Gostava de chamar a atenção para
este artigo de opinião da autoria de Henrique Raposo no Expresso de quinta-feira, intitulado "Gays, Papa e o Islão homofóbico". Nem sempre concordo com o autor em questão, mas neste caso assino por baixo. E insisto em deixar isto claro, uma vez que algumas das minhas opiniões podem dar aso a mal-entendidos. É um facto que critico amiúde as posições da Igreja Católica, mas isto não signfica necessariamente que é a culpada por todos os males do mundo, nem invalida que existam outras confissões que defendem conceitos bem mais retrógrados. Na realidade a minha apetência para abordar a Igreja Católica em deterimento de outras é a minha familiaridade que leva a que a conheça melhor, e que tenha crescido no seio de uma família e comunidades católicas.
Posto isto, penso que Henrique Raposo levanta uma questão pertinente, apontando o dedo aos críticos do Vaticano e das suas posições perante a homossexualidade, mas assobiando para o lado quando se trata do Islão, onde vigora uma homofobia homicida. Se o Vaticano e a sua rígida doutrina poderá no limite ostracizar um homossexual, enquanto em países como o Irão ou o Uganda são condenados à morte. Sim, estas são realidades diferentes onde é mais complicado penetrar, mas como Raposo refere e bem, os islâmicos europeus, normalmente imigrantes naturalizados ou os filhos destes, exercem coação verbal e física e até violência extrema contra homossexuais.
Alguns dos alvos de Henrique Raposo podem escudar-se nos mesmos argumentos que eu, ressalvando que a Igreja Católica "é a sua realidade", mas não os vejo deixar qualquer pista que esse aspecto da doutrina da igreja é o único obstáculo que os separa da conversão. Se o problema é o tratamento reservado aos homossexuais, é mais coerente atacar quem usa a violência do que quem simplesmente se recusa a aceitar. Pelo menos a Igreja Católica está aberta ao diálogo com todos e os católicos são quase na totalidade gente pacífica. O clero islâmico está praticamente inacessível, e o risco de provocar a ira de um muçulmano fanático é francamente maior. Sendo as leis de um país iguais perante todos, independente da sua nacionalidade, etnia ou fé, pedir contas aos que têm a fama de dialogantes e não representam perigo é cobardia, sim.
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