Manny Pacquiao vem a Macau em Novembro. Ena, mal podemos esperar. Mas quem é Manny Pacquiao, afinal? É provavelmente o maior atleta Filipino da actualidade, e quem sabe de todos os tempos. Em que desporto, perguntam os mais distraídos? Boxe. Sim, boxe. Murros, porrada, apostas legais e ilegais, milhões em jogo, combates mais cozinhados que muitas caldeiradas, gajos que se atiram para o chão ao mais leve toque e esperam que o árbitro conte até 10 com o olhinho meio aberto. Chamar ao boxe de “desporto” é lisonjeiro. Eu chamar-lhe-ia…hmmm…”entretenimento”. É mais ou menos como o “ballet”. Ou o circo. Não chega ao ridículo do “wrestling”, mas em termos de credibilidade anda lá perto.
É estranho que num país tão simpático como as Filipinas, o 12º mais populoso do mundo com mais de 100 milhões de habitantes, o desportista mais popular seja um lutador de boxe. Os Filipinos não têm tradições no futebol ou outro qualquer desporto de massas, e apesar de serem ávidos fãs de basquetebol, os resultados da sua selecção de “bola ao cesto” fica muito aquém do entusiasmo. É caso para dizer que qualquer coisa falhou na formação e no investimento em termos de desporto naquele país. Uma nação tão populosa que não ganha medalhas olímpicas tem provavelmente outras coisas com que se preocupar. O quê exactamente, não sei.
Pacquiao é um herói nacional, e um modelo para os seus compatriotas. Pobre, sem educação, subiu na vida pelos seus próprios punhos cerrados. Aos 34 anos é campeão mundial em diversas categorias a que foi paulatinamente chegando à medida que ia ganhando peso – oito categorias, no total. Não fosse a sua frágil compleição física (mede apenas 1,69 metros) e chegaria a campeão de pesos pesados. A sua popularidade levou-o a concorrer para o congresso em 2007 (sem sucesso) e em 2010, então eleito pela província de Sarangani. Claro que o facto de saber dar murros não faz dele um bom politico, mas e depois? Sempre é alguém com que o povo se identifica. E os brasileiros não elegeram um palhaço analfabeto para deputado federal?
Não vou ver Pacquiao porque não gosto de boxe. O meu gosto por este “desporto” resume-se ao filme “Raging Bull”, a obra-prima de Scorsese que valeu a Robert de Niro o óscar para melhor actor, já lá vão bem mais de 30 anos. Contudo quero saber mais dele, e vou ficar atento à sua passage pela RAEM, onde espero que se encontre com a comunidade Filipina aqui residente. Para eles o homem é um mito. É comovente que os Filipinos tenham uma referência, já que tão pouco de bom têm para dizer de quem os (des)governa…
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