Há alguns anos fiquei a saber da história de um pequenote de Macau, filho de um casal macaense, que bebeu a água do suporte do piaçaba na casa-de-banho, o utilitário doméstico mais nojento que nos vem à cabeça. A mãe do pequeno, que mal sabia andar, levou-o a correr para o hospital, se bem que desconheço que tipo de terapia se aplica neste tipo de situações. Penso que é mais uma daquelas coisas que se não mata, torna-nos mais resistentes, e talvez o jovem que confundiu o piaçaba com o biberão tenha adquirido um tipo de imunidade que nem todas as vacinas do mundo lhe dariam. Lembrei-me deste episódio quando li uma notícia sobre um rapaz de dois anos no Reino Unido que teve o seu próprio encontro imediato com o imundo destino, ao ficar preso pela cabeça na retrete. O jovem residente de Barnstaple, em Devon, confundiu a extemidade a utilizar para este efeito, e foi resgatado pelos bombeiros, que precisaram de desmontar a sanita com a ajuda de ferramentas de precisão. Qualquer palavra da família de “arrancar” é pouco adequada a estas circunstâncias. Mas tirando o susto, o rapaz está bem, e depois de uma boa ensoaboadela, foi encostar a cabeça à mãe, em busca de mimos que o façam esquecer o incidente. De facto nem a nós, adultos, agrada essa humilhação que é o cumprimento das necessidades fisiológicas, e quanto mais depressa se processem e mais rapidamente saiamos desse encontro com o sanitário, melhor. Para as crianças que começam a explorar o mundo e ignoram ainda os detalhes mais sórdidos, fica difícil explicar que se expõem a um inferno bacteriológico caso decidam usar os sentidos do paladar e do tacto na descoberta dos lavabos, por muito limpos que os pais os procurem manter. O melhor é não ralhar muito com eles quando forem apanhados a comer a terra dos vasos, ou às beijocas no gato ou no cão. Vendo bem, podia ser muito pior…
Sem comentários:
Enviar um comentário