Uma notícia da edição de ontem do Jornal Tribuna de Macau, da sempre sumarenta página do “crime”, deixou-me a pensar sobre a forma como são imputadas certas responsabilidades, e de como tantas vezes a justiça fica mal servida à conta da confusão entre o conceito de vítima e de infractor. Tudo aconteceu num casino, onde um jogador contraíu um empréstimo de 300 mil patacas a um agiota com o intuito de as gastar numa mesa de Bacará. Ambos combinaram a forma como o mutuário iria liquidar a dívida, e chegaram a um acordo. Depois de perder tudo, o jogador pediu mais um empréstimo, e mais uma vez concordou com a modalidade de pagamento. Mais uma vez a casa saíu a ganhar, e sem liquidez para recuperar as perdas ou restituir o dinheiro ao seu credor, foi convidado pela “banca” a passar algumas horas num apartamento da Taipa, até pensar numa forma de cumprir com os seus compromissos. O devedor ligou a um amigo pedindo que o ajudasse, e este chamou a polícia, entendendo que seria a forma mais eficaz de “ajuda” nestes casos. Alguém com um pouco de sensatez nesta história. As autoridades detiveram o agiota e outro indivíduo, alegadamente o seu cúmplice, e resgataram o jogador sequestrado. O desfecho de mais esta rábula casineira deixa-me com um amargo de boca. Os agiotas vão parar ao xadrez enquanto o agente provocador vai à sua vida, e se calhar directamente para uma sala de jogo, onde é bem capaz de se meter outra vez em sarilhos? Contraíu o empréstimo por iniciativa própria, concordou com os juros fixados, e quando lhe pediram contas acobardou-se? Ai mãezinha acudam que os maus me querem bater? E a polícia não terá mais que fazer que andar a socorrer este tipo de gente, verdadeiros cancros da sociedade? Precisamos da tal lei que criminaliza tanto os usurários como aqueles requisitam os seus serviços, e depressa. Chamar de “vítimas” a estes pulhas é um insulto às vítimas propriamente ditas.
1 comentário:
O problema denomina-se rapto...
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