr.
Se há algo que podiamos aprender com os palermas dos americanos era eleger por aclamação o único candidato, no caso de ocorrer essa situação, em vez de estarmos com este alarido todo, este circo que ninguém no seu perfeito juízo paga para ver. Já sei, já sei, a Lei Básica, ai a Lei Básica e não sei quê, que não contempla essa modalidade da aclamação, e tal. Só porque o Anexo I determina que a escolha do Chefe do Executivo deve passar por este processo - que seria a todos os títulos válido, fosse ele transparente e existisse mais que um candidato - que tal, sei lá, acrescentar uma emenda? Já pensaram nisso? Não estou a sugerir que se mude a Lei Básica, longe de mim tal coisa, insinuar que se deve mexer nessa luz que nos ilumina, arriscando a que se parta e lá vamos nós direitinhos para os campos de reeducação pelo trabalho. O que sugiro é que se faça uma adenda onde se estipule uma alternativa a esta situação perfeitamente ridícula, e que para mais representa uma despesa desnecessária para o erário público - e o "erário público" sou eu, é o leitor, somos todos nós.
Mas pronto, agora deixem os 400 sábios reflectir, e durante o processo suspendam todas as obtras públicas, quer de construção, quer de reparação, para que eles possam em Novembro escolher quem melhor conduzirá os destinos da RAEM até 2019. Será Chui Sai On? Será o candidato apoiado por Pereira Coutinho, o tal de "branco"? Ou será que o "nulo", sempre excluído da lista dos favoritos, apareça como uma surpresa? Quem já perdeu sei eu quem foi: o senso comum. Haja pai.
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