David Beckham pendurou as chuteiras. O futebolista que se tornou num ídolo pop – e para tal casou com a “spice girl” Victoria Adams durante o período de ascensão daquela “girls band” – e uma referência tanto para adolescentes pré-púberes e histéricas como para homens que preferem a companhia íntima de parceiros do mesmo sexo. David Beckham, mais do que um talentoso médio-ala internacional pela selecção inglesa, cuidou da sua imagem fora dos relvados como mais ninguém. Assim se explica que mesmo aos 38 anos termine a carreira com o estatuto de um dos jogadores mais bem pagos do mundo, rivalizando com Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, dez anos mais novos. Pouco importa que os seus últimos anos tenham sido passados na obscura liga de “soccer” americana com tímidas incursões no futebol europeu, ora no AC Milão, ou mais recentemente no Paris Saint-Germain. Beckham não precisa de jogar bem ou marcar golos para vender a sua imagem. É a corrupção personalizada do ídolo clássico: Pelé, Maradona, Cruijff, Di Stefano, Platini ou Beckenbauer suaram as estopinhas, e alguns deles precisaram de vencer campeonatos do mundo ou da Europa para se imortalizarem. Beckham não precisou de nada disso. A sua simples presença nos relvados, mesmo que a passo, ou fora deles, foi mais que suficiente. Não é que não lhe reconheça mérito desportivo. Foi o “patrão” do meio-campo nos tempos do Manchester United, e figura de proa da selecção inglesa nos mundiais de 1998 e 2002, mas está longe de figurar na galeria dos génios que mudaram a face do desporto-rei – mesmo o nosso Eusébio é-lhe superior, e mais recentemente Luís Figo e Cristiano Ronaldo têm galões para puxar que lhe impõem respeito. Foi um exemplo de marketing genial, e que certamente não ficará por aqui. Beckham candidata-se a eterno embaixador dos “meninos bonitos” do futebol. Ainda vamos ouvir falar dele, certamente.
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