Numa semana em que tanta gente burra deu à costa e nos inundou de disparates, há algo de positivo que emerge. A Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau (ARTM) foi agraciada com o prémio de "Outstanding role as a non-profit organization" na edição deste ano do "Macau Business Awards", cerimónia organizada pela revista "Macau Business" e que teve lugar na última quarta-feira. Este prémio é antes de mais um reconhecimento, mais um, pelo papel da ARTM no tratamento dos toxicodependentes, uma tarefa complicada numa sociedade onde ainda reina o preconceito e a indiferença. Ainda há muito boa gente que pensa que "o lugar dos drogados é na prisão", e que quem trabalha com "drogados", ou é drogado também, ou anda a chover no molhado: só na prisão é que se aprende. Em Coloane, sim, mas atrás das grades, isolados da sociedade.
O sistema faz a vontade à sociedade, e trata a toxicodependência como um crime, e os mais moderados defendem que se trata de uma "doença", e ainda pensam que estão a ser bons samaritanos. Considerar a dependência de substâncias como uma "doença" é subjectivar o problema. Não se está doente, está-se dependente. Tratando-se de uma doença, será talvez no sentido de "doença social", um mal, algo que é rejeitado pela sociedade em geral e punido como um ilícito. O toxicodependente é no fundo uma pessoa como nós, que virou numa esquina errada do caminho da vida, e acabou perdido num labirinto. São instituições como a ARTM que ajudam estes seres humanos como nós a encontrar a saída deste labirinto, e cabe-nos a nós, que somos livres, apoiá-la e encorajá-la no seu trabalho. Não são as pessoas más, problemáticas ou fracas que podem cair nas malhas da toxicodependência. É um risco que todos corremos. Apoiem e respeitem a ARTM; dizer que não é nada connosco é como dizer que os bombeiros não têm utilidade porque nunca tivemos um fogo em casa. E já agora muitos parabéns a todos na ARTM, um abraço e um bem-haja ao seu presidente Augusto Nogueira e a toda a sua equipa. Coragem!
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