sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Tal e qual...uma doença mental


A RTPi transmite um programa alegadamente humorístico que dá pelo nome de “Portugal Tal & Qual”, de 2011, uma tremenda merda, para ser simpático. O programa é suposto ser uma espécie de documentário, que vai percorrendo o país de norte a sul, falando das suas gentes, da cultura, das tradições, etc., etc.. Da primeira vez que assisti ao programa, confesso que fui enganado, pois a apresentação está a cargo do impoluto Eládio Clímaco, que foram buscar da reforma para este projecto. O apresentador, profissional como sempre, fala-nos de uma terreola qualquer desconhecida, que ficamos a saber mais tarde que é fictícia.

Os personagens que interpretam os ilustres residentes destas terras com nomes ridículos e longe de fazer rir: Vilar da Rataria, Freixo de Fanfães, Mata-Freiras, uma parvoíce atrás da outra. Para compôr o ramalhete, os actores que interpretam os personagens igualmente fictícios são João Paulo Rodrigues e Pedro Alves, que se celebrizaram no papel de Quim Roscas e Zé Estacionâncio. Dizer que se “celebrizaram” é sintomático do ponto morto a que chegou o nosso humor. Dois atrasadinhos mentais sem piada nenhuma tornam-se célebres no papel de...atrasadinhos mentais (nem precisam de representar, portanto), e conseguem trabalho num programa ainda pior que aquele onde transmitiam um serviço noticioso de um lugar chamado Curral de Moinas.

Cada um destes programas “Portugal Tal & Qual” – e são 16, compilados num DVD que aparentemente é um sucesso de vendas – é dedicado a um tema: vizinhos, divórcios, televisão, oculto, internet, etc.. Esta noite transmitiram um dedicado à gastronomia, onde numa das piadas viamos um personagem, um cozinheiro com sotaque francês, que nos dizia que “sempre teve jeito para a cozinha”, pois “a sua primeira namorada foi uma fritadeira”, mas infelizmente terminaram a relação, pois “o médico proibiu os fritos”. Oh oh oh. Noutra passagem ficamos a saber que “89% do peixe consumido em Portugal foi apanhado do mar”, o que é suposto ser uma piada, mas tecnicamente muito mais que os restantes 11% são apanhados dos rios, isto para não falar do peixe importado ou criado em cativeiro. Mas não interessa, deixem lá. Noutro “sketch” um personagem recomendava um vinho “que não existe” para um prato que não existe: “cabidela de lagosta”.

Bem, se ainda não cairam de costas de tanto rir, permitam-me acrescentar que estes João Paulo Rodrigues e Pedro Alves esforçam-se, e muito, só que não conseguem ter piada, coitados. Às vezes em nítido desespero recorrem a obscenidades, e em todos os episódios (pelo menos nos poucos a que assisti) têm um personagem que é homossexual, gosta de prostitutas ou travestis, ou a mulher o engana. Estranha fixação. Esta série é mais do que um desperdício de dinheiro público. É um desperdício de tempo de antena. A única pergunta que eu gostava de fazer é a seguinte: o que estava o Eládio Clímaco a pensar?

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