Catarina Marcelino tem 43 anos, é licenciada em Antropologia, e filiada no Partido Socialista (PS) pelo qual foi eleita deputada para a Assembleia da República na XI Legislatura, em 2009, e novamente para a XII, em 2011. Pertence às Comissões Parlamentares para a defesa nacional e para a saúde, e é ainda suplente das comissões para o orçamento, finanças e administração pública, e da segurança social e trabalho. Entre 2011 e 2013 exerceu a presidência do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas (DNMS), e antes tinha presidido ao Departamento Federativo das Mulheres Socialistas de Setúbal. Um currículo impressionante de uma jovem promessa da política, que agora é notícia pelas piores razões. E não, não tem a ver com "sacos azuis", dinheiros públicos ou tráfico de influências, ou qualquer outro desses passatempos muito exclusivos a que os políticos gostam de se dedicar. No caso de Catarina pode-se dizer "que pela boca morre o peixe", ou neste caso, "foi apanhada na rede".
Esta é a causa de toda a polémica. Penso que nem é preciso dizer porquê, basta ler uma vez e dá para perceber que nem foi preciso o diabo esfregar um olho para que as redes sociais se atirassem a isto como os abutres à carniça. A ironia aqui é obvia: jovem deputada eleita para um orgão que representa os portugueses, não sabe escrever. Tomei conhecimento do caso num momento em que já se tinha espalhado pela rede como fogo em palha seca, e começava a chegar à imprensa. Fiquei incrédulo, não porque considere os deputados pessoas muito eruditas, antes pelo contrário, mas tocou-me na alma pelo facto de Catarina ser, tal como eu, aldeana - nasceu e cresceu no Montijo, e é juntamente com Pedro Marques um dos dois deputados "chuchalistas" originários da mais bela cidade da margem sul de Lisboa. Cheguei a pensar que esta fosse uma daquelas maldadezinhas que por vezes se fazem às pessoas, e sendo neste caso um deputado da nação, a ideia ficou ainda mais reforçada. Fui à página do Facebook de Catarina Marcelino procurar o móbil do crime, e vi lá isto:
O criminoso volta sempre à cena do crime, e desta vez ainda deixou mais pistas, em vez de eliminá-las. Este era um caso em que mais valia apagar o "post" em questão do que editá-lo, o que me leva a suspeitar que a Catarina não conhece muito bem como funciona o Facebook. Além da mensagem editada, deixou em sua defesa alguns argumentos meio esquisitos, fazendo referências ao facto de Einstein "ter sido disléxico" e outras desculpas muito fraquinhas, quando em alternativa a não fazer nada, podia muito bem alegar cansaço, dizer que teve um dia mau, que estava medicada, sei lá, qualquer coisa menos tentar justificar o injustificável. O mais patético foi ver mensagens de apoio de alguns amigos seus, provavelmente outros "chuchalistas", que se diziam "indignados" com o que lhe estavam a fazer, como se aqui estivessemos a tratar de algum aspecto da vida privada da deputada. É apenas normal que os portugueses, de costas viradas para os seus políticos há já bastante tempo, pegassem neste deslize que não se desculpa nem um aluno do terceiro ano do ensino primário e "espremessem" o seu sumo até não poder mais. A censura não tem que ser necessariamente uma coisa má. Podemos censurar alguém por cometer um erro com prejuízo, ter sido negligente, fazer um comentário inoportuno ou ter uma atitude infeliz, e no fim ainda encontramos uma forma de o desculpar. Agora no que toca à "sensura", bem, essa já não tem desculpa possível.
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