A exibição de Cristiano Ronaldo na Suécia elevou-o ao estatuto de semi-deus, e não há ninguém no seu perfeito juízo que não reconheça no jogador português características sobrehumanas. Como disse Gary Lineker, "Ronaldo não é deste planeta". É seguro dizer-se que quem não concorda com tudo isto, não percebe nada de futebol, e bem arrependido deve estar o presidente da FIFA, Joseph Blatter, que foi logo escolher um dos melhores momentos de forma deste "fenómeno" para se meter com ele. Na semana da "Ronaldomania" há mais alguém que mete a pata na poça, e junta-se a Blatter na galeria dos detestáveis: a Pepsi, que antes do Suécia-Portugal publicou uma imagem onde se vê um boneco "vodu" do jogador deitado numa linha do comboio, e com uma frase onde se lê "vamos atropelar Portugal", em sueco. Foi preciso chamar o célebre cozinheiro dos Marretas para traduzir.
A campanha da Pepsi Max, que diga-se de passagem é de muito mau gosto, fosse com Ronaldo ou com outra pessoa qualquer, caíu muito mal entre a "afición" em geral, e entre os portugueses em particular, o que levou a sucursal sueca da empresa a apresentar desculpas - depois do jogo e da humilhação a que o goleador português submeteu os nórdicos, entenda-se. Afinal o "vodu" não deu resultado, e C. Ronaldo enfiou três "latas" na baliza da Suécia, e deixou os Pepsicómanos com azia.
As desculpas foram, recorrendo à expressão em inglês, "too little, too late", e em Portugal levantou-se uma onda de indignação contra a rival da Coca-Cola, que além de imaginativos contra-cartazes, inclui ainda apelos ao boicote à marca. Para agravar as coisas, alguém se foi lembrar que a Pepsi é marca patrocinadora de Lionel Messi, arqui-rival e némesis de C. Ronaldo. Esta campanha do nosso menino amarrado na linha do comboio prestes a ser colhido só pode ser mesmo uma conspiração demoníaca de agentes do mal que nos querem ver na fossa, consta das páginas perdidas do "dossier" WikiLeaks, e nem Edward Snowden se atreve a confirmar que sempre soube deste complô.
Como já referi, e para que não restem duvidas reafirmo, achei a campanha da Pepsi assaz infeliz, mas nem isso justifica o comportamento, algum dele barbárico, da nossa mole cibernaútica. Ataques às páginas da Facebook da Pepsi, e não só a da Suécia, a outras remotamente ligadas à empresa, e em muitos casos insultos com recurso a obscenidades que nos fazem parecer tanto ou mais pequenos que os próprios visados. Temo sinceramente pela segurança dos 14 amigos do Leocardo no Facebook que fizeram "like" na página da Pepsi. Se quiserem boicotem a marca, mas deixem-se lá de pequenezes destas. O que vão pensar de nós por exemplo os americanos, ou os canadianos ou qualquer outra nação que se está nas tintas para o futebol e nem conhece o C. Ronaldo?
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