quarta-feira, 15 de maio de 2013

E agora, Jesus?


O Benfica disputa esta noite (madrugada em Macau) em Amesterdão a final da Liga Europa frente ao Chelsea. É a quinta final europeia envolvendo equipas portuguesas este século, sendo que a última foi disputada por duas equipas portuguesas, quando em 2011 o Porto bateu o Braga na final da mesma competição. O futebol português está de parabéns, e o quinto lugar no ranking da UEFA é prova de que os clubes nacionais têm evoluído, e não são estranhos às grandes decisões ou aversos aos grandes palcos. Contudo o Porto é o único clube português com algum índice de sucesso, tendo vencido a Liga Europa em 2003 e 2011, e a Liga dos Campeões em 2004.

Para o Benfica esta é a nona final europeia, e a primeira em 23 anos. Os encarnados venceram a Taça dos Campeões em 1961 e 1962, tornando-se o primeiro clube a sagrar-se campeão europeu depois do Real Madrid, que venceu as priemeiras cinco edições da prova. Depois disso perdeu as finais em 63, 65 e 68, e mais recentemente em 1988 e 1990. Pelo meio ficou a derrota na final da Taça UEFA em 1983 frente aos belgas do Anderlecht, com decisão em duas mãos. O Benfica carrega o peso de ser uma espécie de campeão das finais perdidas. Um “borrego” que os adeptos querem matar esta noite.

Os mais supersticiosos atribuem este insucesso a uma “maldição”, uma praga rogada pelo treinador húngaro Bela Guttmann, que levou os encarnados aos seus dois únicos títulos europeus. Ao deixar a Luz, Guttmann disse que “sem ele o Benfica nunca mais seria campeão europeu”, uma previsão que tem servido para as restantes competições da UEFA. Sem o magiar o Benfica nunca mais ganhou nada fora de Portugal, apesar de treinadores do calibre de Otto Glória, Eriksson ou Toni terem ficado muito perto. Nem vale a pena pedir a Guttmann que retire o que disse, pois o treinador já faleceu em 1981. A “maldição” é como a “sharia”: só pode ser anulada por quem a decretou.

Superstições à parte, é um Benfica debilitado que se apresenta hoje na ArenA da capital holandesa. A águia está ferida na asa depois de em menos de uma semana ter desperdiçado uma vantagem de quatro pontos sobre o FC Porto na Liga Sagres, entregando o título de bandeja ao seu rival mais directo. Depois de uma derrota no Dragão no último Sábado com um golo consentido já nos descontos, os encarnados estarão sem a mesma força anímica que uma vitória e a consequente confirmação do título daria para este encontro decisivo.

Jorge Jesus, que teve o condão de ter despertado o “gigante adormecido” que é o Benfica nos quatro anos que leva no comando técnico do clube, começa a ser alvo de críticas, dando razão aos que o acusam de má gestão do plantel. O empate caseiro frente ao Estoril e derrota no Dragão hipotecaram o título que parecia quase certo, e uma derrota hoje poderá deixar os adeptos a terem que se contentar com a Taça de Portugal, o que fica a saber a pouco. Uma derrota no Jamor frente ao V. Guimarães seria o fiasco total: depois de ficar perto de conquistar três troféus e realizar a melhor época se sempre, o Benfica ficaria de mãos a abanar.

Do outro lado está uma equipa que procura salvar a época. O Chelsea, actual campeão europeu, ocupa o 3º lugar na Premier League, foi eliminado da Taça pelo Manchester City, e remetido para a Liga Europa depois de um terceiro lugar na fase de grupos da Champions. O plantel conta com jogadores de grande categoria, como David Luiz e Ramires, que conhecem o Benfica, além de Cech, Lampard, Hazard, Oscar e Fernando Torres, entre outros. No banco vai estar Rafa Benitez, um técnico que conta no seu palmarés com uma Taça UEFA pelo Valência, e uma Champions com o Liverpool. O Benfica e Jorge Jesus têm pela frente a tarefa uma tarea herculea para recuperar a confiança da equipa e dos adeptos. Logo vamos saber como se comportam.

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