sexta-feira, 31 de maio de 2013

O Mónaco não é do povo


O AS Monaco é um dos maiores clubes franceses, tendo vencido sete campeonatos e cinco taças, contando ainda com duas presenças em finais europeias: em 92 quando perdeu a Taça das Taças para os alemães do Werder Bremen, e mais recentemente em 2004 quando perdeu a final da Liga dos Campeões para o FC Porto. Depois disso o clube passou por dificuldades financeiras, e em 2011 descia para a Ligue 2, onde no ano seguinte esteve aflito, garantindo por pouco a manutenção. Este ano tudo mudou com a aquisição do clube pelo bilionário russo Dmitry Rybolovlev, um dos oligarcas do país de Putin, que depois de garantir o regresso do clube ao escalão principal, anunciou um investimento de 300 milhões no reforço do plantel. O português João Moutinho e o colombiano James Rodríguez foram adquiridos por 70 milhões ao Porto, Ricardo Carvalho, aos 35 anos, chega do Real Madrid, e é apenas uma questão de tempo para que o avançado colombiano Falcão, um dos melhores do mundo, seja comprado ao Atlético de Madrid por 60 milhões, e que a caminho venha também o actual guardião do Barcelona, Valdés, bem como outras estrelas. Quem tem lucrado com tudo isto é o empresário português Jorge Mendes, representante de alguns dos jogadores que os monegascos vão comprando como se fossem latas de refrigerante.

O futebol há muito que deixou de ser o desporto do povo, das massas, e agora arrisca a tornar-se num jogo de monopólio de bilionários árabes e russos que gostam de brincar aos dirigentes desportivos. Ninguém acredita que Roman Abramovich, um dos pioneiros desta moda, seja adepto do Chelsea desde pequenino, que Rybolovlev tenha investido no Monaco do seu coração ou que os consórcios árabes que compraram o Paris St. Germain e o Manchester City vibrem com as vitórias destes clubes e sofram com as derrotas. Eram os clubes que estavam à venda, e eles compraram. Se algum destes se lembra de adqurir o Freamunde, temos candidato a discutir a Liga com o Benfica e o Porto, à revelia do historial ou de um trabalho de base feito de baixo para cima, passando pela formação e com o apoio da massa associativa. Qualquer dia não vale a pena entrar em campo e suar a camisola durante 90 minutos para encontrar o campeão. Basta um contabilista que determine qual o clube mais rico e fica a taça entregue. Pode não ser batota no sentido da palavra, mas cheira mal. Ricos eles e pobres de nós, que nos roubaram o nosso jogo.

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